quarta-feira, 29 de julho de 2009

GARRINCHA, Mané (Brasil, Futebol)

Manuel Francisco dos Santos, imortalizado como (Mané) Garrincha (alcunha de pássaro), nasceu em Pau Grande, no Estado do Rio de Janeiro (Brasil), a 28 de Outubro de 1933. Garrincha foi um dos mais geniais futebolistas brasileiros de todos os tempos, sendo mesmo considerado o 2º melhor jogador brasileiro de sempre, somente atrás do "Rei" Pelé.
Com efeito, Garrincha foi um dos grandes extremos da História do Futebol, o maior driblador de que há memória, tendo conquistado, justamente, o estatuto de lenda do futebol mundial, apenas reservado aos predestinados e "magos" da bola.
A vida de Garrincha, a quem, um dia, apelidaram de "A alegria do povo", devido à fantasia, improviso e divertimento que transportava para os relvados, dava um filme, tal a quantidade de "estórias", episódios, aventuras e peripécias vividas pelo jogador brasileiro, sendo impossível precisar onde termina a realidade e começa a lenda.
Mané Garrincha começou a jogar futebol num clube modesto do seu bairro, o Pau Grande. Em 1953, durante um treino onde Garrincha tinha ido prestar provas, os dirigentes do Botafogo repararam no seu enorme talento, ficando, desde logo, rendidos ao seu valor e potencial futebolísticos.
Na verdade, Garrincha fazia as delícias dos adeptos e levava-os ao delírio, com os seus dribles repetitivos, a gingar para a esquerda e a sair pela direita, com as suas fintas "impossíveis" e com os "malabarismos" que fazia com a bola, apesar do seu estilo ser pouco ortodoxo, a que não era alheio o facto de ter as pernas deformadas e arqueadas desde criança. Por tal facto, Mané Garrincha viria a ser "baptizado" por "O anjo das pernas tortas".
Em 1955, Garrincha foi, pela 1ª vez, internacional pelo Brasil, num jogo frente ao Chile. Seria a primeira de 50 internacionalizações pela selecção "canarinha", ao serviço da qual iria sagrar-se bicampeão do Mundo de futebol, em 1958 e 1962, respectivamente, nos "Mundiais" da Suécia e do Chile.
No Campeonato do Mundo da Suécia, em 1958, Garrincha, então com 24 anos, destacou-se como uma das principais figuras da fortíssima selecção brasileira, na qual despontava um jovem de 17 anos de nome Pelé. No jogo da final, frente à Suécia, Garrincha esteve na origem dos lances que proporcionaram as assistências para os 2 primeiros golos da autoria de Vavá, na vitória do Brasil por 5-2.
Quatro anos mais tarde, no Campeonato do Mundo de 1962, no Chile, Garrincha foi, não apenas, a principal figura do Brasil, como da própria competição, tendo efectuado exibições brilhantes que culminaram com uma exibição fantástica no jogo da final, frente à Checoslováquia, com vitória por 3-1.
Com Pelé lesionado e fora dos relvados, logo após o 2º jogo da competição, Mané Garrincha assumiu a liderança do "escrete" e foi o grande desequilibrador da selecção "canarinha", levando-a ao "colo" até à vitória final, tendo sido, ex-aequo com Vavá, o melhor marcador do Brasil, com 4 golos apontados.
Mas os seus tempos de glória e de fulgor estavam a chegar ao fim, pois a partir de 1962, Garrincha começa a ter uma vida desregrada e descontrolada, deixando-se influenciar e enganar pelas várias mulheres que foi conhecendo e tornando-se um alcoólico crónico aos 30 anos. Das relações que manteve com 5 mulheres, teve 13 filhos e, de facto, as mulheres e o álcool apressaram o seu fim, conduzindo-o à degradação completa, quer como jogador, quer como homem.
Até à sua morte, a 20 de Janeiro de 1983, com apenas 49 anos, Mané Garrincha foi uma pobre e infeliz vítima do alcoolismo, vício que não mais o largou até ao fim dos seus dias e que foi responsável por vários acidentes de automóvel, por duas tentativas de suicídio e por diversos internamentos.
Em 1963, foi-lhe detectada uma artrose num dos joelhos, que contribuiu também para diminuir as suas capacidades físicas e técnicas, afectando, daí para a frente, o seu rendimento como jogador. Mesmo assim, Garrincha, então com 32 anos, ainda voltaria a ser chamado à selecção "canarinha", em 1966, para disputar o seu 3º "Mundial" consecutivo, a realizar em Inglaterra.
No Campeonato do Mundo de Inglaterra, Garrincha alinhou apenas nos 2 primeiros jogos, diante da Bulgária e da Hungria, tendo marcado, frente à Bulgária, o seu último golo (o 13º) pelo Brasil. Já não jogou o 3º jogo, diante de Portugal, despedindo-se, assim, do "escrete" no 50º jogo, contra a Hungria.
Como curiosidade, refira-se que, desses 50 jogos realizados com a camisola "canarinha", Garrincha apenas perdeu um jogo, precisamente o último, frente à Hungria (derrota por 3-1), tendo ganho 42 jogos e empatado 7. Aliás, sempre que Pelé e Garrincha jogaram juntos, o Brasil nunca foi derrotado.
Mané Garrincha teve a sua época áurea entre 1953 e 1962, tendo feito a maior parte da sua carreira no Botafogo, aí jogando durante 12 anos, entre 1953 e 1965. A seguir, jogou no Corinthians (1966 e 1967), no Junior Barranquilla (1968), no Flamengo (1969), no Red Star (França), no Bangu (1970), na Portuguesa Santista (1971) e no Olaria (1972). Ao serviço do Botafogo, conquistou 3 campeonatos estaduais do Rio de Janeiro (1957, 1961 e 1962) e 2 torneios Rio/São Paulo (1962 e 1964). Nos 11 anos em que representou "o escrete", entre 1955 e 1966, Garrincha foi 50 vezes internacional, tendo apontado 13 golos.
Até hoje, não voltou a aparecer um jogador como Garrincha, "A alegria do povo" ou "O anjo das pernas tortas", o maior driblador da História do Futebol Mundial.

