Cassius Marcellus Clay, nascido em Louisville, no Kentucky (EUA), a 17 de Janeiro de 1942, foi um dos maiores pugilistas de todos os tempos e, provavelmente, o melhor "peso pesado" da história da modalidade.
Cassius Clay começou a praticar boxe com 12 anos, e passados apenas 6 anos atinge a "glória olímpica", ao conquistar a medalha de ouro, na categoria de "peso meio-pesado" (- 81 kg), na edição de 1960 dos Jogos Olímpicos, realizados em Roma.
Nos Jogos de Roma, Cassius Clay derrotou, sucessivamente, o belga Yan Becaus, o russo Gennady Schatkov e o autraliano Tony Madigan, antes de encontrar na final, o polaco Zbigniew Pietrzykowski, tricampeão europeu e um pugilista muito experiente, com 231 combates efectuados. Apesar do valor do seu adversário, Cassius Clay obteve um triunfo claro por decisão unânime do júri.
Passados 4 anos da conquista do título olímpico, Cassius Clay conquista o título mundial na categoria de "pesos pesados" (+ 81 kg), derrotando o compatriota Sonny Liston.
À semelhança de milhares de outros negros, Cassius Clay foi também vítima do racismo, em relação à raça negra, que imperava nos Estados Unidos da América, durante a década de 60. A este respeito, ficou famoso um episódio do qual foi protagonista o próprio Cassius Clay, quando este foi impedido de entrar num restaurante interdito a negros. No caminho de regresso a casa, Clay e um amigo foram abordados por um grupo de jovens brancos pertencentes a um gang de motoqueiros que lhe exigiram a entrega da medalha de ouro olímpica. Clay (que tinha a medalha ao pescoço) e o amigo não conseguiram fugir e deu-se o inevitável confronto físico entre eles e os membros do gang. A luta foi violenta, tendo os membros do gang ficado bastante maltratados, graças à fúria e energia postas na luta por Clay, o qual evidenciou aí toda a sua força, agilidade e potência dos seus socos.
De regresso a casa, fortemente marcado e revoltado com este episódio, Cassius Clay, num gesto de desespero, tirou a medalha do pescoço e atirou-a ao rio Ohio. Mais tarde, Clay comentaria: "Pela primeira vez vi a medalha tal como ela era, um simples objecto". A sua personalidade ficaria marcada para sempre por este triste acontecimento.
No final da década de 60, quando os Estados Unidos da América entraram em Guerra com o Vietname do Norte, Cassius Clay mostrou indisponibilidade para lutar na Guerra do Vietname, sendo, por isso, condenado como refractário. Como consequência disso, Clay sofreu várias sanções, destacando-se, entre elas, a apreensão do passaporte, o impedimento de combater nos ringues, a aplicação de uma multa, retirando-lhe, inclusivamente, o título mundial e condenando-o, por fim, a 5 anos de prisão.
Na prisão, Cassius Clay converteu-se ao Islamismo, adoptando o nome de Mohamed Ali. Durantes esses anos passados na prisão, o superdotado pugilista negro não perdeu as suas qualidades de boxeur, regressando ao seu melhor nível, disposto a recuperar o título mundial de "pesos pesados".
Durante 21 anos, entre 1960 e 1981, Cassius Clay efectuou 60 combates, tendo vencido consecutivamente os primeiros 32, perdendo apenas perante 4 adversários: Joe Frazier, Ken Norton, Leon Spinks e Trevor Berbick. A primeira derrota de Mohamed Ali, em 1971, foi precisamente perante Joe Frazier (campeão olímpico de "pesos pesados" nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964), o qual quebrou 10 anos de invencibilidade de Ali, naquele que foi considerado o "combate do século".
Em 1974, Mohamed Ali consegue a tão ansiada desforra, vencendo Joe Frazier e, em Outubro desse mesmo ano, recupera o título mundial da categoria, derrotando, no Zaire, Georges Foreman (campeão olímpico de "pesos pesados" nos Jogos Olímpicos do México, em 1968), num combate célebre que também ficou na história da modalidade.
Mohamed Ali despediu-se dos ringues a 11 de Dezembro de 1981, prestes a completar 40 anos, derrotado por Trevor Berbick. No entanto, despediu-se com a honra de ter sido o único pugilista, na categoria de "pesos pesados", a recuperar por três vezes o título mundial, a última das quais em 1978.
Em 1984, foi-lhe diagnosticado o síndrome de Parkinson. Em 1996, aquando dos Jogos Olímpicos de Atlanta, o Movimento Olímpico prestou-lhe a merecida e justa homenagem pela sua brilhante carreira, tendo cabido ao próprio Cassius Clay (ou Mohamed Ali) a honra de acender o "fogo olímpico" no estádio de Atlanta. Posteriormente, ser-lhe-ia oferecida uma réplica da medalha de ouro, conquistada 36 anos antes nos Jogos Olímpicos de Roma, que Clay havia atirado ao rio.
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