quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

CLAY, Cassius (EUA, Pugilismo)

Cassius Marcellus Clay, nascido em Louisville, no Kentucky (EUA), a 17 de Janeiro de 1942, foi um dos maiores pugilistas de todos os tempos e, provavelmente, o melhor "peso pesado" da história da modalidade.
Cassius Clay começou a praticar boxe com 12 anos, e passados apenas 6 anos atinge a "glória olímpica", ao conquistar a medalha de ouro, na categoria de "peso meio-pesado" (- 81 kg), na edição de 1960 dos Jogos Olímpicos, realizados em Roma.
Nos Jogos de Roma, Cassius Clay derrotou, sucessivamente, o belga Yan Becaus, o russo Gennady Schatkov e o autraliano Tony Madigan, antes de encontrar na final, o polaco Zbigniew Pietrzykowski, tricampeão europeu e um pugilista muito experiente, com 231 combates efectuados. Apesar do valor do seu adversário, Cassius Clay obteve um triunfo claro por decisão unânime do júri.
Passados 4 anos da conquista do título olímpico, Cassius Clay conquista o título mundial na categoria de "pesos pesados" (+ 81 kg), derrotando o compatriota Sonny Liston.
À semelhança de milhares de outros negros, Cassius Clay foi também vítima do racismo, em relação à raça negra, que imperava nos Estados Unidos da América, durante a década de 60. A este respeito, ficou famoso um episódio do qual foi protagonista o próprio Cassius Clay, quando este foi impedido de entrar num restaurante interdito a negros. No caminho de regresso a casa, Clay e um amigo foram abordados por um grupo de jovens brancos pertencentes a um gang de motoqueiros que lhe exigiram a entrega da medalha de ouro olímpica. Clay (que tinha a medalha ao pescoço) e o amigo não conseguiram fugir e deu-se o inevitável confronto físico entre eles e os membros do gang. A luta foi violenta, tendo os membros do gang ficado bastante maltratados, graças à fúria e energia postas na luta por Clay, o qual evidenciou aí toda a sua força, agilidade e potência dos seus socos.
De regresso a casa, fortemente marcado e revoltado com este episódio, Cassius Clay, num gesto de desespero, tirou a medalha do pescoço e atirou-a ao rio Ohio. Mais tarde, Clay comentaria: "Pela primeira vez vi a medalha tal como ela era, um simples objecto". A sua personalidade ficaria marcada para sempre por este triste acontecimento.
No final da década de 60, quando os Estados Unidos da América entraram em Guerra com o Vietname do Norte, Cassius Clay mostrou indisponibilidade para lutar na Guerra do Vietname, sendo, por isso, condenado como refractário. Como consequência disso, Clay sofreu várias sanções, destacando-se, entre elas, a apreensão do passaporte, o impedimento de combater nos ringues, a aplicação de uma multa, retirando-lhe, inclusivamente, o título mundial e condenando-o, por fim, a 5 anos de prisão.
Na prisão, Cassius Clay converteu-se ao Islamismo, adoptando o nome de Mohamed Ali. Durantes esses anos passados na prisão, o superdotado pugilista negro não perdeu as suas qualidades de boxeur, regressando ao seu melhor nível, disposto a recuperar o título mundial de "pesos pesados".
Durante 21 anos, entre 1960 e 1981, Cassius Clay efectuou 60 combates, tendo vencido consecutivamente os primeiros 32, perdendo apenas perante 4 adversários: Joe Frazier, Ken Norton, Leon Spinks e Trevor Berbick. A primeira derrota de Mohamed Ali, em 1971, foi precisamente perante Joe Frazier (campeão olímpico de "pesos pesados" nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964), o qual quebrou 10 anos de invencibilidade de Ali, naquele que foi considerado o "combate do século".
Em 1974, Mohamed Ali consegue a tão ansiada desforra, vencendo Joe Frazier e, em Outubro desse mesmo ano, recupera o título mundial da categoria, derrotando, no Zaire, Georges Foreman (campeão olímpico de "pesos pesados" nos Jogos Olímpicos do México, em 1968), num combate célebre que também ficou na história da modalidade.
Mohamed Ali despediu-se dos ringues a 11 de Dezembro de 1981, prestes a completar 40 anos, derrotado por Trevor Berbick. No entanto, despediu-se com a honra de ter sido o único pugilista, na categoria de "pesos pesados", a recuperar por três vezes o título mundial, a última das quais em 1978.
Em 1984, foi-lhe diagnosticado o síndrome de Parkinson. Em 1996, aquando dos Jogos Olímpicos de Atlanta, o Movimento Olímpico prestou-lhe a merecida e justa homenagem pela sua brilhante carreira, tendo cabido ao próprio Cassius Clay (ou Mohamed Ali) a honra de acender o "fogo olímpico" no estádio de Atlanta. Posteriormente, ser-lhe-ia oferecida uma réplica da medalha de ouro, conquistada 36 anos antes nos Jogos Olímpicos de Roma, que Clay havia atirado ao rio.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

CLARK, Jim (Escócia, Fórmula 1)

Jim Clark, nascido em Kilmany, na Escócia, a 4 de Março de 1936, foi um dos maiores pilotos de fórmula 1 de todos os tempos. Tendo falecido precocemente, com apenas 32 anos, num acidente de fórmula 2, no Circuito de Hockenheim (Alemanha), Jim Clark passou a constituir, também por essa razão, um mito do automobilismo.
Com efeito, a 7 de Abril de 1968, o desporto automóvel e a fórmula 1, em particular, perdia um dos seus grandes pilotos de sempre, quando um pneu traseiro do Lotus de Jim Clark rebentou, provocando o embate violento do seu bólide numa árvore. A morte prematura do piloto escocês chocou o mundo automobilístico, uma vez que Clark era um caso raro de popularidade na década de 60, não apenas pelos feitos e vitórias alcançadas nas pistas, mas também pela sua postura distinta fora delas, revelando um grande carisma e uma forte personalidade geradoras da maior simpatia e admiração por parte da sua imensa legião de adeptos.
Jim Clark ficou conhecido nas pistas pelo "escocês diabólico", devido ao seu extraordinário talento e capacidade natural para extrair o rendimento máximo de qualquer carro que pilotasse, imprimindo à sua condução um estilo descontraído e aparentemente fácil, não ligando muito a "tácticas". Na pista, Clark impressionava, sobretudo, quer pela perícia ao volante, quer pela coragem e forte carácter que revelava, qualidades estas que faziam dele um distinto "Cavalheiro", apesar das suas origens humildes e rurais.
Jim Clark correu durante 9 épocas na fórmula 1 (de 1960 a 1968), sempre ao volante de um Lótus, período de tempo no qual disputou 74 grandes prémios, vencendo 25 deles, e sagrando-se Campeão do Mundo por duas vezes, em 1963 e 1965. Ao longo da sua curta mas, ainda assim, fantástica carreira, Clark alcançou 33 pole-positions e 28 voltas mais rápidas, feitos estes, tanto mais notáveis quanto se sabe que apenas disputou 74 grandes prémios.
Durante a década de 60, ficaram conhecidos os seus duelos épicos com o piloto inglês Graham Hill, seu companheiro na Lótus, também ele campeão do mundo por duas vezes (1962 e 1968). A juntar a todos estes feitos que fizeram de Jim Clark um dos mais impressionantes pilotos de todos os tempos, há a destacar ainda a vitória nas 500 Milhas de Indianápolis, prova esta que, naquele tempo, era invulgar um piloto de fórmula 1 vencer.
Passados 40 anos da morte de Jim Clark, o mito do "escocês diabólico" perdura, ficando para sempre recordado, na História da Fórmula 1, como um dos seus maiores pilotos de sempre.

sábado, 27 de dezembro de 2008

CHRISTIE, Linford (Inglaterra, Atletismo)

