sexta-feira, 5 de agosto de 2011

JUANTORENA, Alberto (Cuba, Atletismo)

Alberto Juantorena Danger, nascido a 3 de Dezembro de 1950, em Santiago de Cuba, foi um dos maiores atletas cubanos de todos os tempos e um dos melhores corredores mundiais de sempre de 400 e 800 metros.
Alberto Juantorena é, ainda hoje, o único atleta que conseguiu vencer as corridas de 400 e 800 metros na mesma edição dos Jogos Olímpicos, feito histórico alcançado nos Jogos de Montreal, em 1976 e que fez dele uma figura lendária no mundo do atletismo.
As próprias características físico-atléticas fora do comum de Juantorena fizeram dele um atleta único, pois raramente se viu um corredor tão robusto (alto e forte) e com uma passada tão larga em provas de 400 e 800 metros. Devido a estes atributos fora do normal, os seus compatriotas passaram a apelidar o atleta cubano, de forma elogiosa e carinhosa, de El Caballo ("O Cavalo").
Inicialmente Juantorena começou a praticar basquetebol, cuja modalidade parecia a mais talhada para si, tendo em conta as suas características físicas. Porém, um técnico dessa modalidade, ao constatar as qualidades atléticas de Juantorena, aconselhou-o a dedicar-se antes ao atletismo. Nascia assim um futuro campeão olímpico!
Após ter passado discretamente pelos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, fruto de um desempenho modesto, Juantorena começou a mostrar, nos anos seguintes, as suas qualidades, provando que seria um atleta a ter em conta na luta pelas medalhas nos próximos Jogos Olímpicos.
Com efeito, em 1973 e 1974, o atleta cubano venceria todas as corridas em que participou. Contudo, em 1975, Juantorena teve de ser operado por duas vezes aos pés, pondo, inclusivamente, em risco a sua participação nos Jogos Olímpicos de Montreal do ano seguinte. Na verdade, dada a sua morfologia física muito peculiar - com uma altura e peso pouco comuns para um corredor de 400 e 800 metros - Juantorena foi sempre um atleta bastante atreito a lesões, tendo a sua carreira de sucesso sido, não poucas vezes, afectada por aquelas.
No entanto, apesar dos azares do ano anterior, Juantorena estava confiante nas suas capacidades e apostava fortemente na conquista de, pelo menos, uma medalha, concretamente, nos 400 metros, em cuja distância era um dos principais favoritos à vitória. O mesmo já não se passava nos 800 metros, onde o seu desempenho era uma verdadeira incógnita, uma vez que nesta distância possuía muito menos experiência comparativamente com os 400 metros, e nas duas voltas à pista o aspecto táctico assume uma importância determinante no desfecho final da corrida.
Contudo, 3 meses antes dos Jogos de Montreal, Juantorena tinha percorrido os 800 metros no excelente tempo de 1 minuto e 44,9 segundos, marca esta que lhe permitia acalentar esperanças num bom desempenho na final olímpica.
E, de facto, foi isso mesmo que veio a acontecer, tendo a sua corrida superado todas as expectativas. Na final dos 800 metros, Juantorena passou para a frente da corrida cumprida a 1ª volta à pista (com o tempo de 50,9 segundos) e não mais deixou a liderança até final, fazendo uma prova inequívoca da sua superioridade sobre os demais adversários e terminando os 800 metros com a marca fantástica de 1 minuto e 43,50 segundos e consequente recorde mundial da distância.
Depois deste triunfo categórico, já não restavam dúvidas a respeito de quem era o grande favorito à vitória na prova de 400 metros, cuja distância era a grande especialidade de Juantorena. E, de facto, assim foi; o atleta cubano, uma vez mais, dominou toda a concorrência, vencendo a sua distância predilecta com a marca de 44,26 segundos.
A 21 de Agosto de 1977, em Sófia (Bulgária), numa prova de 800 metros, Juantorena melhora o seu anterior recorde do mundo, alcançado um ano antes (25 de Julho de 1976) nos Jogos Olímpicos de Montreal, em 10 centésimos de segundo, obtendo agora a marca de 1 minuto e 43,40 segundos.
Alberto Juantorena ainda voltaria a marcar presença, pela 3ª vez, numa edição dos Jogos Olímpicos. Porém, desta vez, nos Jogos Olímpicos de Moscovo, em 1980, o seu desempenho esteve muito longe do alcançado 4 anos antes, nos Jogos de Montreal. Para tal, contribuiu em muito o facto de Juantorena se ter ressentido de uma operação ao tendão de aquiles, a qual deixou sequelas difíceis de superar e que viriam a prejudicar o seu desempenho nos Jogos de Moscovo, nomeadamente, não lhe permitindo ir além do 4º lugar na prova de 400 metros.
Perto de completar 30 anos, Alberto Juantorena despedia-se definitivamente dos Jogos Olímpicos, onde em 1976 se transformou numa lenda do atletismo mundial ao tornar-se bicampeão olímpico de 400 e 800 metros, um feito inédito na História dos Jogos Olímpicos.
Retirado das pistas, Alberto Juantorena passou a dedicar-se a actividades de cariz político, nomeadamente, desempenhando cargos desportivos governamentais de promoção e desenvolvimento do atletismo no seu país. Juantorena assumiu-se sempre como um fiel defensor do regime político de Fidel Castro e, em várias intervenções públicas no desempenho de cargos oficiais, nunca se coibiu de criticar os Estados Unidos, bem ao estilo do seu líder.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

JOYNER-KERSEE, Jackie (EUA, Atletismo)

