terça-feira, 29 de dezembro de 2009

F.C. Porto - Campeão Nacional (Época 1977/78)

Em 1978, a "Fosforeira Portuguesa - Espinho" lançou mais uma das suas bonitas colecções de carteiras de fósforos, desta vez, em homenagem ao F.C. Porto, para comemorar a conquista do título de campeão nacional da 1ª divisão, referente à época de 1977/78.
Esta colecção era constituída por 24 carteiras de fósforos (com as fotografias dos técnicos e jogadores do plantel portista), as quais vinham dentro de uma caixa de plástico transparente. Cada carteira trazia 40 fósforos (amorfos) e custava 9 tostões (90 centavos). Contudo, as carteiras não se vendiam avulso, como facilmente se compreende, pois apenas fazia sentido adquirir a colecção completa.



De cima para baixo e da esquerda para a direita: Taí, Teixeira II (Teixeirinha), Rodolfo, Octávio, Celso, Gonzalez, Gomes, Duda, Seninho, Vital, Toninho Metralha e Ademir.
José Maria Pedroto (treinador principal), António Morais (treinador adjunto), Hernâni Gonçalves (preparador físico), Oliveira, Fonseca (g.r.), Torres (g.r.), Rui (g.r.),  Gabriel, Simões, Freitas, Teixeira I e Murça.

Ao fim de uns longos e dolorosos 18 anos de jejum (entre 1960 e 1977, inclusivé), o F.C. Porto voltava a sagrar-se campeão nacional de futebol, sob o comando do carismático "mestre", José Maria Pedroto (1928-1985), popularmente e carinhosamente apelidado de "Zé do boné".
Finalmente, o F.C. Porto lograva ultrapassar e vencer aquele traumatizante e complexo obstáculo, que constituía uma espécie de fraqueza e de inibição da equipa portista, sempre que esta tinha de atravessar a Ponte da Arrábida, rumo a Lisboa, para defrontar os seus rivais da capital (Benfica e Sporting).
Com efeito, este complexo ameaçava eternizar-se, pois desde a longínqua época de 1958/59 (ano em que a equipa portista se havia sagrado, pela última vez, campeã nacional) que o F.C. Porto ambicionava conquistar novamente o tão saboroso título de campeão nacional. Esse dia de glória e de felicidade chegou por fim, passados 18 anos. E diga-se, de passagem, que foi um título "arrancado a ferros" e disputado até ao último instante, pois tudo se decidiu na última jornada, tendo o F.C. Porto e o Benfica terminado o campeonato com os mesmos pontos (51), com os portistas a desempatarem a seu favor, devido ao maior goal-average.

domingo, 13 de dezembro de 2009

HILL, Graham (Inglaterra, Fórmula 1)

Norman Graham Hill, nascido a 15 de Fevereiro de 1929, em Hampstead (Inglaterra), foi um dos maiores pilotos ingleses de Fórmula 1 de todos os tempos e um dos grandes pilotos mundiais do século XX.
Graham Hill começou a correr aos 24 anos de idade e, desde logo, mostrou ser um piloto com talento para as corridas, aliando um estilo calculista a um grande sentido de oportunidade, só arriscando pela certa.
Graham Hill era igualmente um piloto alegre, simpático e sempre bem disposto, com uma forma muito própria de estar na vida, cujas características, aliadas a uma imagem bem cuidada e até charmosa, ao estilo de um galã do cinema (o seu bigode fazia lembrar o de Errol Flynn), fizeram dele um dos mais populares pilotos mundiais da sua época.
Graham Hill estreou-se, na Fórmula 1, em 1958, ao volante de um Lotus, após ter conseguido convencer Colin Chapman a dar-lhe o lugar na equipa, quase sem o conhecer.
Dois anos mais tarde, em 1960, Hill sagra-se, pela 1ª vez, Campeão do Mundo de Fórmula 1, ao volante de um BRM. Hill voltaria a conquistar um novo título de Campeão do Mundo, em 1968, desta vez ao volante de um Lotus, na sua 2ª passagem por esta equipa, quando já contava 39 anos de idade.
Graham Hill correu na Fórmula1 ao longo de 18 épocas, mais concretamente, entre 1958 e 1975. Durante este longo periodo de tempo, Hill disputou um total de 176 grandes prémios, tendo vencido 14 deles. Acumulou um total de 289 pontos, obteve 13 pole-positions e 10 melhores voltas. Em 18 temporadas, Hill correu por 5 equipas diferentes: duas vezes pela Lotus (1958 e 1959; entre 1967 e 1970); pela BRM (entre 1960 e 1966); pela Brabham (1971 e 1972); pela Shadow (1973); pela Lola (1974 e 1975).
Na História da Fórmula 1, nenhuma dinastia teve tanto sucesso como os Hill (com 3 títulos mundiais), já que, para além do pai (Graham) se ter sagrado bi-campeão do mundo (1962 e 1968), também o seu filho (Damon) arrecadou o ceptro máximo em 1996. Ambos eram pilotos cautelosos, que arriscavam pouco em pista, tendo ganho relativamente poucos grandes prémios (Graham venceu 14 em 176 e Damon venceu 22 em 122), porém tal não impediu que tivessem sido 3 vezes campeões do mundo!
A 29 de Novembro de 1975, aos 46 anos, Graham Hill viria a falecer vítima de um acidente de aviação, quando o avião privado que pilotava se despenhou, numa noite de nevoeiro, num campo de golfe, em Arkley.
O mundo da Fórmula 1 voltava a ficar ensombrado por mais um trágico acidente, enlutando a Inglaterra e o automobilismo mundial, desta vez, devido a um acidente, não na pista, mas no ar.
Na foto em cima, podemos ver o pai Graham com o filho Damon ao colo. Infelizmente, o pai faleceu quando o filho contava apenas 15 anos, não chegando, portanto, a ter a felicidade e o prazer de ver Damon correr e ser, tal como ele, campeão do mundo.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

HIERRO, Fernando (Espanha, Futebol)