Linford Christie, nascido em Saint Andrews, na Jamaica, a 2 de Abril de 1960, mais tarde naturalizado inglês, foi o maior velocista britânico de todos os tempos, na especialidade de 100 metros, e um dos grandes velocistas mundiais de sempre daquela especialidade.
Linford Christie alcançou a sua "coroa de glória" nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992, ao conquistar a medalha de ouro na prova do hectómetro, tornando-se, com 32 anos, no Campeão Olímpico de 100 metros mais velho de sempre. O resultado obtido por Christie na final do hectómetro dos Jogos de 1992 (9,96 segundos) representou, na altura, a sua 2ª melhor marca de sempre. A primeira fora estabelecida no ano anterior, em Tóquio, no Campeonato do Mundo de Atletismo, onde foi 4º classificado na final dos 100 metros (9,92 segundos), atrás de 3 atletas norte-americanos, com a vitória a pertencer a Carl Lewis.
No entanto, a desforra do atleta britânico não tardaria. Com efeito, a "vingança" de Christie surgiria na edição seguinte do Campeonato do Mundo de Atletismo, em Estugarda, em 1993, onde conquistaria a medalha de ouro batendo a concorrência americana, com a fabulosa marca de 9,87 segundos (recorde pessoal), a um centésimo de segundo do recorde do mundo de Carl Lewis (9,86 segundos), o qual havia sido obtido precisamente 2 anos antes, em Tóquio.
Linford Christie conquistou ainda 3 títulos europeus consecutivos nos 100 metros, nos Campeonatos da Europa de Estugarda, em 1986, de Split, em 1990 e de Helsínquia, em 1994. Christie foi ainda o primeiro velocista que, em representação de um país europeu, correu o hectómetro abaixo dos 10 segundos.
A medalha de ouro conquistada por Christie nos Jogos Olímpicos de Barcelona não foi, porém, a primeira que conquistou nesta competição, pois 4 anos antes, nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, conquistara duas medalhas de prata, uma na prova dos 100 metros (9,97 segundos) e a outra na prova dos 4 x 100 metros.
Linford Christie participaria ainda, pela 4ª vez, nos Jogos Olímpicos, desta vez em Atlanta, em 1996, onde, já com 36 anos, conseguiria o apuramento para a final dos 100 metros. Porém, duas falsas partidas valeram-lhe a desqualificação da prova, impedindo-o de tentar alcançar a 4ª medalha nesta competição.
Como balanço final de uma carreira notável, recheada de êxitos e vitórias, há a destacar, sobretudo, a conquista, durante cerca de uma década ao mais alto nível (entre 1986 e 1996), de um total de 7 medalhas (5 de ouro e duas de prata) nos 100 metros, em grandes competições internacionais: 3 medalhas em Jogos Olímpicos, 3 medalhas em Campeonatos da Europa e uma medalha em Campeonatos do Mundo.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

CHARLTON, Bobby (Inglaterra, Futebol)

Robert "Bobby" Charlton, nascido em Ashington (Inglaterra), a 11 de Outubro de 1937, foi o maior futebolista inglês de todos os tempos e um dos melhores médios/avançados europeus de sempre.
Como futebolista, ganhou praticamente tudo o que havia para ganhar, no que diz respeito a títulos de grandes competições, quer de selecção, quer de clube, das quais se destacam o Campeonato do Mundo de 1966, ganho ao serviço da selecção inglesa, no seu próprio país, e a Taça dos Campeões Europeus, ganha ao serviço do Manchester United, troféu igualmente conquistado no seu país, no mítico Estádio de Wembley. Estas duas conquistas são, sem dúvida nenhuma, as duas "coroas de glória" da sua notável carreira.
Contudo, o início de carreira de Bobby Charlton viria a ficar marcado por um acontecimento dramático, quando a comitiva do Manchester United, da qual fazia parte, se viu envolvida num trágico acidente de aviação, o qual vitimou 7 companheiros seus do Manchester United, treinado pelo escocês Matt Busby.
Com efeito, a 6 de Fevereiro de 1958, no regresso de uma viagem a Belgrado (para defrontar o Estrela Vermelha), quando a equipa do Manchester United tinha feito uma escala no Aeroporto de Munique, deu-se o desastre aéreo no momento em que o avião, ao tentar descolar, se incendiou, morrendo 22 pessoas da comitiva inglesa, na qual se incluíam 7 jogadores do clube de Manchester.
Bobby Charlton, então com 20 anos, foi um dos sobreviventes deste desastre, escapando quase ileso do acidente. No entanto, o choque emocional foi terrível e, do ponto de vista psicológico e anímico, o jovem jogador ficou profundamente abalado e traumatizado com a tragédia.
Apesar de, nesse mesmo ano, ter sido incluído na lista de convocados da Selecção de Inglaterra para o Campeonato do Mundo, realizado na Suécia, Bobby Charlton foi suplente não utilizado em todos os jogos da competição, tendo assim que esperar 4 anos para poder estrear-se no palco da maior competição mundial de selecções.
De facto, Bobby Charlton iria estar presente nas três edições seguintes do Campeonato do Mundo: em 1962, no Chile; em 1966, no seu próprio país; em 1970, no México. Foi na edição de 1966 do Mundial, realizado em Inglaterra, que Bobby Charlton estava no auge da carreira, sagrando-se Campeão do Mundo, ao derrotar a Alemanha, na final de Wembley, por 4-2 (após prolongamento, com 2-2 no final dos 90 minutos). Mais memorável que a partida decisiva seria, porém, a meia-final com Portugal (vitória por 2-1), na qual, na opinião de muitos, Bobby Charlton terá realizado o seu melhor jogo ao serviço da selecção, ao marcar os 2 golos que derrotaram a grande sensação e surpresa da prova (3º lugar), os "magriços" liderados por Eusébio, um dos melhores jogadores do Mundial e que se sagraria o melhor marcador da competição, com 9 golos.
Nesse mesmo ano, Bobby Charlton ganharia o prestigiado troféu da "Bola de Ouro", prémio destinado ao melhor jogador europeu do ano. Dois anos mais tarde, em 1968, Bobby Charlton ganharia a Taça dos Campeões Europeus, ao serviço do Manchester United, derrotando, na final de Wembley, o Benfica de Eusébio, por 4-1 (após prolongamento, com 1-1 no final dos 90 minutos). Com mais este triunfo, Bobby Charlton atingia o apogeu da carreira, não lhe faltando conquistar mais nenhum troféu ou título.
Na edição de 1970 do Mundial, realizado no México, Bobby Charlton, então com 32 anos, voltou a realizar boas exibições ao serviço da selecção, contribuindo para levar a Inglaterra até aos quartos-de-final da prova, sendo aí eliminada pela Alemanha, num jogo muito disputado e equilibrado, onde os alemães se impuseram por 3-2, passando às meias-finais; este jogo ficaria a assinalar a despedida de Bobby Charlton da selecção.
Ao serviço da selecção inglesa, Bobby Charlton totalizou 106 internacionalizações, apontando um total de 49 golos, marca esta, que nenhum outro futebolista inglês conseguiu atingir até hoje. Bobby Charlton jogaria ainda durante mais 3 épocas no Manchester United, após o que abandonaria o clube em 1973, então já com 35 anos. Ao serviço do Manchester United, Bobby Charlton conquistou uma Taça de Inglaterra (1963), 3 Campeonatos de Inglaterra (1957, 1965 e 1967), tendo realizado, pelos Red Devils, 750 jogos e marcado 247 golos.
Em 1994, a Rainha de Inglaterra, Isabel II, agraciou Bobby Charlton com o título de "Cavaleiro do Império Britânico" (Sir), como reconhecimento justo por tudo aquilo que representou e conquistou, para o seu país, como jogador de futebol de elevado prestígio e craveira mundial.

domingo, 7 de dezembro de 2008

CHAMBERLAIN, Wilt (EUA, Basquetebol)

Wilton Norman Chamberlain, nascido em Filadélfia (EUA), a 21 de Agosto de 1936, foi um dos maiores basquetebolistas de sempre e uma das maiores lendas da NBA de todos os tempos.
Chamberlain entrou na NBA, vindo do Kansas College, ingressando nos Philadelphia Warriors, em 1959. Entretanto, em 1965, a equipa muda o seu nome para Philadelphia 76'Ers, nela permanecendo até 1967, precisamente no ano em que se sagra campeão da NBA.
No ano seguinte, Chamberlain ingressa na equipa dos Los Angeles Lakers, ao serviço da qual se sagra novamente campeão da NBA, em 1972.
Wilt Chamberlain foi o único jogador da história da NBA a marcar mais de 4000 pontos numa só época; num só jogo, chegou a marcar 100 pontos, contribuindo para um resultado épico, traduzido numa vitória dos Los Angeles Lakers sobre os New York Knicks, por 169-147.
Quando se retirou da modalidade, Chamberlain era o melhor marcador da história da NBA, com uma média de 30,1 pontos por jogo, num total de 1045 jogos. Mas os seus recordes não ficariam por aqui, senão vejamos: é o jogador com maior número de ressaltos conquistados(23924); é o jogador com maior número de jogos realizados com mais de 50 pontos obtidos (118 jogos); é o rookie (estreante na NBA) com melhor média pontual (37,6 pontos por jogo); finalmente, é o jogador com melhor percentagem de lançamentos obtidos numa temporada (72,7%).
Como corolário da sua extraordinária carreira e como prémio para tudo aquilo que atingiu como jogador de craveira excepcional, Chamberlain foi eleito, em 1996, um dos 50 melhores jogadores da história da NBA.
Wilt Chamberlain viria a falecer a 10 de Dezembro de 1999, em Los Angeles, quando contava apenas 63 anos.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

