Abebe Bikila, nascido na Etiópia, a 7 de Agosto de 1932, foi um dos maiores maratonistas de todos os tempos, tendo sido bicampeão olímpico da Maratona.
Nos Jogos Olímpicos de Roma, em 1960, Bikila, então com 28 anos, "espantou o Mundo" com o triunfo, de todo inesperado, na mais dura e exigente prova de atletismo do programa olímpico, a Maratona, ainda para mais tendo corrido descalço (!) a longa distância de 42,195 km. Era a 1ª vez que um desportista oriundo da África Negra se sagrava campeão olímpico. Esta vitória seria o prenúncio do domínio que os atletas etíopes e quenianos iriam exercer no futuro nas corridas de meio-fundo e fundo.
A Maratona dos Jogos Olímpicos de Roma decorreu, pela 1ª vez, à noite e teve o seu início e final fora do estádio olímpico. A cerca de 1,5 km da meta, Bikila deu o derradeiro "golpe de misericórdia" nas aspirações do seu adversário directo, colocando um ponto final na oposição e resistência do marroquino Rhadi Abdesselim que, por sinal, o acompanhava desde os 18 km da prova, e que sendo um dos favoritos à vitória, teve de contentar-se com a medalha de prata.
Os seus sucessos não se ficariam por aqui, já que, quatro anos mais tarde, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964, Bikila, a correr já calçado, revalidou o título olímpico, obtendo uma vitória clara e retirando mais de 5 minutos à marca que havia alcançado quatro anos antes em Roma. Aliás, a marca de elevado nível obtida por Bikila em Tóquio (2 horas, 12 minutos e 11,2 segundos) passava a constituir, na altura, o melhor resultado mundial de sempre na distância.
Como seria de esperar e muito justamente, as duas vitórias olímpicas na Maratona deram enorme fama e proveito a Bikila, o qual vivia, por essa altura, o ponto mais alto da sua carreira até então, sendo alvo das maiores honrarias por parte do Imperador da Etiópia. Contudo, os sucessos e os dias de glória do grande corredor africano estavam a chegar ao fim, pois, a partir dos Jogos Olímpicos de Tóquio, Bikila não mais conseguiu atingir, nem de perto nem de longe, o mesmo nível de outrora.
Com efeito, Bikila ainda voltou a participar nos Jogos Olímpicos, os terceiros da sua carreira, no México, em 1968, porém, desta vez, aquela que seria a sua terceira vitória na Maratona não se concretizou, uma vez que, devido a uma fractura de esforço, o atleta etíope foi forçado a desistir da prova com 17 km percorridos. Iria começar, em breve, o calvário e o drama do grande atleta africano; ele que vivera anos de grande felicidade, iria de repente experimentar o infortúnio e a tragédia.
De facto, no ano seguinte, em 1969, Abebe Bikila sofre um aparatoso acidente de viação, que lhe provoca várias fracturas na coluna vertebral, deixando-o paralisado da cintura para baixo e atirando-o para uma cadeira de rodas, até ao fim dos seus dias.
Em 1972, nos Jogos Olímpicos de Munique, Abebe Bikila, então com 40 anos, é um dos convidados de honra dos Jogos, recebendo, pela última vez na sua vida, uma calorosa ovação de um estádio repleto de público, que quis homenagear e prestar um tributo a um dos maiores atletas do século XX.
No ano seguinte, a 25 de Outubro de 1973, Abebe Bikila não resiste a uma hemorragia cerebral, falecendo com apenas 41 anos de idade. Na História dos Jogos Olímpicos e do Atletismo Mundial, Abebe Bikila será para sempre recordado como o 1º atleta masculino africano a vencer a Maratona em duas edições consecutivas dos Jogos e, igualmente, o 1º a conquistar medalhas para a Etiópia e para a África Oriental.
São proezas como estas que fazem nascer as lendas e os heróis como Bikila, um humilde soldado etíope que um dia correu descalço e foi coroado "Imperador da Maratona" na cidade eterna, Roma!
2 comentários:
Olá Alexandre Ribeiro!
Por acaso já tinha visitado este blogue...
Um abraço de um colega de entrevista!...
Olá Paulo. Gostei de o ouvir falar sobre a sua colecção de táxis. É uma temática interessante e fora do vulgar.
Volte sempre. Um abraço e até um dia destes.
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