Jacqueline Joyner-Kersee, nascida a 3 de Março de 1962, em St. Louis, no Estado do Illinois (EUA), foi uma das maiores atletas norte-americanas de todos os tempos e a melhor de sempre no heptatlo. Jackie é, aliás, unanimemente considerada como uma das atletas mais completas de todos os tempos, senão mesmo a mais completa de sempre.
Desde cedo Jackie começou a revelar todo o seu talento para as várias especialidades do atletismo, destacando-se pela sua versatilidade e polivalência quer nas corridas, quer nos lançamentos ou nos saltos.
Em 1984, então com 22 anos, Jackie Joyner aparece, pela primeira vez, na ribalta internacional, participando nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, onde conquista a medalha de prata na prova do heptatlo, ficando a escassos 5 pontos da 1ª classificada, a australiana Glynis Nunn. Curiosamente, também nestes jogos o seu irmão mais velho, Al Joyner (que viria, mais tarde, a casar-se com Florence Griffith-Joyner), teve um excelente desempenho, conquistando a medalha de ouro na prova do triplo salto.
Os Jogos de 1984 marcaram o início de uma carreira fulgurante para Jackie, a qual iria construir, num período de 12 anos, um palmarés fabuloso que lhe valeu o epíteto de "supermulher".
Com efeito, quatro anos mais tarde, nos Jogos Olímpicos de Seul, Jackie Joyner-Kersee (entretanto casada, em 1986, com o seu treinador Bob Kersee) conquista duas medalhas de ouro no heptatlo e no salto em comprimento. Já um ano antes, nos "Mundiais" de Roma, a atleta norte-americana havia conquistado a medalha de ouro naquelas duas provas.
Até ao final da década de 80, Joyner-Kersee não viria a perder mais nenhuma prova do heptatlo, vencendo, entre 1985 e 1991, as 12 provas em que participa. No dia 7 de Julho de 1986, em Moscovo, torna-se na 1ª mulher a ultrapassar a barreira dos 7000 pontos no heptatlo. Até ao final de 1995, repetiu este feito por mais 5 vezes, colocando o recorde mundial na extraordinária marca de 7291 pontos, precisamente nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988. Jackie é, ainda hoje, passados 25 anos daquele feito alcançado em Moscovo/1986, a recordista mundial do heptatlo.
Mas não foi apenas no heptatlo que Jackie Joyner-Kersee brilhou ao mais alto nível; também no salto em comprimento conseguiu alcançar grandes êxitos e marcas, concretamente, sagrando-se por duas vezes campeã do mundo em Roma/1987 e Tóquio/1991, para além de ter conquistado, nesta prova, a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988 e nos Jogos Pan-Americanos, em Indianápolis/1987. Ainda em 1987, bate o recorde do Mundo do salto em comprimento, detendo este estatuto até 1988; em 1994 alcança a sua melhor marca nesta disciplina, com 7,49 metros.
No entanto, nem só de sucessos foi feita a carreira de Joyner-Kersee, pois a atleta norte-americana sofreu também desaires, sendo, igualmente, vítima de alguns infortúnios. Foi o caso, por exemplo, do ocorrido no Campeonato do Mundo de Tóquio, em 1991, em que Jackie, um dia depois de conquistar a medalha de ouro na prova de salto em comprimento, foi obrigada a desistir do heptatlo, devido a uma rotura muscular sofrida no decorrer da corrida de 200 metros. Este abandono representou o fim de uma invencibilidade no heptatlo que já durava há quase 6 anos.
Em 1992, nos Jogos Olímpicos de Barcelona, Jackie, então com 30 anos, revalida o título olímpico do heptatlo, tornando-se na primeira mulher a alcançar semelhante feito em provas combinadas. Ainda nestes jogos, viria a alcançar a medalha de bronze no salto em comprimento, sendo derrotada pela sua amiga e grande rival alemã, Heike Drechsler, a qual conquistava, na altura, a sua 1ª medalha de ouro olímpica.
Um ano depois, no Campeonato do Mundo de Estugarda, Joyner-Kersee conquista a medalha de ouro no heptatlo que lhe havia escapado, por lesão, 2 anos antes, nos "Mundiais" de Tóquio/1991.
Com 34 anos, Joyner-Kersee viria ainda, em 1996, a participar nos seus 4º Jogos Olímpicos, realizados em Atlanta, conquistando a sua 6ª medalha olímpica, fruto da medalha de bronze alcançada no salto em comprimento, única prova em que competiu.
No brilhante currículo desportivo de Jackie constam assim 10 medalhas: 6 olímpicas, das quais 3 de ouro, uma de prata e duas de bronze; 4 conquistadas em Campeonatos Mundiais, todas de ouro.
Ao longo da sua longa e rica carreira, Jackie Joyner-Kersee foi alvo das mais altas distinções no seu país. Assim, em 1986, 1987 e 1994 foi eleita atleta mundial do ano pela prestigiada revista Track & Field News; ainda em 1986, tornou-se na 1ª mulher a ser considerada atleta do ano pela Sporting News; mais recentemente, a revista Sports Illustrated elegeu-a como a maior atleta feminina do século XX.
Na verdade, achamos que não é exagero nenhum tal distinção, pois quem é recordista mundial do heptatlo (desde 1986), quem conquistou 10 medalhas (das quais 6 olímpicas) e, ainda, quem alcançou 4 medalhas de ouro naquela prova (provavelmente a mais dura e completa do atletismo feminino), merece indiscutivelmente ser considerada "a atleta dos sete trabalhos de Hércules"!