BUBKA, Sergei (Ucrânia, Atletismo)

Sergei Bubka, nascido na Ucrânia (ex-URSS), a 4 de Dezembro de 1963, foi o melhor saltador com vara de todos os tempos e um dos melhores atletas de sempre. Ao longo da sua notável carreira, Bubka conquistou 6 títulos mundiais e 1 título olímpico, bateu 35 recordes do Mundo e obteve as 23 melhores marcas de sempre na especialidade.
Apesar do seu fantástico palmarés e de ter sido, nomeadamente, Campeão Olímpico em Seul, em 1988, a passagem do atleta ucraniano pelos Jogos Olímpicos esteve longe de ser famosa, não reflectindo, nem de perto nem de longe, a sua flagrante superioridade na disciplina do salto com vara, na qual é, reconhecidamente, o melhor especialista de todos os tempos.
Após a conquista da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Seul, ao realizar a marca de 5,90 m, Bubka era de novo, 4 anos depois, o grande favorito à vitória nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992. Acontece que a participação de Bubka na prova foi um autêntico fracasso, já que não conseguiu uma única tentativa válida na final do concurso do salto com vara, falhando, por duas vezes, a 5,70 m (altura a que iniciou a prova e que lhe daria de imediato o 5º lugar) e uma vez a 5,75 m (altura que lhe permitiria a conquista da medalha de bronze).
Com efeito, para um atleta que, em 1992, saltara 20 vezes acima de 5,85 m, 7 vezes acima dos 6 m e duas vezes 6,13 m, foi frustrante ver fugir o título olímpico aos 5,80 m, marca esta que valeu a conquista da medalha de ouro por um compatriota seu, Maxim Tarasov (CEI). Definitivamente, os Jogos Olímpicos passariam a constituir uma competição azarada para Bubka, o qual, desta vez, devido a lesão, não pôde estar presente em Atlanta, na edição dos Jogos de 1996, quando ainda era o melhor saltador com vara mundial. Na verdade, o fracasso olímpico de Bubka é ainda mais surpreendente na medida em que, em 13 anos de intensa competição ao mais elevado nível, o atleta ucraniano registou apenas duas derrotas, demonstrando uma regularidade impressionante.
Ao contrário do sucedido nos Jogos Olímpicos, foi nos Campeonatos do Mundo de Atletismo que Bubka demonstrou, de forma categórica, a sua superioridade relativamente à concorrência, sagrando-se campeão mundial por 6 vezes consecutivas (1983, 1987, 1991, 1993, 1995 e 1997). Além desta extraordinária proeza, Bubka realizou as 23 melhores marcas de todos os tempos do salto com vara, cujo recorde mundial bateu 35 vezes (18 em pista coberta e 17 ao ar livre).
Sergei Bubka foi, ainda, o primeiro atleta a transpor a fasquia colocada a 6 m e o único que ultrapassou a barreira dos 6,10 m. Ao abandonar a modalidade, Bubka deixou o recorde mundial em pista coberta em 6,15 m (alcançado em Donetsk, a 21 de Fevereiro de 1993) e ao ar livre em 6,14 m (atingido em Sestriere, a 31 de Julho de 1994).

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

BRABHAM, Jack (Austrália, Fórmula 1)

Jack Brabham, nascido em Hurstville, nos arredores de Sidney, a 2 de Abril de 1926, foi o maior piloto australiano de Fórmula 1 e um dos grandes campeões da modalidade, tendo sido tricampeão do mundo, em 1959, 1960 e 1966.
Brabham sentiu-se, desde cedo, fascinado e atraído pela mecânica, não sendo de espantar que, mais tarde, tenha estudado Engenharia. Entretanto, durante o curso, rebenta a 2ª Guerra Mundial, e Brabham é chamado para a Força Aérea Australiana. Quando o conflito termina, Brabham começa a competir, correndo ao volante de carros preparados por si próprio.
Em 1955, Brabham vai para Inglaterra, trabalhando aí como mecânico para a marca Cooper, sendo-lhe permitido, como forma de pagamento, construir o seu próprio carro, o qual venderia, comprando um Maserati 250 F no ano seguinte.
As participações de Brabham ao volante do carro italiano estiveram longe de ser um sucesso, tendo, por isso, regressado à Cooper, no final da época de 1956, onde começa a desenvolver um novo carro que lhe irá permitir vencer dois Campeonatos do Mundo de Fórmula 1 consecutivos, em 1959 e 1960.
No entanto, o dominio dos Cooper termina no ano seguinte, devido a alterações entretanto surgidas nos regulamentos, passando a Ferrari a dominar o panorama da Fórmula 1.
Jack Brabham arranca então, em segredo, com o projecto de um novo carro, ao qual dá o seu nome, Brabham. Com efeito, o BT3 aparece em 1962, mas a nova marca só começa a ter sucesso e a alcançar vitórias em 1966, ano em que Jack Brabham se sagra, pela 3ª vez, Campeão do Mundo de Fórmula 1, então já com 40 anos. Aliás, o ano de 1966 é um ano em cheio para o piloto australiano, pois alcança a "dobradinha", juntando ao título de pilotos, o título de construtores, situação que se irá verificar também no ano seguinte, desta vez através de Denny Hulme (Nova Zelândia), de novo ao volante de um Brabham.
Aos 44 anos, Brabham retira-se da Fórmula 1, abandonando a competição como piloto e regressando à Austrália, onde se manterá ligado à competição, agora na condição de co-proprietário da empresa fabricante de motores Judd.
A carreira de Jack Brabham atingiu uma grande longevidade, tendo o piloto australiano corrido durante 16 épocas, entre 1955 e 1970, ao longo das quais disputou 126 grandes prémios, tendo vencido 14 deles; alcançou, ainda, 13 "poles position", 10 melhores voltas e um total de 303 pontos.
Jack Brabham fica ainda ligado à história da Fórmula 1, por um outro motivo: é o único piloto que logrou ser campeão mundial num monolugar com o seu nome!

sábado, 22 de novembro de 2008

BORG, Bjorn (Suécia, Ténis)

Bjorn Borg, nascido em Sodertalje (Suécia), a 6 de Junho de 1956, foi um dos maiores tenistas de todos os tempos, porventura o maior talento, do ponto de vista atlético, da história do ténis.
Borg era um tenista completo e versátil, excelente quer em pisos rápidos (como a relva), quer em pisos lentos (como a terra batida). No entanto, eram estes últimos a sua grande especialidade, sendo praticamente imbatível na terra batida, embora vencesse igualmente em pisos rápidos.
Na verdade, Bjorn Borg construiu uma carreira de sucesso, sobretudo, graças às suas vitórias nos 2 torneios mais importantes do Grand Slam: Roland Garros e Wimbledon. No prestigiado torneio parisiense (em terra batida), Borg triunfou por 6 vezes (4 delas consecutivas, entre 1978 e 1981), enquanto que no célebre torneio londrino (na relva) venceu por 5 vezes consecutivas (entre 1976 e 1980).
Aos 15 anos, Borg foi, pela primeira vez, seleccionado para representar a Suécia na Taça Davis, sagrando-se, pouco tempo depois, campeão do torneio de juniores de Wimbledon. Nascia aí um dos maiores mitos do desporto mundial e do ténis, em particular. A "Borgmania" alastrou por todo o lado por onde o tenista sueco passava, sempre com a inconfundível fita na cabeça que era uma das suas imagens de marca. O seu perfil atlético, alto, forte e de longa cabeleira loira provocava o histerismo nos adolescentes e nos seus fans, criando à sua volta uma adoração e idolatria até então apenas imaginável junto das estrelas da música e do cinema.
Borg viria a ficar conhecido como "Iceborg", em virtude da frieza e da enorme capacidade de concentração que evidenciava durante as partidas, nomeadamente nos torneios europeus de terra batida, nos quais se revelava quase invencível.
Graças aos seus feitos extraordinários, Borg viria a inspirar toda uma geração de tenistas suecos, casos de Mats Willander e Stefan Edberg (na década de 80), que chegaram a transformar a Suécia na mais forte nação do ténis mundial.
Relativamente às outras duas provas que integram o Grand Slam, Borg disputou uma única vez, sem sucesso, o Open da Austrália, em 1974 (chegando apenas à 3ª ronda), tendo sido por 4 vezes finalista (sempre vencido) do Open dos Estados Unidos.
Em 1982, com apenas 26 anos, e depois de ter conquistado 11 títulos do Grand Slam, Bjorn Borg quis reduzir a sua actividade competitiva, até aí bastante intensa, mas como as regras do circuito profissional o obrigava a disputar um número mínimo de torneios por ano, o tenista sueco decidiu afastar-se do ténis, em 1983, saturado da exigência dos treinos e das competições e cansado dos estágios e das viagens constantes.
Voltaria, porém, a regressar no início da década de 90, mas já sem sucesso, após quase uma década sem competição, completamente fora do ritmo dos treinos e das exigências do profissionalismo dos novos tempos. Actualmente, Borg participa em jogos de exibição e em torneios incluídos no Circuito de Veteranos.
Bjorn Borg fica para a história do ténis mundial como uma das suas maiores lendas e apesar de, nos últimos anos, terem aparecido tenistas da categoria de Pete Sampras e Roger Federer (só para citar 2 exemplos marcantes), o tenista sueco é ainda hoje considerado o melhor de sempre.
Borg reinou no ténis mundial durante quase uma década, período de tempo no qual conquistou 11 títulos do Grand Slam (6 em Roland Garros e 5 em Wimbledon), sendo, ainda hoje, o 4º tenista da história (juntamente com Rod Laver) com mais títulos do Grand Slam conquistados, apenas atrás de Pete Sampras (com 14), Roy Emerson e Roger Federer (ambos com 12). Borg é ainda o tenista com mais títulos (em singulares) conquistados em Roland Garros, sendo o 2º da história (juntamente com Roger Federer) com mais títulos conquistados em Wimbledon, apenas atrás de Pete Sampras, que obteve 7 vitórias no torneio londrino.