terça-feira, 14 de julho de 2009

FRAZIER, Joe (EUA, Boxe)

Joseph Frazier, nascido a 12 de Janeiro de 1944, em Beaufort (EUA), foi um dos maiores pugilistas norte-americanos de todos os tempos e um dos melhores "pesos pesados" da história da modalidade.
Joe Frazier formou com Cassius Clay (mais tarde, Muhamed Ali) e George Foreman o grande triunvirato dos maiores "pesos pesados" da História do pugilismo mundial das décadas de 60 e 70. Estas 3 lendas do boxe têm, ainda, em comum o facto de terem sido Campeões Olímpicos na mesma categoria (+ 81 kg) em 3 edições consecutivas dos Jogos (Cassius Clay em Roma-1960, Joe Frazier em Tóquio-1964 e George Foreman na Cidade do México-1968).
Alguns anos mais tarde, já integrados no boxe profissional, as carreiras dos 3 pugilistas norte-americanos cruzaram-se várias vezes através de combates épicos que decidiram a atribuição do respectivo título de Campeão do Mundo, o qual foi passando de uns para os outros.
Para a história da modalidade, ficam os combates travados, no início dos anos 70, entre Joe Frazier e Muhamed Ali, sobretudo aquele que, ainda hoje, é considerado o "combate do século", o qual teve lugar em Nova Iorque, no Madison Square Garden, a 8 de Março de 1971. Neste combate, Joe Frazier levou Muhamed Ali ao tapete (ver foto em cima: Frazier de costas), constituindo a primeira derrota da carreira de Ali por decisão unânime dos árbitros.
Joe Frazier sucedeu a Muhamed Ali no trono do boxe mundial, mantendo o respectivo ceptro entre Março de 1968 e Janeiro de 1972.
Os dois pugilistas voltaram a defrontar-se em 1975, em Manila, naquela que foi a última tentativa de Frazier para recuperar o ceptro mundial que entretanto tinha perdido, em 1973, para George Foreman. Porém, desta vez, Muhamed Ali, a atravessar a fase mais sólida da sua longa carreira, não deu hipóteses a Joe Frazier, conseguindo desforrar-se deste, ao triunfar por KO técnico ao 15º assalto.
Terminava, assim, a carreira deste grande pugilista norte-americano, o qual marcou uma era no panorama do boxe mundial durante as décadas de 60 e 70, ficando, para a história, como uma das lendas da modalidade.