Fernando Ruíz Hierro, nascido a 23 de Março de 1968, em Vélez (Málaga), foi um dos maiores defesas centrais espanhóis de todos os tempos e um dos melhores da década de 90 a nível mundial, sendo uma das figuras históricas do Real Madrid e da selecção espanhola.
Após ter iniciado a sua carreira de jogador profissonal no Valladolid, Fernando Hierro ingressou no Real Madrid com 20 anos, no início da época de 1988/89, tendo representado o clube madrileno durante 14 temporadas consecutivas.
Ao longo de quase década e meia, Hierro, dotado de uma forte personalidade e de um grande carisma, tornou-se, não apenas no "patrão" da defesa merengue e num líder, dentro e fora do campo, mas também num autêntico símbolo do Real Madrid.
Em representação da Selecção de Espanha, Hierro revelou-se, desde logo, um dos seus melhores jogadores, assumindo-se como titular indiscutível da defesa espanhola ao longo de 13 anos, entre 1989 e 2002. Durante este período de tempo, Hierro participou consecutivamente em 5 grandes competições internacionais a nível de selecções, tendo estado presente em 3 fases finais do Campeonato do Mundo de Futebol, em 1994 (nos EUA), em 1998 (em França) e em 2002 (na Coreia/Japão) e em 2 fases finais do Campeonato da Europa de Futebol, em 1996 (em Inglaterra) e 2000 (na Bélgica/Holanda).
Em 2003, Hierro, então com 35 anos, abandona o Real Madrid, pondo fim a uma longa e forte ligação de 14 anos e encerrando, simultaneamente, uma brilhante carreira, durante a qual ganhou tudo o que havia para ganhar a nível de clubes, conquistando um total de 16 (!) troféus: 5 Campeonatos de Espanha (1990, 1995, 1997, 2001 e 2003), uma Taça de Espanha/Taça do "Rei" (1993), 4 Supertaças de Espanha (1990, 1993, 1997 e 2001), 3 Ligas dos Campeões (1998, 2000 e 2002), duas Taças Intercontinentais (1998 e 2002) e uma Supertaça Europeia (2002).
Ao serviço da Selecção de Espanha, Hierro totalizou 89 partidas, o que faz dele o 3º jogador espanhol mais internacional de sempre, apenas atrás do guarda-redes Zubizarreta e do seu antigo companheiro de equipa e avançado do Real Madrid, Raúl. Relativamente ao número de golos marcados, Hierro, com 29 golos (marca notável para um defesa!), ocupa o 2º lugar na lista dos melhores marcadores de sempre da Espanha, igualmente atrás de Raúl.
Com efeito, apesar de jogar em terrenos recuados, Hierro foi sempre um defesa que marcava muitos golos, indo à grande área adversária para finalizar, em lances de bola parada (especialista na marcação de grandes penalidades e de livres directos), na sequência de pontapés de canto, ou, inclusivamente, através de lances de bola corrida e de remates de fora da área, mostrando o seu enorme sentido de oportunidade.
A título de curiosidade, refira-se, por exemplo, o registo obtido por Hierro na época de 1991/92, na qual apontou, nada mais nada menos que 21 golos na liga espanhola!
Quando abandonou o Real Madrid em 2003, Hierro tinha já reservado, para si próprio, um lugar de relevo na História do maior clube espanhol e um dos maiores do Mundo. Aliás, reforçando o que afirmámos logo ao início, Hierro é, inclusivamente, considerado por muitos agentes e especialistas do fenómeno futebolístico (comentadores/analistas, jornalistas, técnicos, jogadores, etc.) o melhor defesa central do futebol espanhol do último quarto do século XX. Diga-se de passagem, com toda a justiça, acrescentamos nós.

domingo, 8 de novembro de 2009

HAYES, Bob (EUA, Atletismo)

Robert "Bob" Hayes, nascido a 20 de Dezembro de 1942, em Jacksonville (EUA), foi um dos maiores velocistas norte-americanos de todos os tempos e um dos melhores de sempre da História do Atletismo Mundial.
Em 1964, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, Bob Hayes foi bicampeão olímpico, conquistando a medalha de ouro na prova de 100 metros e na estafeta de 4x100 metros. Na verdade, Bob Hayes foi uma espécie de "furacão" que passou pela pista do Estádio Olímpico de Tóquio, pois obteve, na final do hectómetro, um dos triunfos mais expressivos de sempre na distância.
Aliás, os Jogos Olímpicos de 1964 constituíram para Bob Hayes a sua primeira e única presença numa grande competição internacional. Contudo, Hayes não era propriamente um atleta desconhecido quando chegou aos Jogos de Tóquio, antes pelo contrário, apresentando já um currículo notável.
Com efeito, nas 62 vezes em que tinha corrido os 100 metros, só por duas vezes o atleta norte-americano havia sido derrotado e, em ambas, tal ocorreu quando regressava à competição após recuperação de lesões.
Ao longo da sua carreira, Bob Hayes correu 9 vezes em pista coberta e em 8 delas bateu o recorde do mundo. Também em pista ao ar livre, Hayes bateu por 9 vezes o máximo mundial.
Bob Hayes era, naturalmente, o grande favorito ao triunfo na final do hectómetro e logo nas eliminatórias tratou de provar isso mesmo. O primeiro grande desempenho do atleta norte-americano teve lugar na meia-final dos 100 metros, onde atingiu a marca de 9,90 segundos, embora beneficiando de vento anti-regulamentar.
Na final dos 100 metros, Bob Hayes teve uma saída fulgurante dos blocos, sendo que, a meio da prova, registava já uma vantagem de um metro sobre os adversários mais fortes e, até ao final, conseguiu duplicar esse avanço, alcançando o tempo de 10 segundos, algo de excepcional para a época e atendendo às condições da pista, que era ainda de piso natural (terra batida).
A acrescentar à medalha de ouro conquistada nos 100 metros, seguir-se-ia uma nova medalha de ouro, agora na estafeta de 4x100 metros. Escolhido para efectuar o último percurso da equipa norte-americana na estafeta, Bob Hayes recebeu o testemunho para os últimos 100 metros quando a sua equipa se encontrava em 5º lugar, com uma desvantagem de 3 metros para a equipa da França que ia à frente. Porém, 25 metros depois, Bob Hayes já se encontrava na frente da corrida, vindo a cortar a meta em 1º lugar e conquistando, assim, a sua 2ª medalha de ouro. O atleta norte-americano acabava de correr o hectómetro lançado em 8,90 segundos, o que levou os Estados Unidos a alcançarem um novo máximo mundial, com a fantástica marca de 39 segundos.
Após os Jogos e de regresso aos Estados Unidos, Bob Hayes decidiu mudar de vida, abandonando o atletismo que, naquela época, era ainda um desporto amador, e aceitando um convite tentador de uma equipa de futebol americano, os célebres Dallas Cowboys. Bob Hayes iniciava, assim, uma nova etapa na sua vida desportiva, na qual acabaria por se tornar num dos melhores jogadores da História do Futebol Americano, sendo eleito, por duas vezes, o melhor jogador da liga profissional norte-americana.
Depois de abandonar o desporto, Bob Hayes viu-se envolvido numa série de problemas relacionados com o mundo da droga, o que o levou, inclusivamente, a passar ano e meio na prisão. Bob Hayes viria a falecer a 18 de Setembro de 2002, a 2 meses de completar 60 anos. Chegava, assim, ao fim a vida de um dos maiores atletas e desportistas norte-americanos do século XX, que ficou na História de dois dos mais importantes desportos da América: O atletismo e o futebol americano.