sábado, 15 de novembro de 2008

BOBET, Louison (França, Ciclismo)

Louison Bobet, nascido em Saint-Méen-le Grand, na Bretanha, a 12 de Março de 1925, foi um dos maiores ciclistas franceses de sempre, tendo dominado o ciclismo internacional em meados da década de 50 do século passado.
Bobet era um corredor completo, bom em todos os tipos de terreno, tendo-se tornado no primeiro ciclista a ganhar a Volta à França por 3 vezes consecutivas, em 1953, 1954 e 1955. Já no Tour de 1950, Bobet tinha conseguido a 3ª posição, alcançando ainda o título de "Rei da Montanha". Também na Volta à Itália, em 1957, Bobet teve uma participação de relevo, conquistando o 2º lugar.
Para além de ser um ciclista completo, Bobet era um atleta extremamente profissional, muito dedicado à modalidade, procurando sempre melhorar o seu desempenho em todas as especialidades do ciclismo. Por exemplo, a rapidez que evidenciava no final das etapas era treinada nas próprias corridas, sprintando sempre para a meta, quer fosse para discutir a vitória, quer fosse para conquistar qualquer outro lugar dessa etapa.
Bobet foi ainda campeão do Mundo de Estrada, em 1954, tendo alcançado o 2º lugar em duas outras ocasiões (1957 e 1958). Bobet inscreveu também, durante a década de 50, o seu nome no "Álbum de Ouro" das famosas "clássicas", vencendo o Paris-Roubaix, o Bordeaux-Paris, o Milão-São Remo, a Volta à Flandres e a Volta à Lombardia.
Após uma década de 50 plena de sucessos, triunfos e alegrias, o início dos anos 60 haveria de trazer o infortúnio e a infelicidade para o grande ciclista francês. Com efeito, em 1961, então com 36 anos, Bobet é vítima de um acidente de automóvel, fracturando o fémur e sendo obrigado a terminar abruptamente uma bonita e invejável carreira.
Louison Bobet viria a falecer a 13 de Março de 1983, precisamente no dia a seguir a ter completado 58 anos de idade. Desaparecia assim um dos maiores ciclistas da história da modalidade e um dos maiores de França, a par de Bernard Hinault e Jacques Anquetil.

sábado, 8 de novembro de 2008

BLANKERS-KOEN, Fanny (Holanda, Atletismo)

Fanny Blankers-Koen, nascida na Holanda, a 26 de Abril de 1918, foi uma das melhores atletas de todos os tempos, tendo conquistado 4 medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres, em 1948, proeza esta que, no sector feminino do atletismo, até hoje ninguém logrou repetir.
Fanny fez a sua estreia em Jogos Olímpicos, nos jogos de Berlim, em 1936, os quais ficaram, para a História, como os jogos da propaganda do regime nazi, chefiado por Hitler, e que pretendiam mostrar ao mundo a suposta superioridade da raça ariana. Ironicamente e para grande contrariedade e frustração do Fuhrer, a principal figura dos jogos viria a ser o norte-americano Jesse Owens, um atleta negro, que só à sua conta conquista 4 medalhas de ouro, vencendo categóricamente a concorrência alemã.
No que diz respeito à prestação de Fanny, esta, então com apenas 18 anos, obtém dois 5º lugares: um no salto em altura e o outro na estafeta de 4x100 m. No entanto, o feito extraordinário alcançado por Jesse Owens nestes jogos iria servir de inspiração e de motivação para a jovem atleta holandesa, que em 1948 iria igualar, em número de medalhas de ouro conquistadas, a proeza do atleta norte-americano.
Com o eclodir da 2ª Guerra Mundial (1939-1945) e o consequente cancelamento das Olimpíadas de 1940 e 1944, Fanny teve de esperar 12 anos para voltar a estar presente noutra edição dos Jogos Olímpicos. Durante esse longo interregno, apesar da Holanda estar sob o domínio da Alemanha Nazi, Fanny não esteve parada, antes pelo contrário, continuou a competir com regularidade, tendo, inclusivamente, batido recordes mundiais e sido mãe por duas vezes.
Entretanto, tinha decorrido apenas um ano desde o fim do 3º Reich e do terrível conflito mundial, quando Fanny conquista duas medalhas de ouro nos Campeonatos da Europa de Atletismo de 1946, realizados em Oslo, na Noruega.
Porém, o melhor estava guardado para dois anos mais tarde, quando, em 1948, nos Jogos Olímpicos de Londres, Fanny, então com 30 anos feitos poucos meses antes, se torna na grande figura dos jogos e na "Rainha" do atletismo, ao conquistar 4 títulos olímpicos nesta modalidade, entrando para a história e lenda dos Jogos Olímpicos.
Com efeito, a saga de Fanny iniciou-se na prova de 100 m, a qual venceu facilmente e de forma folgada. Seguiu-se a prova de 80 m barreiras, na qual Fanny sentiu grandes dificuldades para vencer, tendo alcançado a vitória de forma muito apertada. As suas duas outras vitórias foram históricas, por diferentes razões. Na prova de 200 m, Fanny obteve o triunfo mais folgado de sempre em Jogos Olímpicos. Já na estafeta de 4x100 m, recebeu o testemunho na 4ª posição mas, nos últimos 100 m, com uma recuperação fantástica, cortou a meta em 1º lugar, levando a Holanda à vitória. Fanny acabava de entrar para a galeria restrita das lendas dos jogos, atingindo a glória aos 30 anos e já depois de ter sido mãe de 2 filhos, poucos anos antes.
Apesar deste feito já de si notável, Fanny poderia ter alcançado, nos jogos de Londres, uma proeza ainda maior, caso o calendário lhe tivesse permitido participar no salto em altura (especialidade na qual possuía, como recorde pessoal, 1,71 m, tendo a marca de 1,68 m valido a medalha de ouro à vencedora) e no salto em comprimento (especialidade na qual a vencedora saltou 5,69 m, quando Fanny detinha o recorde pessoal de 6,25 m).
Em 1950, Fanny conquista mais 3 títulos europeus, alcançando grande destaque, sobretudo, na prova combinada de pentatlo, na qual bateu o recorde mundial.
Fanny ainda voltaria a participar, em 1952, em mais uma edição dos Jogos Olímpicos, agora em Helsínquia. Contudo, desta vez, Fanny não conseguiria alcançar nenhuma posição de destaque, não conquistando nenhuma medalha, o que se compreende, pois com 34 anos a sua forma física já não era a mesma. De qualquer maneira, despediu-se de forma digna do maior acontecimento desportivo mundial que lhe deu a fama e a glória, transformando Fanny Blankers-Koen numa lenda imortal dos Jogos Olímpicos e do atletismo mundial.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

BIRD, Larry (EUA, Basquetebol)