sábado, 4 de julho de 2009

FRASER, Dawn (Austrália, Natação)

Dawn Fraser, nascida a 4 de Setembro de 1937, em Sydney, na Austrália, foi a maior nadadora australiana de todos os tempos e uma das melhores de sempre da história da natação mundial.
Dawn Fraser ficou na História dos Jogos Olímpicos ao tornar-se no único nadador, tanto masculino, como feminino, a ganhar a mesma prova individual 3 vezes, recorde que ainda hoje permanece.
Com efeito, Fraser conquistou a medalha de ouro na prova de 100 metros livres em 3 edições consecutivas dos Jogos Olímpicos: Melbourne, em 1956; Roma, em 1960; Tóquio, em 1964.
Em Outubro de 1962, Fraser tornou-se igualmente na primeira mulher a nadar os 100 metros livres em menos de 1 minuto. Em Fevereiro de 1964 retirou um segundo ao recorde mundial daquela especialidade, demonstrando que estava preparada para conquistar, nos Jogos de Tóquio, a sua 3ª medalha de ouro consecutiva naquela distância, facto que se veio a verificar.
No entanto, ainda antes do início dos Jogos Olímpicos, em Março de 1964, Fraser viveu um acontecimento trágico que marcaria a sua vida para sempre.
De facto, quando Fraser conduzia um automóvel, levando consigo mais 3 pessoas (a mãe, uma irmã e um amigo), a certa altura perdeu o controlo da viatura, embatendo violentamente contra um camião. Deste acidente, resultou a morte da sua mãe, tendo a sua irmã ficado bastante ferida e a própria Fraser teve de ser hospitalizada, ficando, durante 6 semanas, com um colar de plástico no pescoço.
Sete semanas depois do desastre, Fraser integrou, pela 3ª vez, a selecção olímpica australiana, revelando uma grande força anímica. Mas poucos eram os que acreditavam na possibilidade de uma mulher de 27 anos repetir as vitórias anteriores.
Depois de ter batido o recorde olímpico na eliminatória que precedeu a final, Fraser sentiu grandes dificuldades para vencer, na prova decisiva, a forte nadadora norte-americana Sharon Stouder, de apenas 15 anos. Todavia, durante os últimos 30 metros, Fraser, fazendo uso do seu espírito indomável, encontrou forças não se sabe onde e obteve um triunfo histórico, baixando ainda mais o máximo olímpico para 59,5 segundos.
Para além das 3 medalhas de ouro conquistadas nos 100 metros livres, Fraser alcançou ainda mais 3 medalhas: uma de ouro na estafeta de 4x100 metros livres e outra de prata na prova de 400 metros livres, nos Jogos Olímpicos de Melbourne, em 1956; uma de prata na estafeta de 4x100 metros livres, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964. Assim, Fraser conquistou um total de 6 medalhas em Jogos Olímpicos.
Ao longo da sua carreira, Dawn Fraser bateu também 27 recordes mundiais em provas individuais. Muito naturalmente, conquistou o estatuto de heroína australiana, sendo considerada a maior atleta australiana de sempre. Em 1988, a principal piscina de Sydney foi justamente baptizada com o seu nome.