domingo, 1 de novembro de 2009

HARY, Armin (Alemanha, Atletismo)

Armin Hary, nascido a 22 de Março de 1937, em Quierschied, na Alemanha, foi o maior velocista alemão de todos os tempos e um dos melhores do Mundo da década de 60, tendo sido o 1º atleta alemão a ganhar uma medalha de ouro olímpica numa prova de velocidade.
Com efeito, nos Jogos Olímpicos de Roma, em 1960, Hary, já então recordista mundial, conquistou duas medalhas de ouro, a 1ª na prova de 100 metros e a 2ª na estafeta de 4x100 metros.
Em Roma, Hary tornou-se no 1º atleta não anglófono a triunfar no hectómetro, tendo nesta prova obtido o tempo de 10,2 segundos, superando um recorde olímpico que já vigorava há 28 anos, desde os Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1932.
Na final dos 100 metros, Hary venceu o norte-americano David Sime e o inglês Peter Radford, confirmando, assim, as excelentes indicações que dera antes dos Jogos e que o cotavam já como um dos maiores velocistas de todos os tempos.
Na verdade, antes da conquista do título olímpico do hectómetro, Hary já entrara para a História do Atletismo Mundial, ao ser o 1º atleta a cobrir, por duas vezes, os 100 metros, em 10 segundos. Tal feito ocorreu a 21 de Junho de 1960, no meeting de Zurique (Suíça), pouco tempo antes dos Jogos de Roma.
Como curiosidade, refira-se que Hary era treinador de si próprio e uma das características que notabilizaram o velocista germânico foi o seu tempo de reacção ao tiro de partida e as consequentes arrancadas fulgurantes dos blocos que muitos consideravam ilegal.
Pouco depois dos Jogos Olímpicos de Roma, na sequência de um acidente de automóvel, Hary lesionou-se gravemente num joelho, tendo mesmo de abandonar o atletismo. Terminava, assim, de forma precoce e abrupta, uma carreira até aí sensacional e que ainda muito prometia. Mas, de facto, a História do Desporto está repleta de casos infelizes como este, caminhando o sucesso, a glória e a felicidade lado a lado com o fracasso, a tragédia e o infortúnio.
Mais tarde, em 1980, Hary viu-se envolvido numa burla gigantesca relacionada com apostas ilegais ao jogo, sendo inclusivamente preso e cumprindo 3 anos de cadeia. Viria a falecer a 21 de Março de 2002, um dia antes de completar 65 anos. Para a História dos Jogos Olímpicos e do Atletismo Mundial, Hary permanecerá como um dos seus maiores velocistas de sempre.

sábado, 24 de outubro de 2009

HAGI, Gheorghe (Roménia, Futebol)