Larry Joe Bird nascido em West Baden, Indianápolis (EUA), a 7 de Dezembro de 1956, foi um dos maiores basquetebolistas de todos os tempos, sendo considerado o melhor "jogador branco" da história do basquetebol mundial.
Larry Bird foi 3 vezes campeão da NBA, 3 vezes melhor jogador da NBA e duas vezes melhor jogador das finais, tendo sido ainda campeão olímpico pelos EUA, integrando o célebre Dream Team que disputou os Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992.
Larry Bird cumpriu 13 épocas ao serviço dos Boston Celtics e chegou a ser considerado o "basquetebolista perfeito", revelando toda a sua versatilidade e polivalência, quer como marcador de pontos, quer como ressaltador, passador e defensor, assumindo-se como um verdadeiro jogador de equipa. Apesar de todas aquelas qualidades, Bird destacou-se, sobretudo, como lançador, tendo sido, neste aspecto, um dos maiores de sempre da NBA, ao ponto de concretizar, do alto dos seus 2,07 m, lançamentos de três pontos com os olhos vendados!
Antes de enveredar pelo profissionalismo, Larry Bird foi uma das mais brilhantes estrelas do basquetebol universitário norte-americano. Após ter ganho o campeonato universitário norte-americano (NCAA), em 1979, Bird ingressou nos Boston Celtics, passando a envergar na camisola o número 33, o qual se viria a tornar mítico; logo na época de estreia, Bird foi eleito rookie do ano.
A partir do início dos anos 80, a equipa dos Boston Celtics iniciou um ciclo de sucesso na NBA, marcado por 10 vitórias na Divisão Atlântico e 5 na Conferência Leste, 3 títulos da NBA (1981, 1984, 1986) e mais duas presenças na final (1985 e 1987). Ao lado de Kevin McHale e de Robert Parish, constituiu aquele que ainda hoje é considerado um dos mais poderosos trios ofensivos da história do basquetebol profissional norte-americano.
Durante a sua carreira, Larry Bird não parou de somar prémios e distinções, senão vejamos: foi considerado o melhor jogador da NBA, em 1984, 1985 e 1986 e melhor jogador das finais, em 1984 e 1986; foi all-star 12 vezes (1980-88 e 1990-92) e melhor jogador do all-star game em 1982; foi ainda o melhor triplista da NBA, em 1984, 1986 e 1990. Em 897 jogos realizados na NBA, Bird conseguiu a média de 24,3 pontos por jogo e a incrível percentagem de 39,4 de eficácia nos lançamentos de três pontos.
Por tudo isto, Larry Bird foi justamente eleito, em 1996, um dos 50 melhores jogadores da história da NBA.

sábado, 11 de outubro de 2008

O "derby" Benfica-Sporting

É o "clássico" dos "clássicos", o "derby eterno" que entrou para a História e Lenda do Futebol Português. Até à presente época, Benfica e Sporting já se defrontaram por 76 ocasiões, em jogos a contar para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão, com o Benfica na situação de visitado.


Destes 76 jogos disputados na casa do Benfica (entre 1934/35 e 2009/2010), há a registar 41 vitórias do Benfica (54%), 21 empates (27,6%) e 14 vitórias do Sporting (18,4%), tendo estes triunfos, na casa do rival, se distribuído, ao longo das décadas, da seguinte forma: duas vitórias na década de 30, 3 na década de 40, 3 na década de 50, uma na década de 60, nenhuma na década de 70, uma na década de 80, uma na década de 90 e 3 já em pleno século XXI.
Nestes 76 jogos, o Benfica marcou 156 golos (média de 2,05 golos por jogo) e o Sporting marcou 100 (média de 1,(3) golos por jogo). Os resultados mais desnivelados, com vitória do Benfica, foram obtidos na época de 1945/46, com o resultado de 7-2, e na época de 1978/79, com o resultado de 5-0. O melhor que o Sporting conseguiu obter, em termos de resultados mais desnivelados, foram duas vitórias, ambas por 4-1, nas épocas de 1938/39 e 1947/48.
A seguir, apresento mais algumas curiosidades estatísticas em redor do "derby" Benfica-Sporting:

Melhor série de resultados para o Benfica: 6 vitórias (entre 1941/42 e 1946/47);
Melhor série de resultados para o Sporting: 3 vitórias (entre 1938/39 e 1940/41);

Melhores marcadores do Benfica: Eusébio (16 go
los em 12 jogos - média de 1,(3) golos por jogo); José Águas (10 golos em 10 jogos - média de 1 golo por jogo); Nené (7 golos em 15 jogos - média de 0,4(6) golos por jogo);
Melhores marcadores do Sporting: Fernando Peyroteo (16 golos em 11 jogos - média de 1,(45) golos por jogo); Adolfo Mourão (5 golos em 9 jogos - média de 0,(5) golos por jogo);

Jogadores com mais golos marcados num só jogo: pelo Benfica - Eusébio: 4 golos ("poker"), em 1972/73 (Benfica-4/Sporting-1); pelo Sporting - Fernando Peyroteo: 4 golos ("poker"), em 1947/48 (Benfica-1/Sporting-4); Lourenço: 4 golos ("poker"), em 1965/66 (Benfica-2/Sporting-4).

Jogadores com mais "derbies" jogados na casa
do Benfica: pelo Benfica - Coluna e Nené, ambos com 15 jogos; pelo Sporting - Azevedo, Manuel Marques ("Manecas") e Manuel Fernandes (2 golos), todos com 12 jogos.

Caricatura alusiva ao "derby" Benfica-Sporting, da época de 1988/89, jogo no qual o Benfica (de Toni) venceu o Sporting (de Pedro Rocha) por 2-0, tendo os golos do Benfica sido marcados por Magnusson e Pacheco. No final da época, o Benfica sagrar-se-ia campeão nacional, com mais 7 pontos que o F.C. Porto, enquanto que o Sporting se classificaria num modesto 4º lugar, atrás do Boavista.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

O "clássico" Benfica-F.C. Porto

Até à presente época (2008/2009), Benfica e F.C. Porto defrontaram-se já por 75 vezes, em jogos a contar para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão, com o Benfica na condição de visitado. Abro apenas um parênteses para referir que, naqueles 75 jogos, estão incluídos os 4 referentes às 4 edições do Campeonato da I Liga (épocas de 1934/35, 1935/36, 1936/37 e 1937/38), cuja competição antecedeu o actual formato do Campeonato Nacional.

Destes 75 jogos disputados na casa do Benfica, há a registar 40 vitórias do Benfica (53,(3)%), 23 empates (30,(6)%) e apenas 12 vitórias do F.C. Porto (16%), as quais se distribuíram, ao longo das décadas, da seguinte maneira: uma vitória na década de 30, duas na década de 50, uma na década de 60, duas na década de 70, uma na década de 80, duas na década de 90 e três já neste século.

Nestes 75 jogos, o Benfica marcou 156 golos (média de 2,08 golos por jogo) e o F.C. Porto marcou 74 (média de quase 1 golo por jogo). O resultado mais desnivelado, com vitória do Benfica, foi obtido na época de 1942/43, com o resultado de 12(!)-2. O melhor que o F.C. Porto conseguiu obter, em termos de resultado mais desnivelado, foi uma vitória por 2-0, na época de 1950/51.
A seguir, apresento mais algumas curiosidades estatísticas em redor do "clássico" Benfica-F.C. Porto:

Melhor série de resultados para o Benfica: 8 vitórias (entre 1940/41 e 1947/48);
Melhor série de resultados para o F.C. Porto: 5 empates e uma vitória (entre 1987/88 e 1992/93);

Melhores marcadores do Benfica: José Águas (13 golos em 9 jogos - média de 1,44 golos por jogo); Eusébio (10 golos em 11 jogos - média de 0,91 golos por jogo);
Melhor marcador do F.C. Porto: Araújo (5 golos em 7 jogos - média de 0,7 golos por jogo);

Jogadores com mais golos marcados, pelo Benfica, num só jogo: Júlio com 4 golos ("poker"), em 1942/43, Benfica-12/F.C. Porto-2); Rui Águas com 3 golos ("hat-trick"), em 1986/87, Benfica-3/F.C. Porto-1);

Jogador a marcar pelos 2 clubes: Serguei Yuran (2 golos: 1 golo pelo Benfica, em 1992/93, Benfica-2/F.C. Porto-3; 1 golo pelo F.C. Porto, em 1994/95, Benfica-1/F.C. Porto-1).

