Fanny Blankers-Koen, nascida na Holanda, a 26 de Abril de 1918, foi uma das melhores atletas de todos os tempos, tendo conquistado 4 medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres, em 1948, proeza esta que, no sector feminino do atletismo, até hoje ninguém logrou repetir.
Fanny fez a sua estreia em Jogos Olímpicos, nos jogos de Berlim, em 1936, os quais ficaram, para a História, como os jogos da propaganda do regime nazi, chefiado por Hitler, e que pretendiam mostrar ao mundo a suposta superioridade da raça ariana. Ironicamente e para grande contrariedade e frustração do Fuhrer, a principal figura dos jogos viria a ser o norte-americano Jesse Owens, um atleta negro, que só à sua conta conquista 4 medalhas de ouro, vencendo categóricamente a concorrência alemã.
No que diz respeito à prestação de Fanny, esta, então com apenas 18 anos, obtém dois 5º lugares: um no salto em altura e o outro na estafeta de 4x100 m. No entanto, o feito extraordinário alcançado por Jesse Owens nestes jogos iria servir de inspiração e de motivação para a jovem atleta holandesa, que em 1948 iria igualar, em número de medalhas de ouro conquistadas, a proeza do atleta norte-americano.
Com o eclodir da 2ª Guerra Mundial (1939-1945) e o consequente cancelamento das Olimpíadas de 1940 e 1944, Fanny teve de esperar 12 anos para voltar a estar presente noutra edição dos Jogos Olímpicos. Durante esse longo interregno, apesar da Holanda estar sob o domínio da Alemanha Nazi, Fanny não esteve parada, antes pelo contrário, continuou a competir com regularidade, tendo, inclusivamente, batido recordes mundiais e sido mãe por duas vezes.
Entretanto, tinha decorrido apenas um ano desde o fim do 3º Reich e do terrível conflito mundial, quando Fanny conquista duas medalhas de ouro nos Campeonatos da Europa de Atletismo de 1946, realizados em Oslo, na Noruega.
Porém, o melhor estava guardado para dois anos mais tarde, quando, em 1948, nos Jogos Olímpicos de Londres, Fanny, então com 30 anos feitos poucos meses antes, se torna na grande figura dos jogos e na "Rainha" do atletismo, ao conquistar 4 títulos olímpicos nesta modalidade, entrando para a história e lenda dos Jogos Olímpicos.
Com efeito, a saga de Fanny iniciou-se na prova de 100 m, a qual venceu facilmente e de forma folgada. Seguiu-se a prova de 80 m barreiras, na qual Fanny sentiu grandes dificuldades para vencer, tendo alcançado a vitória de forma muito apertada. As suas duas outras vitórias foram históricas, por diferentes razões. Na prova de 200 m, Fanny obteve o triunfo mais folgado de sempre em Jogos Olímpicos. Já na estafeta de 4x100 m, recebeu o testemunho na 4ª posição mas, nos últimos 100 m, com uma recuperação fantástica, cortou a meta em 1º lugar, levando a Holanda à vitória. Fanny acabava de entrar para a galeria restrita das lendas dos jogos, atingindo a glória aos 30 anos e já depois de ter sido mãe de 2 filhos, poucos anos antes.
Apesar deste feito já de si notável, Fanny poderia ter alcançado, nos jogos de Londres, uma proeza ainda maior, caso o calendário lhe tivesse permitido participar no salto em altura (especialidade na qual possuía, como recorde pessoal, 1,71 m, tendo a marca de 1,68 m valido a medalha de ouro à vencedora) e no salto em comprimento (especialidade na qual a vencedora saltou 5,69 m, quando Fanny detinha o recorde pessoal de 6,25 m).
Em 1950, Fanny conquista mais 3 títulos europeus, alcançando grande destaque, sobretudo, na prova combinada de pentatlo, na qual bateu o recorde mundial.
Fanny ainda voltaria a participar, em 1952, em mais uma edição dos Jogos Olímpicos, agora em Helsínquia. Contudo, desta vez, Fanny não conseguiria alcançar nenhuma posição de destaque, não conquistando nenhuma medalha, o que se compreende, pois com 34 anos a sua forma física já não era a mesma. De qualquer maneira, despediu-se de forma digna do maior acontecimento desportivo mundial que lhe deu a fama e a glória, transformando Fanny Blankers-Koen numa lenda imortal dos Jogos Olímpicos e do atletismo mundial.
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