Gheorghe Hagi, nascido a 5 de Fevereiro de 1965, em Sacele, povoação da província da Valáquia (Roménia), é considerado o maior futebolista romeno de todos os tempos, tendo ficado para sempre imortalizado como o "Maradona dos Cárpatos".
Com efeito, Hagi foi um médio ofensivo de grande talento que ficou na História do futebol mundial pelas suas enormes qualidades técnicas, das quais se destacavam um fabuloso e "mágico" pé esquerdo, os passes milimétricos a rasgar as defesas contrárias e a desmarcar os seus colegas, a arte de marcar na conversão de livres directos e a extraordinária visão de jogo. Estas qualidades e atributos granjearam-lhe o estatuto de melhor futebolista romeno do século XX, o mais genial, virtuoso e talentoso jogador que a Roménia produziu até hoje.
Hagi iniciou a sua carreira de futebolista, em 1982/83, no modesto Farul Constanza, seguindo-se o Sportul Studentescu, onde jogou durante 3 épocas, em 1983/84, 1984/85 e 1985/86, e ao serviço do qual começou a dar nas vistas e a mostrar todas as suas potencialidades. No Sportul, Hagi sagrou-se melhor marcador do campeonato romeno em duas épocas consecutivas, em 1984/85, com 20 golos, e em 1985/86, com 31 golos. No final da 3ª temporada, Hagi, então com apenas 21 anos, transferiu-se para o poderoso Steaua de Bucareste, o maior clube da Roménia, apoiado pelo exército e pelo governo romenos.
Ao serviço do Steaua, onde esteve durante 4 épocas, entre 1986/87 e 1989/90, Hagi conquistou 4 campeonatos romenos consecutivos e igual número de Taças da Roménia. Logo na sua 1ª época ao serviço do Steaua, Hagi conquistou, em 1986, a Supertaça Europeia. Hagi foi, ainda, finalista vencido da Taça dos Campeões Europeus, em 1989, tendo a equipa romena sido derrotada inapelavelmente pelo fortíssimo AC Milan, por um concludente 4-0.
Com toda a naturalidade, fruto das suas excelentes exibições ao serviço do Steaua, Hagi começou a ser assediado pelos grandes clubes da Europa, nomeadamente, de Espanha, através do Real Madrid e do Barcelona, clubes onde, aliás, viria a jogar, após abandonar o futebol romeno, no final da época de 1989/90.
Assim, não espantou que Hagi ingressasse no Real Madrid na época seguinte, tendo aí permanecido durante duas épocas (1990/91 e 1991/92). Pela 1ª vez na sua carreira, Hagi não teve sucesso num clube e, de facto, os 2 anos passados em Madrid foram para esquecer, pois o jogador romeno nunca conseguiu adaptar-se nem ao clube nem à cidade, realizando exibições irregulares, não conseguindo, colocar em campo, todas as suas qualidades futebolísticas.
A seguir a esta experiência falhada, Hagi transferiu-se para Itália, indo jogar duas temporadas no Brescia (1992/93 e 1993/94). Na sequência da excelente campanha realizada pela Roménia e por Hagi no Campeonato do Mundo de Futebol dos EUA, em 1994, o jogador romeno voltou a ser assediado por outro clube espanhol e, desta vez, Hagi rumou ao rival do Real Madrid, o Barcelona, ao serviço do qual jogou também durante duas épocas (1994/95 e 1995/96). Também em Barcelona, à semelhança do que se tinha passado em Madrid, Hagi voltou a não ser feliz, pelo que, no final da 2ª época, decidiu abandonar definitivamente o futebol espanhol.
Em representação da Roménia, Hagi esteve presente em 3 edições do Campeonato da Europa de Futebol, em França (1984), em Inglaterra (1996) e na Bélgica/Holanda (2000) e noutras tantas edições do Campeonato do Mundo de Futebol, em Itália (1990), nos EUA (1994) e em França (1998). Foi, porém, no "Mundial" de 1994 que Hagi teve a sua melhor prestação ao serviço da selecção romena, com 5 jogos efectuados e 3 golos marcados, assumindo-se como o líder, "patrão" e maestro (nº10) da equipa, realizando exibições de grande nível e conduzindo a Roménia aos quartos-de-final da prova, onde viria a ser eliminada pela Suécia, após um jogo espectacular, emocionate e disputadíssimo (empate 2-2 e derrota 5-4, após desempate por grandes penalidades), sem dúvida, uma das melhores partidas do "Mundial" dos EUA.
Desde a sua estreia pela selecção, com apenas 18 anos, em 1983, até à sua despedida, já com 35 anos, em 2000, Hagi foi 125 vezes internacional pela Roménia, tendo marcado 35 golos, sendo o jogador romeno mais internacional de sempre e a estrela mais brilhante da selecção romena de todos os tempos.
Após duas passagens decepcionantes pelo futebol espanhol, Hagi viria a terminar a sua carreira no futebol turco, indo representar, durante 5 temporadas, o Galatasaray, onde, tal como ao serviço do Steaua, conquistou 4 campeonatos consecutivos (1996/97, 1997/98, 1998/99 e 1999/2000) e, ainda, uma Taça da Turquia, em 1996/97, uma Taça UEFA, em 1999/2000 e uma Supertaça Europeia (a 2ª da carreira) em 2000.
No final da época de 2000/2001, a sua última época na Turquia, Hagi, então já com 36 anos, fechava, com "chave de ouro", uma carreira notável de quase duas décadas, marcada por uma grande longevidade e recheada de inúmeras vitórias e êxitos, dos quais se destacam 16 troféus conquistados: 8 títulos de campeão (4 na Roménia e 4 na Turquia), 5 Taças (4 na Roménia e uma na Turquia), uma Taça UEFA e duas Supertaças Europeias.
Após abandonar os relvados, Hagi foi seleccionador da Roménia. O maior embaixador do seu país começava, assim, uma nova carreira na sua vida desportiva, mas agora fora das quatro linhas, onde o perfume do seu futebol virtuoso deixou imensas saudades entre os amantes do "desporto-rei".

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

GULLIT, Ruud (Holanda, Futebol)

Ruud Gullit, nascido a 1 de Setembro de 1962, em Amesterdão, foi um dos maiores futebolistas holandeses de todos os tempos e um dos melhores jogadores do Mundo da 2ª metade da década de 80 e início da década de 90 do século XX.
Apesar de ter nascido em Amesterdão, não foi nas escolas de formação do Ajax que Gullit se fez jogador, ao contrário do que sucedeu com muitos dos grandes jogadores holandeses das décadas de 60, 70 e 80.
Com efeito, antes de se transferir para o estrangeiro e, concretamente, para Itália, Gullit alinhou, na Holanda, pelos rivais de Roterdão e de Eindhoven, respectivamente, Feyenoord e PSV, ao serviço dos quais se sagrou campeão holandês, atingindo aí o estrelato que lhe permitiu, entre outras coisas, conquistar uma posição de destaque e um estatuto de liderança na selecção "laranja".
Ao serviço da Selecção da Holanda, Ruud Gullit esteve presente em duas edições do Campeonato da Europa (em 1988, na Alemanha e em 1992, na Suécia) e numa edição do Campeonato do Mundo (em 1990, na Itália), tendo atingido a consagração máxima, com a camisola "laranja", ao erguer, como capitão, o troféu correspondente ao título europeu de futebol de 1988, conquistado na Alemanha, após vitória, por 2-0, no jogo decisivo diante da URSS, tendo Gullit sido o autor do 1º golo dessa final.