Caricatura alusiva ao "clássico" Benfica-F.C. Porto, da época de 1986/87, jogo no qual o Benfica (de John Mortimore) derrotou o F.C. Porto (de Artur Jorge) por 3-1, com os 3 golos do Benfica a serem apontados por Rui Águas. No final da época, o Benfica sagrar-se-ia campeão nacional, com mais 2 pontos que o F.C. Porto.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

"Derbies" e "Clássicos" entre os "3 grandes"

Esta nova secção será dedicada aos "derbies" e "clássicos" do futebol português que marcaram a História do Campeonato Nacional da 1ª Divisão (actualmente denominado Campeonato da Liga), mais concretamente, no que diz respeito aos jogos em que se defrontam os chamados "3 grandes": Benfica, Sporting e F.C. Porto.
Nesta nova secção apresentarei um balanço histórico, em termos de resultados, e várias curiosidades estatísticas em redor dos eternos "derbies" Benfica-Sporting e Sporting-Benfica e dos "clássicos" Benfica-F.C. Porto, F.C. Porto-Benfica, Sporting-F.C. Porto e F.C. Porto-Sporting, cujos confrontos pertencem à História do Futebol Português e entraram na memória colectiva de várias gerações de adeptos e amantes do "Desporto-Rei" em Portugal.
Juntamente com os dados históricos e estatísticos, os "nomes" e os "números" destes "derbies" e "clássicos", apresentarei sempre uma caricatura, do saudoso e genial artista Francisco Zambujal, ilustrativa e alusiva ao confronto em questão. Na verdade, desde há muitos anos, que sou um grande admirador da arte e do talento que Francisco Zambujal revelou ao longo da sua carreira e, sobretudo, sou um grande apreciador das centenas de caricaturas que este artista desenhou, durante quase 30 anos, nas páginas do jornal A Bola, caricaturas essas que eram, aliás, uma das imagens de marca de A Bola, as quais muito valorizaram e prestigiaram este jornal.
A terminar esta breve apresentação, aproveito a oportunidade para referir que, uma vez que possuo uma vasta e valiosa colecção destas inigualáveis caricaturas, tenho o maior prazer em dá-las a conhecer ou simplesmente recordá-las, a quem já as conhece, e para isso nada melhor do que apresentá-las, enquadrando-as precisamente nos "derbies" e "clássicos" entre os "3 grandes", que Francisco Zambujal tão bem soube retratar, através de um traço claro, rigoroso, imaginativo e fiel dos personagens e artistas da bola.

sábado, 20 de setembro de 2008

BIONDI, Matt (EUA, Natação)

Matthew Biondi, nascido em Moraga, na Califórnia (EUA), a 8 de Outubro de 1965, foi provavelmente o melhor nadador da década de 80 e um dos melhores de sempre, sendo o 2º atleta norte-americano com mais medalhas olímpicas conquistadas, num total de 11 (8 de ouro, duas de prata e uma de bronze), sendo apenas superado, curiosamente, pelo também nadador norte-americano, Michael Phelps, com 16 medalhas.
Biondi esteve presente em 3 edições dos Jogos Olímpicos, mais concretamente, em Los Angeles (1984), Seul (1988) e Barcelona (1992), tendo em todas as edições conquistado títulos olímpicos e atingido outros lugares do pódio. Com efeito, entre 1984 e 1992, Biondi subiu 11 vezes ao pódio e, até Julho de 2008, era o mais medalhado atleta norte-americano de todos os tempos, até ser ultrapassado pelo compatriota Phelps.
Matt Biondi atingiu o apogeu da sua carreira em 1988, nos Jogos Olímpicos de Seul, onde conquistou 5 medalhas de ouro. Quatro anos antes, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles (1984), já se tinha estreado com a conquista da medalha de ouro nos 4x100 metros-livres. Para Seul, Biondi tinha como principal objectivo igualar o feito cometido pelo seu compatriota Mark Spitz, que nos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, conquistara sensacionalmente 7 títulos olímpicos (entretanto, este recorde foi já ultrapassado, nos Jogos Olímpicos de Pequim (2008), pelo fenómeno Phelps, que conquistou 8(!) medalhas de ouro).
Contudo, Biondi iniciou mal a dificílima tarefa de igualar as 7 medalhas de ouro de Mark Spitz. De facto, nos 200 metros-livres obteve apenas a medalha de bronze e nos 100 metros-mariposa conquistou a medalha de prata; escapavam-se-lhe, assim, as duas primeiras medalhas de ouro. Mas estes dois semi-desaires não afectaram muito Biondi, já que nas provas seguintes, o nadador norte-americano ganhou os 50 e os 100 metros-livres, os 4x100 e 4x200 metros-livres e, ainda, os 4x100 metros-estilos.
Na verdade, o balanço final da participação de Biondi nos Jogos Olímpicos de Seul (1988) foi excelente. Senão vejamos: obteve um máximo olímpico, bateu três recordes mundiais e conquistou 7 medalhas: 5 de ouro, uma de prata e uma bronze; Biondi apenas falhou o ambicioso objectivo de conquistar 7(!) medalhas de ouro.
Matt Biondi voltaria ainda a marcar presença noutra edição dos Jogos, em 1992, nos Jogos Olímpicos de Barcelona, naqueles que viriam a ser os terceiros e últimos jogos da sua brilhante carreira. A assinalar a sua despedida olímpica, Biondi conquista ainda dois títulos nos 4x100 metros-estilos e nos 4x100 metros-livres e a medalha de prata nos 50 metros-livres.
Foi preciso esperar 16 anos, para que voltasse a aparecer outro fantástico nadador norte-americano, Michael Phelps, o qual finalmente conseguiu bater o recorde de Mark Spitz que já durava há 36 anos!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

BIKILA, Abebe (Etiópia, Atletismo)

Abebe Bikila, nascido na Etiópia, a 7 de Agosto de 1932, foi um dos maiores maratonistas de todos os tempos, tendo sido bicampeão olímpico da Maratona.
Nos Jogos Olímpicos de Roma, em 1960, Bikila, então com 28 anos, "espantou o Mundo" com o triunfo, de todo inesperado, na mais dura e exigente prova de atletismo do programa olímpico, a Maratona, ainda para mais tendo corrido descalço (!) a longa distância de 42,195 km. Era a 1ª vez que um desportista oriundo da África Negra se sagrava campeão olímpico. Esta vitória seria o prenúncio do domínio que os atletas etíopes e quenianos iriam exercer no futuro nas corridas de meio-fundo e fundo.
A Maratona dos Jogos Olímpicos de Roma decorreu, pela 1ª vez, à noite e teve o seu início e final fora do estádio olímpico. A cerca de 1,5 km da meta, Bikila deu o derradeiro "golpe de misericórdia" nas aspirações do seu adversário directo, colocando um ponto final na oposição e resistência do marroquino Rhadi Abdesselim que, por sinal, o acompanhava desde os 18 km da prova, e que sendo um dos favoritos à vitória, teve de contentar-se com a medalha de prata.
Os seus sucessos não se ficariam por aqui, já que, quatro anos mais tarde, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964, Bikila, a correr já calçado, revalidou o título olímpico, obtendo uma vitória clara e retirando mais de 5 minutos à marca que havia alcançado quatro anos antes em Roma. Aliás, a marca de elevado nível obtida por Bikila em Tóquio (2 horas, 12 minutos e 11,2 segundos) passava a constituir, na altura, o melhor resultado mundial de sempre na distância.
Como seria de esperar e muito justamente, as duas vitórias olímpicas na Maratona deram enorme fama e proveito a Bikila, o qual vivia, por essa altura, o ponto mais alto da sua carreira até então, sendo alvo das maiores honrarias por parte do Imperador da Etiópia. Contudo, os sucessos e os dias de glória do grande corredor africano estavam a chegar ao fim, pois, a partir dos Jogos Olímpicos de Tóquio, Bikila não mais conseguiu atingir, nem de perto nem de longe, o mesmo nível de outrora.
Com efeito, Bikila ainda voltou a participar nos Jogos Olímpicos, os terceiros da sua carreira, no México, em 1968, porém, desta vez, aquela que seria a sua terceira vitória na Maratona não se concretizou, uma vez que, devido a uma fractura de esforço, o atleta etíope foi forçado a desistir da prova com 17 km percorridos. Iria começar, em breve, o calvário e o drama do grande atleta africano; ele que vivera anos de grande felicidade, iria de repente experimentar o infortúnio e a tragédia.
De facto, no ano seguinte, em 1969, Abebe Bikila sofre um aparatoso acidente de viação, que lhe provoca várias fracturas na coluna vertebral, deixando-o paralisado da cintura para baixo e atirando-o para uma cadeira de rodas, até ao fim dos seus dias.
Em 1972, nos Jogos Olímpicos de Munique, Abebe Bikila, então com 40 anos, é um dos convidados de honra dos Jogos, recebendo, pela última vez na sua vida, uma calorosa ovação de um estádio repleto de público, que quis homenagear e prestar um tributo a um dos maiores atletas do século XX.
No ano seguinte, a 25 de Outubro de 1973, Abebe Bikila não resiste a uma hemorragia cerebral, falecendo com apenas 41 anos de idade. Na História dos Jogos Olímpicos e do Atletismo Mundial, Abebe Bikila será para sempre recordado como o 1º atleta masculino africano a vencer a Maratona em duas edições consecutivas dos Jogos e, igualmente, o 1º a conquistar medalhas para a Etiópia e para a África Oriental.
São proezas como estas que fazem nascer as lendas e os heróis como Bikila, um humilde soldado etíope que um dia correu descalço e foi coroado "Imperador da Maratona" na cidade eterna, Roma!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