Gullit e a geração da 2ª metade da década de 80 (Rijkaard, os irmãos Koeman, Ronald e Erwin, Van Basten, Vanenburg, Wouters, etc.) contribuiram para o "ressuscitar" da "laranja mecânica" da década de 70 (Cruyff, Neeskens, Krol, Rep, Resenbrink, etc.) ou não fosse Rinus Michels o "pai" comum, o mentor, o "arquitecto" e o treinador-seleccionador destas duas extraordinárias gerações de jogadores.
Ao fim de 12 anos (1981-1993) em representação da Holanda, ao serviço da qual disputou 66 jogos e marcou 17 golos, Gullit abandona a selecção, incompatibilizado com o seleccionador de então, Dick Advocaat, não chegando a integrar o lote de seleccionados para o Campeonato do Mundo de 1994, realizado nos EUA.
Ruud Gullit começou a carreira de futebolista no modesto Haarlem, em 1979, de onde se transferiu, em 1982, com apenas 19 anos, para o Feyenoord, clube pelo qual conquistou a "dobradinha" (Campeonato e Taça da Holanda), em 1984. No ano seguinte, Gullit saiu para o PSV Eindhoven, ao serviço do qual, actuando em posições mais adiantadas do terreno, adquiriu notoriedade e projecção futebolísticas. Pelo PSV, sagrou-se bicampeão holandês em 2 épocas consecutivas (1985/86 e 1986/87).
Na Holanda, Gullit efectuou um total de 208 jogos na 1ª Divisão, marcando 94 golos, a que devem somar-se, ainda, 36 jogos e 14 golos no escalão secundário, ao serviço do Haarlem. Na Taça, o saldo fica-se por 8 jogos efectuados e 1 golo apontado.
Após duas épocas espectaculares ao serviço do PSV Eindhoven, onde Gullit evidenciou todas as suas enormes qualidades técnicas e físicas, ingressa, em 1987, no calcio, transferindo-se para o "colosso" AC Milan, ao serviço do qual ganhou tudo o que havia para ganhar. A transferência protagonizada por Gullit, em 1987, foi, à data, a mais cara transferência da história do futebol.
Em Itália, Gullit estreia-se na 1ª Divisão, a 13 de Setembro de 1987, no jogo Pisa-Ac Milan, com vitória do clube de Milão, por 3-1. Ao serviço do poderoso clube de Milão, e juntamente com os compatriotas, Frank Rijkaard e Marco Van Basten (o famoso "trio de ouro holandês"), Gullit conquista 3 scudettos (campeonato italiano, em 1988, 1992 e 1993), duas Supertaças de Itália, duas Taças dos Campeões Europeus consecutivas (em 1989, frente ao Steaua de Bucareste, vitória por 4-0, com 2 golos de Gullit; em 1990, frente ao Benfica, vitória por 1-0), duas Taças Intercontinentais e duas Supertaças Europeias (ambas em 1989 e 1990).
A segunda metade da década de 80 foi, de facto, a época áurea de Ruud Gullit, período de tempo no qual o jogador holandês conquistou os maiores êxitos da sua carreira e onde atingiu o apogeu das suas capacidades futebolísticas, demonstrando, em campo, uma combinação perfeita entre técnica e força ao serviço do colectivo. Em 1987, Gullit conquista a "Bola de Ouro" (Futre fica em 2º lugar), troféu destinado ao melhor jogador europeu, tendo sido, ainda, eleito pela FIFA, nesse mesmo ano, o melhor jogador do Mundo, cuja vitória iria repetir em 1989.
Nos primeiros anos da década de 90, Gullit debate-se com algumas lesões que lhe provocam sucessivos problemas físicos e abaixamentos de forma. Após 6 épocas (1987-1993) ao serviço do AC Milan, Gullit transfere-se, em 1993, para a Sampdoria, onde permanece durante duas temporadas, vencendo a Taça de Itália, em 1994.
Em Itália, Gullit realizou um total de 178 jogos no campeonato (125 pelo AC Milan e 53 pela Sampdoria) e marcou 59 golos (35 pelo AC Milan e 24 pela Sampdoria); na Taça efectuou 33 partidas (23 pelo AC Milan e 10 pela Sampdoria) e apontou 8 golos (6 pelo AC Milan e 2 pela Sampdoria).
Em 1995, Gullit ingressa no futebol inglês, transferindo-se para o Chelsea e sendo eleito, logo na 1ª época, o 2º melhor jogador do campeonato. Na época seguinte (1996/97) acumula as funções de jogador e técnico do clube londrino. Foi já na dupla condição de jogador-treinador que Gullit conquistou a Taça de Inglaterra, em 1997, tornando-se no 1º treinador estrangeiro (não britânico) a conquistar tal proeza.
Embora já não fosse o seu treinador (despedido pouco tempo antes da final) quando o Chelsea conquistou a Taça das Taças, em 1998, Gullit foi o principal responsável pela chegada do clube de Londres à final da competição. Após deixar o Chelsea, em 1988, Gullit passou a orientar o Newcastle, mas o mau início de época acrescido aos problemas de relacionamento, nomeadamente com a estrela da equipa, o carismático avançado Alan Shearer, precipitaram a sua saída do clube em 1999. Gullit abandonou então a Inglaterra, regressando à Holanda e "exilando-se" em Amesterdão, junto da família. Pouco tempo depois, ainda chegou a orientar a selecção holandesa de sub-21.
Para além de tudo aquilo que Ruud Gullit foi como futebolista, daquilo que ele representou para o futebol e das vitórias, títulos e êxitos que alcançou, outra imagem de marca perdurará para sempre entre os amantes do "desporto-rei": as longas tranças no seu cabelo fazendo lembrar um cantor de música reaggae, "O Bob Marley do futebol"!

sábado, 10 de outubro de 2009

GROSS, Michael (Alemanha, Natação)

Michael Gross, nascido a 17 de Junho de 1964, em Frankfurt, na Alemanha, foi um dos maiores nadadores alemães de todos os tempos e um dos melhores especialistas mundiais de sempre do estilo mariposa.
Michael Gross, então com 20 anos, destacou-se nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, ao conquistar 4 medalhas olímpicas, duas de ouro e duas de prata, tendo sido o único nadador europeu a contestar a tradicional supremacia norte-americana nesta modalidade.
Michael Gross ficou conhecido para a posteridade como "O Albatroz", devido ao nariz original e, sobretudo, aos seus enormes braços, os quais faziam lembrar as grandes asas de um Albatroz! Na verdade, Gross era, de certa forma, um "fenómeno da natureza" e um nadador superdotado, pois, para além das características atrás referidas, media 2 metros e pesava 80 kg, fazendo "uma piscina" em apenas 17 braçadas.
Contudo, apesar das suas grandes capacidades físico-atléticas e da qualidade técnica que possuía, Gross não era aquilo a que se pode chamar um "fanático" do trabalho ou um "escravo" do treino, já que treinava apenas uma vez por dia, sempre ao fim da manhã e cerca de metade do tempo dos seus adversários. Aliás, o nadador alemão afirmava, repetidas vezes, que a natação não era a coisa mais importante da sua vida e que nadava, sobretudo, pelo prazer e divertimento que isso lhe dava, tal como, por exemplo, o xadrez, que era para ele igualmente um hobby.
Com efeito, Gross foi sempre um atleta original e diferente dos demais em vários aspectos, pois, para além de se dedicar pouco aos treinos e de não gostar de frequentar ginásios de musculação, também nunca recebeu bolsas, nunca representou marcas, nunca quis frequentar universidades norte-americanas e sempre detestou os actos sociais, primando pela ausência em cerimónias organizadas em sua honra ou para as quais era convidado.
Nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, Michael Gross conquistou 2 títulos olímpicos e bateu outros tantos recordes do mundo: na prova de 100 metros mariposa, com o tempo de 53,08 segundos e na de 200 metros livres, com a marca de 1.47,44 minutos. O nadador alemão alcançou, ainda, mais duas medalhas, ambas de prata, a 1ª na prova de 200 metros mariposa, de facto, a sua grande especialidade, e a 2ª na estafeta de 4x200 metros livres.
A conquista da medalha de prata nos 200 metros mariposa acabou por ser uma pequena consolação para o nadador alemão, já que Gross era o favorito à vitória nesta prova, até porque era o recordista do mundo desta disciplina.
No entanto, na edição seguinte dos Jogos Olímpicos de 1988, realizados em Seul, foi feita justiça e "O Albatroz" conseguiu alcançar a medalha de ouro que lhe tinha escapado 4 anos antes, nos Jogos de Los Angeles. Com efeito, nos Jogos de Seul, Gross conquistou a tão desejada medalha de ouro na prova de 200 metros mariposa, com o tempo de 1.56,94 minutos, tendo alcançado, ainda, a medalha de bronze na estafeta de 4x200 metros livres.
Nas suas duas participações em Jogos Olímpicos, Michael Gross conquistou, assim, um total de 6 medalhas olímpicas, das quais 3 de ouro, ficando, justamente, na História da natação olímpica, como um dos seus melhores nadadores de sempre.