BECKENBAUER, Franz (Alemanha, Futebol)

Franz Beckenbauer, nascido em Munique, na Alemanha, a 11 de Setembro de 1945, foi um dos grandes futebolistas mundiais da história do futebol e o maior futebolista alemão de sempre. Dadas as suas qualidades de líder e de patrão das equipas onde alinhou, fazendo ouvir a sua voz de comando dentro do campo, Beckenbauer ficou conhecido por Kaiser. Desde cedo, ficou patente que Beckenbauer era um jogador fora de série e um predestinado que se viria a tornar, em breve, num dos melhores jogadores europeus e mundiais e na principal figura do futebol alemão de todos os tempos.
Como futebolista de eleição e de elevada craveira técnica e táctica, Beckenbauer destacou-se na posição de "líbero", excelente a defender e a sair da defesa para o ataque. Pode-se mesmo afirmar que Beckenbauer inventou uma nova dimensão para o papel de "líbero", dando-lhe uma componente mais ofensiva. Com efeito, Beckenbauer era dotado de uma excelente visão de jogo, exímio a ler e a pensar o jogo de trás para a frente, sem nunca perder de vista o posicionamento táctico em campo.
Como jogador, Beckenbauer ganhou tudo o que havia para ganhar, quer ao nível do seu clube de sempre, o Bayern de Munique (no qual jogou entre 1965 e 1977), quer ao nível da selecção alemã. Senão vejamos: foi Campeão do Mundo (1974) e Campeão da Europa (1972) pela Alemanha, tricampeão europeu (1974, 1975 e 1976), vencedor de uma Taça das Taças (1967) e de uma Taça Intercontinental (1976), ao serviço do Bayern de Munique, para além de pentacampeão alemão (1969, 1972, 1973, 1974 e 1982) e vencedor de 4 Taças da Alemanha (1966, 1967, 1969, 1971). Em termos individuais, foi eleito por 3 vezes o melhor jogador alemão e conquistou, ainda, duas "Bolas de Ouro" (em 1972 e 1976), prémio este atribuído pela prestigiada revista francesa France Football e destinado ao melhor jogador europeu.
Ainda na qualidade de jogador, Beckenbauer participou em 3 Campeonatos do Mundo de Futebol: em 1966, em Inglaterra; em 1970, no México; em 1974, na Alemanha. No "Mundial" de Inglaterra, prestes a completar 21 anos, Beckenbauer, então ainda a jogar como médio, foi uma das principais figuras da Alemanha, tendo sido, inclusivamente, o 2º melhor marcador da selecção, com 4 golos. A Alemanha viria a atingir a final da competição, perdendo, no entanto, com a Inglaterra, após prolongamento, por 4-2 (com 2-2, no final dos 90 m). Com a conquista do 2º lugar pela selecção alemã, Beckenbauer estreava-se assim da melhor maneira na fase final da maior competição mundial de futebol.
Quatro anos mais tarde, no "Mundial" do México, Beckenbauer voltaria a ser um dos principais elementos da selecção germânica, embora desta vez a Alemanha não tenha conseguido atingir a final da competição, sendo eliminada, nas meias finais, pela Itália, por 4-3, num jogo memorável, no qual Beckenbauer se lesionou com gravidade, permanencendo em campo com grande espírito de sacrifício. Contudo, voltaria a marcar presença no pódio, conquistando o 3º lugar, com a Alemanha a vencer o Uruguai, por 1-0, no jogo de atribuição dos 3º e 4º lugares.
Costuma-se dizer que à terceira é de vez e tal aplica-se com toda a propriedade à participação de Beckenbauer em Campeonatos do Mundo. Na verdade, na sua 3ª presença nesta competição, no auge da carreira, jogando no seu país e capitaneando a sua selecção, Beckenbauer sagra-se finalmente Campeão do Mundo. No jogo da final, no Estádio Olímpico de Munique, a Alemanha derrota a Holanda, por 2-1, e Beckenbauer atinge a glória máxima como jogador.
Beckenbauer viria também a participar em 2 Campeonatos da Europa de Futebol: em 1972, na Bélgica; em 1976, na ex-Jugoslávia. No "Europeu" de 1972, Beckenbauer sagra-se Campeão da Europa. Passados quatro anos, no "Europeu" de 1976, a selecção alemã atinge de novo a final e é, uma vez mais, a grande favorita à conquista do título europeu; porém, no jogo da final, a Checoslováquia derrota, de forma surpreendente, a Alemanha, no desempate por grandes penalidades, após empate 2-2 no fim do prolongamento.
Beckenbauer estreou-se pela selecção alemã, em 1965, pouco tempo depois de completar 20 anos, num jogo de apuramento para o Campeonato do Mundo de Inglaterra (1966), frente à Suécia, em Estocolmo; neste jogo decisivo para a respectiva qualificação, a Alemanha venceria a Suécia por 2-1 e Beckenbauer estreava-se assim da melhor maneira. Desde o jogo da estreia até à sua despedida da selecção, ocorrida em 1977, passaram 12 anos, durante os quais Beckenbauer contabilizou um total de 103 internacionalizações (14 golos marcados), tornando-se, até então, no jogador alemão mais internacional de sempre.
Após abandonar, quase ao mesmo tempo, quer a selecção, quer o Bayern de Munique, em 1977, Beckenbauer, então a caminho dos 32 anos, estava próximo de encerrar a sua brilhante carreira. No entanto, acaba ainda por se decidir a rumar aos Estados Unidos, para aí viver uma experiência única no futebol norte-americano, jogando durante 4 épocas seguidas (1977-1980) no Cosmos de Nova Iorque, ao lado de Pelé e de outras estrelas do futebol mundial em final de carreira. Beckenbauer conquista por 3 vezes a liga profissional dos Estados Unidos (NASL), em 1977, 1978 e 1980.
De regresso à Alemanha, ainda joga durante duas épocas (1980/81 e 1981/82) no Hamburgo, sagrando-se, uma vez mais, campeão alemão na 2ª época, no fim da qual, dá por terminada uma longa e fantástica carreira de 18 anos, não sem antes lhe ser prestada uma homenagem, através da realização de um jogo entre o Hamburgo e uma selecção alemã.
Na qualidade de seleccionador, Beckenbauer esteve presente em 2 Campeonatos do Mundo de Futebol: em 1986, no México; em 1990, em Itália. No "Mundial" do México, Beckenbauer levaria a Alemanha à final, sendo, porém, derrotada pela Argentina, por 3-2. Quatro anos mais tarde, no "Mundial" de Itália, Beckenbauer obteria a tão ansiada desforra, derrotando no jogo da final, no Estádio Olímpico de Roma, por 1-0, precisamente a Argentina, que quatro anos antes lhe havia destruído o sonho de ser campeão do mundo, também como seleccionador. Franz Beckenbauer conseguia assim igualar a proeza do brasileiro Mário Zagalo, sagrando-se campeão do mundo, quer como jogador, quer como seleccionador, feito este que não foi igualado por mais ninguém até hoje.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

BECKER, Boris (Alemanha, Ténis)