sábado, 3 de outubro de 2009

GRIFFITH-JOYNER, Florence (EUA, Atletismo)

Florence Griffith-Joyner nascida a 21 de Dezembro de 1959, em Los Angeles (EUA), foi a maior velocista norte-americana de todos os tempos e uma das melhores atletas de sempre da História do Atletismo Mundial, sendo, ainda hoje, a recordista mundial dos 100 metros, cuja marca de 10,49 segundos parece quase impossível de bater, pelo menos, nos tempos mais próximos.
Florence teve aquilo a que se pode chamar uma carreira simultaneamente fulgurante e meteórica, a qual durou pouco mais de 4 anos, embora o tempo suficiente para ficar na História dos Jogos Olímpicos e do Atletismo Mundial, ao conquistar, nomeadamente, 4 medalhas nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988.
Com efeito, a atleta norte-americana alcançou vitórias e marcas incríveis apenas numa única temporada, a de 1988, na qual se sagrou tricampeã olímpica, triunfando nas provas de 100 metros, 200 metros e na estafeta de 4 x 100 metros, às quais acrescentou, ainda, a conquista da medalha de prata na estafeta de 4 x 400 metros.
Antes de 1988, muito embora já fosse uma das melhores sprinters dos Estados Unidos, o palmarés de Florence apresentava apenas duas medalhas de prata, ambas conquistadas na prova de 200 metros, uma nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, e a outra nos "Mundiais" de Atletismo de Roma, em 1987; nesta última competição alcançou também a medalha de ouro na estafeta de 4 x 100 metros.
Na verdade, até então, muita da notoriedade alcançada por Florence advinha do facto de ser orientada pelo conceituado técnico Bob Kersee (marido de Jackie Joyner), de usar as unhas muito compridas e pintadas e, ainda, de envergar equipamentos extravagantes. Após alguns altos e baixos na sua carreira, que a fizeram, inclusivamente, abandonar temporariamente o atletismo, Florence regressou às pistas incentivada por Bob Kersee e motivada, entretanto, pelo seu casamento, em 1987, com o então campeão olímpico do triplo salto, Al Joyner (irmão de Jackie Joyner).
Quando se iniciou a fase de preparação da época olímpica para os Jogos de 1988, Flo-Jo, como era carinhosamente conhecida, surgiu melhor do que nunca, com a alma transfigurada e o corpo transformado, mais forte, musculada e poderosa, passando até a correr de forma diferente da habitual. De facto, durante os meses que antecederam os Jogos de Seul, Florence treinou intensivamente, privilegiando a preparação física com halteres e as corridas de resistência, daí não espantando o corpo musculado qua a atleta exibiu na pista de Seul.
Nas provas norte-americanas de apuramento para os Jogos Olímpicos, disputadas em Indianápolis, Florence mostrou, logo naquele momento, encontrar-se numa forma físico-atlética e técnica fabulosa. Basta dizer que na prova de 100 metros, em 4 corridas, Flo-Jo bateu outras tantas vezes o anterior recorde mundial, melhorando-o em 27 centésimos de segundo!
Em Seul, Florence Griffith-Joyner confirmou os resultados alcançados anteriormente no hectómetro, conquistando a medalha de ouro com a marca de 10,54 segundos. No duplo hectómetro, fez o tempo de 21,34 segundos, retirando 30 centésimos de segundo ao máximo mundial! Mesmo na estafeta de 4 x 400 metros, Florence efectuou o último percurso da volta à pista no fantástico tempo de 48,07 segundos, cuja distância não era propriamente a sua especialidade.
Os tempos fabulosos alcançados pela velocista norte-americana e a forma aparentemente fácil como conquistou as 4 medalhas olímpicas em 1988 provocaram dois tipos de reacção em torno da fantástica performance de Florence: espanto e admiração, por um lado, dúvidas e suspeitas, por outro. Com efeito, um pouco por todo o mundo, os especialistas da modalidade (dirigentes, técnicos e jornalistas) começaram a desconfiar do rendimento extraordinário atingido pela atleta norte-americana em tão curto espaço de tempo.
Só para se ter uma ideia exacta do que representa o recorde de Florence nos 100 metros, basta afirmar, por exemplo, que em 1998 (ano da sua morte), a seguir à sua marca de 10,49 segundos, a 2ª mulher mais rápida, Marion Jones, possuía 10,65 segundos.
No início de 1989, de forma brusca e repentina e sem dar uma explicação plausível e convincente, Florence anunciou a retirada das pistas, facto este que levantou muitas interrogações acerca da verdade desportiva dos seus feitos e adensou ainda mais as suspeitas de doping em torno da atleta.
Florence Griffith-Joyner viria a falecer a 21 de Setembro de 1998, a 2 meses de completar 39 anos, vítima de morte súbita atribuída a uma paragem cardíaca. Até ao fim dos seus dias, nunca chegaram a ser provadas as suspeitas de doping que recaíam sobre Flo-Jo, continuando-se, até hoje, a especular sobre a verdadeira dimensão dos seus feitos e o seu real valor enquanto atleta.
Uma coisa é certa. Nunca uma atleta e, neste caso, uma campeã olímpica, terá suscitado tanta polémica, especulação, dúvidas e suspeitas em seu torno como Florence Griffith-Joyner suscitou ao longo da sua curta mas fabulosa carreira. Morreu a atleta, ficou o mito e a lenda!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

GREENE, Maurice (EUA, Atletismo)

Maurice Greene, nascido a 23 de Julho de 1974, em Kansas City (EUA), foi um dos maiores velocistas norte-americanos de todos os tempos e um dos melhores de sempre da História do Atletismo Mundial.
Maurice Greene dominou a prova de 100 metros nos últimos anos do século XX, tendo, durante esse período, vencido todas as principais competições no hectómetro, do qual chegou a ser detentor do recorde do mundo, tendo alcançado, ainda, cerca de uma dezena de marcas abaixo dos 9,90 segundos.
Treinado por John Smith, ex-velocista norte-americano da década de 60, Maurice Greene atingiu uma elevada performance física e técnica que lhe possibilitou a obtenção de grandes marcas em pista, tendo ficado, inclusivamente, conhecido como "O Fenómeno" ou ainda "A Bala de Canhão de Kansas".
Com efeito, Maurice Greene é, ainda hoje, o detentor do recorde do mundo dos 60 metros em pista coberta (6,39 segundos), alcançado em Madrid, em 1998. Além disso, foi recordista mundial dos 100 metros, com a marca de 9,79 segundos, obtida em Atenas, em 1999. Nesta última distância, o atleta norte-americano conseguiu retirar 5 centésimos de segundo ao anterior máximo mundial que era pertença do canadiano Donovan Bailey (9,84 segundos). A marca de 9,79 segundos manteve-se como recorde do mundo do hectómetro até 2005, ano em que o jamaicano Asafa Powell cobriu os 100 metros em 9,77 segundos, antes de retirar mais 3 centésimos de segundo em 2007, fazendo 9,74 segundos.
Durante a 2ª metade da década de 90, Maurice Greene foi ganhando tudo o que havia para ganhar, patenteando no hectómetro uma supremacia sem igual. Nesse período, conquistou 3 medalhas de ouro consecutivas na prova de 100 metros dos Campeonatos do Mundo de Atletismo, em 1997 (Atenas), em 1999 (Sevilha) e em 2001 (Edmonton). Nos "Mundiais" de 1999, Greene arrecadou ainda mais duas medalhas de ouro, na prova de 200 metros e na estafeta de 4x100 metros, fazendo o "trio dourado".
Contudo, o grande momento do atleta norte-americano ainda estava para chegar. Na verdade, a confirmação e a consagração de Maurice Greene, como "Rei" do hectómetro, ocorreu nos Jogos Olímpicos de Sydney (Austrália), em 2000, quando conquistou 2 títulos olímpicos, na prova de 100 metros e na estafeta de 4x100 metros. Na edição seguinte dos Jogos, realizados em Atenas, em 2004, Maurice Greene voltou a conquistar uma medalha olímpica na prova de 100 metros, porém, desta vez, teve de se contentar com a medalha de bronze, ficando atrás do seu compatriota Justin Gatlin (campeão olímpico) e do português Francis Obikwelu (medalha de prata).
Maurice Greene abandonou o atletismo no começo de 2008, então com 33 anos, devido a uma série de lesões que teimavam em não o largar, as quais começaram a ser recorrentes, sobretudo, após os Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004. Chegava, assim, ao fim uma brilhante carreira de um autêntico "fenómeno" da velocidade, que marcou uma época no panorama do atletismo mundial, ficando para a história, como um dos corredores mais rápidos de sempre dos 100 metros, em cuja distância foi, para além de recordista mundial, 3 vezes campeão do mundo, uma vez campeão olímpico, e ainda medalha de bronze.

sábado, 19 de setembro de 2009

GRAF, Steffi (Alemanha, Ténis)