Boris Franz Becker, nascido em Liemen, na Alemanha, a 22 de Novembro de 1967, foi o maior tenista alemão de todos os tempos e um dos melhores do mundo, sobretudo, no piso relvado de Wimbledon, torneio no qual ganhou fama mundial e onde se tornou num dos grandes campeões da história do mítico torneio londrino.
O sensacional e inesperado triunfo de Becker na edição de 1985 do torneio de Wimbledon ficou a assinalar três surpreendentes recordes: 1º-tornou-se no mais jovem campeão do quadro de singulares masculinos, com apenas 17 anos e 227 dias; 2º-tornou-se no primeiro jogador não cabeça-de-série a chegar ao título; 3º-foi o primeiro tenista alemão a vencer em Wimbledon.
Daí em diante, Wimbledon passou a ser conhecido como o "jardim" de Boris Boom-Boom, alcunha criada em virtude do seu potente serviço e da sua extraordinária atitude ofensiva naquele piso rápido de relva. Becker voltaria a vencer em mais duas ocasiões (1986 e 1989)aquela que é considerada a mais famosa prova do Grand Slam. Seria ainda finalista vencido por quatro vezes (1988, 1990, 1991 e 1995), o que dá, ao tenista alemão, um total de sete presenças na final de Wimbledon, sendo que, de 1985 a 1991 só falhou a presença na final de 1987!
Em 1992, nos Jogos Olímpicos de Barcelona, Boris Becker conquista a medalha de ouro para a Alemanha, juntamente com o seu compatriota Michael Stich, na prova de ténis em pares masculinos.
Pouco tempo depois de conquistar o Open da Austrália, em 1996, Becker surge como número um mundial, embora por pouco tempo, pois a partir daí a sua carreira entra em declínio, vindo a anunciar, inclusivamente, a sua retirada do circuito profissional no final de 1997. Acabaria por regressar em 1999, mas fê-lo de forma rápida e discreta, pois a seguir à derrota nos oitavos-de-final de Wimbledon desse ano, despede-se em definitivo do ténis profissional.
Para além de ter vencido 3 vezes o torneio de Wimbledon, Becker venceu ainda duas vezes o Open da Austrália (1991 e 1996) e uma vez o Open dos Estados Unidos (1989), perfazendo, assim, um total de 6 torneios do Grand Slam conquistados.
Na bonita carreira de Boris Becker, só ficou a faltar a conquista do torneio de Roland Garros, torneio no qual o tenista alemão nunca mostrou grande apetência ou capacidade para vencer, sobretudo, dadas as características do piso lento de terra batida deste torneio parisiense, o qual não era, de facto, a especialidade de Boris Boom-Boom.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

BEAMON, Bob (EUA, Atletismo)

Bob Beamon, nascido nos EUA, a 16 de Agosto de 1946, foi o famoso protagonista de uma das maiores proezas atléticas de sempre, ao atingir a distância de 8,90 m no salto em comprimento.
Com efeito, a 18 de Outubro de 1968, durante os Jogos Olímpicos do México, teve lugar um dos maiores feitos desportivos de todos os tempos. No 1º ensaio da final do concurso do salto em comprimento, Beamon fez, de facto, aquilo a que se poderia chamar um salto perfeito, batendo o anterior recorde mundial por mais de meio metro, mais precisamente por 55 cm!
Desde logo, a distância de 8,90 m foi unanimemente considerada, pelos especialistas da modalidade, um resultado verdadeiramente histórico, sendo mesmo apelidado de "o resultado do século", o qual se dizia que chegaria ao século XXI!
Tal porém não se veio a verificar. Contudo, só passados 23 anos, mais concretamente, a 30 de Agosto de 1991, é que aquele máximo mundial foi batido. O autor da proeza seria uma vez mais um atleta norte-americano, Mike Powell, o qual, nos Campeonatos do Mundo de Atletismo, em Tóquio, saltaria 8,95 m, melhorando, assim, em 5 cm o anterior recorde de Bob Beamon.
Ainda a propósito do fabuloso salto de Beamon, deve-se, no entanto, dizer que as coisas não começaram por correr nada bem ao atleta norte-americano, isto apesar deste ser o grande favorito ao triunfo, uma vez que, nesse ano de 1968, tinha vencido 22 das 23 competições em que participara.
Na verdade, na qualificação para a final do salto em comprimento, Beamon esteve quase a comprometer o sucesso, ao transformar em saltos nulos os dois primeiros dos três ensaios de que dispunha para confirmar o apuramento para a final. Foi, aliás, um adversário seu, também norte-americano, Ralph Boston, quem o tranquilizou para a última tentativa, na qual viria, de facto, a garantir a entrada na final sem grandes problemas.
A seguir, é o que já todos sabemos. Logo no 1º ensaio, Beamon saltou a distância espantosa de 8,90 m, arrumando, desde logo, com toda a concorrência. Ainda voltaria ao concurso para fazer mais um salto, a 8,04 m, prescindindo das outras quatro tentativas que ainda lhe restavam. No final da competição, Bob Beamon não conseguiu disfarçar toda a emoção que lhe ia na alma, parecendo não acreditar que tinha acabado de obter o resultado mais extraordinário da história do atletismo até então.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

ARMSTRONG, Lance (EUA, Ciclismo)

Lance Armstrong, nascido em Austin, no Texas (EUA), a 18 de Setembro de 1971, foi um dos maiores ciclistas de todos os tempos, senão mesmo o melhor de sempre. Armstrong cometeu a proeza de ser o primeiro e único ciclista até hoje a ultrapassar as 5 vitórias na Volta à França, vencendo por 7 vezes consecutivas (1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 e 2005) o Tour, feito este que parece muito difícil de igualar!
Porém, antes de vencer pela 1ª vez o Tour, em 1999, e de atingir a glória nos anos seguintes, Armstrong viveu um autêntico calvário, "lutando" contra um cancro e conseguindo debelá-lo graças a uma enorme força de vontade e a um extraordinário espírito de sacrifício. Com efeito, em 1996, foi-lhe diagnosticado um cancro nos testículos, com ramificações no cérebro. Apesar da gravidade do seu estado de saúde, Armstrong não desistiu de lutar, vencendo estoicamente a morte que lhe estava praticamente destinada e obtendo assim a maior vitória da sua vida.
A primeira modalidade praticada por Armstrong foi o triatlo, a qual substituiu mais tarde pelo ciclismo de estrada. Em 1992, participa nos Jogos Olímpicos de Barcelona, tornando-se, no ano seguinte, ciclista profissional. No seu ano de estreia como profissional, em 1993, é campeão dos Estados Unidos e vence surpreendentemente o Campeonato do Mundo de Estrada, disputado em Oslo, na Noruega.
Durante os anos seguintes, Lance Armstrong participa em várias provas na Europa, ganhando etapas em importantes competições velocipédicas como, por exemplo, a Volta à França. Até que, em 1996, começa uma luta heróica contra um cancro, conseguindo vencê-lo de forma incrível e espectacular, ultrapassando mesmo as previsões mais optimistas que o davam, pelo menos, como acabado para o desporto de alta competição. Armstrong não só venceu a doença como regressou às competições velocipédicas, demonstrando que podia voltar a ser um desportista de alto nivel, o que veio de facto a confirmar-se, ao ponto de vencer, por 7 vezes consecutivas, a mais importante e exigente competição velocipédica mundial, batendo o recorde de 5 triunfos que parecia inatingível.
Os anos de 1997 e 1998 seriam ainda anos de sobrevivência e de sacrifício para o ciclista norte-americano, que sentiu, naturalmente, muitas dificuldades em recuperar o ritmo e as exigências do pelotão internacional. Contudo, graças a uma força de vontade inquebrantável e a um espírito de sacrifício indomável, Armstrong inicia um processo árduo de treinos, ganhando peso e preparando-se intensamente para as grandes corridas velocipédicas, sobretudo o Tour, competição que foi sempre a sua grande prioridade em detrimento das restantes (Giro e Vuelta) e na qual apostou sempre forte.
No fim da época de 1998, tinha conseguido obter um 4º lugar na Volta à Espanha e no Campeonato do Mundo de Estrada. O ano de 1999 constitui o início de uma nova era, marcando a reentrada de Armstrong pela "porta grande" na elite mundial, através de um triunfo autoritário e indiscutível no Tour desse ano, o qual repetiria nos 6 anos seguintes!
Tal proeza levou os norte-americanos a adoptarem-no como herói nacional, sendo hoje em dia reconhecido mundialmente como um exemplo na luta contra o cancro, tendo inclusivamente criado uma fundação de apoio aos doentes com cancro e de investigação desta doença.
Em 2005, com 34 anos de idade, e após alcançar o 7º triunfo consecutivo no Tour, Lance Armstrong abandona o ciclismo, como o maior campeão da história do Tour e um dos ciclistas mais completos de sempre.
Ainda nesse mesmo ano, começam a recair sobre o ciclista norte-americano suspeitas de doping, surgindo notícias em França dando conta de que Armstrong se teria já dopado em 1999, ano da sua primeira vitória no Tour.
Com efeito, umas amostras de urina referentes ao Tour de 1999, alegadamente pertencentes a Armstrong, pareciam conter EPO (indetectável na altura). Porém, tal acusação acabaria por nunca ser até hoje provada. Na verdade, Armstrong já várias vezes tinha sido acusado e investigado por suspeitas de doping, quer pelas autoridades, quer pelos jornalistas franceses. Inclusivamente, dizia-se que, ao fim de sete anos, era o ciclista que tinha realizado mais análises antidoping da história do desporto e, contudo, nenhuma delas dera positiva!
Ficará para sempre a suspeição e a dúvida sobre Armstrong, porém, esta pequena "nódoa" não é suficiente para "manchar" ou beliscar a sua fabulosa carreira e, sobretudo, a sua extraordinária vitória sobre o cancro.