Stefanie Maria Graf, nascida a 14 de Junho de 1969, em Bruhl, na Alemanha, foi a maior tenista alemã de todos os tempos e uma das melhores de sempre da História do ténis mundial.
Com efeito, Steffi Graf faz parte do restrito grupo das melhores tenistas de todos os tempos, detendo, inclusivamente, um recorde único na modalidade: a conquista do chamado Golden Slam, isto é, vence no mesmo ano (1988), os 4 torneios do Grand Slam e ainda a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Seul.
Por outro lado, Steffi Graf é o único atleta, entre homens e mulheres, a vencer, pelo menos, 4 vezes todas as etapas do Grand Slam: 4 vitórias (3 delas consecutivas) no Open da Austrália (1988, 1989, 1990 e 1994), 5 vitórias no Open dos Estados Unidos (1988, 1989, 1993, 1995 e 1996), 6 vitórias em Roland Garros (1987, 1988, 1993, 1995, 1996 e 1999) e 7 vitórias (3 delas consecutivas) em Wimbledon (1988, 1989, 1991, 1992, 1993, 1995 e 1996).
Aliás, por mais de uma vez, Steffi Graf esteve perto de voltar a conquistar o Grand Slam, falhando apenas um dos 4 torneios, em 1989, 1993, 1995 e 1996.
É, de facto, impressionante a regularidade, ao mais alto nível, revelada pela tenista alemã durante uma década, mais concretamente, entre 1987 e 1996, período de tempo durante o qual ganhou, pelo menos, um torneio do Grand Slam, vencendo o último em 1999, aos 30 anos de idade.
Em 1973, com apenas 4 anos, Steffi Graf começou a jogar ténis, tornando-se profissional com 13 anos, em 18 de Outubro de 1982. Com efeito, a tenista alemã apareceu, pela 1ª vez, no ranking WTA com apenas 13 anos e, 2 anos mais tarde, confirmava a razão pela qual era considerada uma campeã precoce, sagrando-se vencedora do torneio de exibição dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, evento na altura destinado somente a atletas menores de 20 anos.
Steffi Graf entrou no top ten em 1985, quando contava 16 anos, conquistou o 1º título em 1986, com 17 anos e chegou a número 1 mundial em Agosto de 1987. Em 1998, tornou-se detentora do recorde absoluto de permanência na liderança do ranking mundial, estando 377 semanas no topo da hierarquia WTA, 186 das quais consecutivas, entre 17 de Agosto de 1987 e 10 de Março de 1991!
A tenista alemã entrou na alta roda do ténis profissional ainda a tempo de encontrar, como adversárias, as míticas tenistas norte-americanas Chris Evert e Martina Navratilova (ex-Checoslováquia, naturalizada americana), que haviam dominado o panorama mundial do ténis feminino durante grande parte das décadas de 70 e 80.
Na verdade, Steffi Graf acabava de suceder-lhes como a nova "rainha" do ténis mundial. Aliás, a 1ª vitória de Graf num torneio do Grand Slam (Roland Garros), em 1987, então com 18 anos, foi alcançada precisamente numa final diante de Navratilova, a quem voltou a impor-se, no ano seguinte, na final que a levou a vencer Wimbledon pela 1ª vez.
Steffi Graf introduziu um novo conceito de ténis no feminino, sobretudo apoiado numa magnífica movimentação no court, capaz de cobrir, com eficácia, todas as zonas do campo e revelando-se, acima de tudo, possuidora de um fantástico golpe de direita.
A grande hegemonia da tenista germânica foi interrompida, em 1991, por Monica Seles, que chegou, naquele ano, a número 1 do ranking mundial. Contudo, devido ao atentado de que a tenista norte-americana (de origem jugoslava) foi vítima (apunhalada pelas costas por um adepto alemão, fanático por Graf), em 1993, Steffi voltou ao topo da hierarquia mundial, onde se manteve até meados da década de 90.
Steffi Graf foi 7 vezes campeã do Mundo de ténis, 4 delas consecutivas, em 1987, 1988, 1989, 1990, 1993, 1995 e 1996, anos em que terminou como líder da classificação por pontos.
Entretanto, uma série de lesões sofridas por Graf, sobretudo ao nível do joelho esquerdo, afastou-a da competição durante praticamente 2 anos (1997 e 1998), regressando no início de 1999, ainda a tempo de, algo surpreendentemente, conquistar o 6º título em Roland Garros e o seu útimo triunfo num torneio do Grand Slam. Por sinal, esta foi uma das vitórias mais duras e sofridas da carreira da tenista alemã, derrotando, com grande dificuldade, a então jovem promessa do ténis feminino mundial, a suíça Martina Hingis.
No final de 1999, Steffi Graf anunciava o abandono do ténis, após uma brilhante carreira de 17 anos (1982-1999), durante a qual construiu um palmarés fabuloso, recheado de êxitos, dos quais se destacam a conquista de 107 títulos em singulares (3ª tenista de sempre, da era Open, a ultrapassar os 100 títulos) e de 22 títulos do Grand Slam (2ª tenista de sempre, apenas a duas vitórias de igualar os 24 títulos da tenista australiana Margaret Smith).
Ainda em 1999, Steffi Graf iniciou um romance com o tenista norte-americano Andre Agassi, com o qual acabaria por casar.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

GOULD, Shane (Austrália, Natação)

Shane Elizabeth Gould, nascida a 23 de Maio de 1956, em Sydney, na Austrália, foi uma das maiores nadadoras australianas de todos os tempos e uma das melhores de sempre da história da natação olímpica, embora só tenha participado numa edição dos Jogos.
Com efeito, Gould tornou-se numa das grandes figuras dos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, ao conquistar 5 medalhas: 3 de ouro, uma de prata e uma de bronze. A jovem nadadora australiana, então com 16 anos, foi tricampeã olímpica nas provas de 200 e 400 metros livres e 200 metros estilos, tendo obtido a medalha de prata na prova de 800 metros livres e a medalha de bronze na prova de 100 metros livres.
Antes da realização dos Jogos Olímpicos de 1972, recaíam sobre Gould grandes expectativas, pois a nadadora australiana não tinha perdido uma única prova entre Julho de 1971 e Janeiro de 1972 e, além disso, conseguira bater recordes mundiais em todas as distâncias de provas livres (100, 200, 400, 800 e 1500 metros) em que participara. Era, pois, natural, o favoritismo que lhe era atribuída, esperando-se da parte dela a correspondência em vitórias. E, de facto, Gould não defraudou as expectativas criadas em torno de si, correspondendo, quase inteiramente, ao que dela se esperava, acabando por ter uma passagem pouco menos que brilhante pelas piscinas de Munique.
Contudo, nem tudo correu bem para Gould, havendo a registar consequências negativas que prejudicaram irremediavelmente o seu futuro, podendo mesmo afirmar-se que a pressão criada sobre si, acabou, prematuramente, por "matar" a sua carreira que se afigurava promissora.
Com efeito, nos Jogos de Munique, ao competir em várias provas, tendo em todas elas a quase obrigatoriedade de vencer, Gould foi até ao limite das suas capacidades, sendo "espremida" ao máximo pelos responsáveis da natação australiana. Apesar de toda essa pressão criada à sua volta, Gould teve um excelente desempenho, conquistando 5 medalhas, destacando-se os 3 títulos olímpicos e outros tantos recordes mundiais alcançados.
Para todos aqueles que ficaram desiludidos com a sua prestação e que esperavam mais da nadadora australiana, ficou uma grande lição e uma crítica para a forma como foram traçados os planos competitivos da atleta australiana e que, fruto da ganância e da "fome" de medalhas dos responsáveis pela sua preparação, acabaram por, de forma prematura, destruir a carreira de Gould.
Na verdade, os números não deixam a mais pequena dúvida e são bastante esclarecedores relativamente à exigência competitiva que foi imposta à nadadora australiana, então com apenas 16 anos: Gould disputou 12 provas em 8 dias, tendo nadado 4200 metros na piscina olímpica de Munique!
Na época seguinte, sem surpresa, tendo em conta os antecedentes atrás referidos, Shane Gould decidiu colocar, precocemente, um ponto final na sua, ainda curta, mas já notável carreira desportiva. De Gould pode-se afirmar que foi uma "menina-prodígio", uma atleta fenomenal e dotada que, tal como uma espécie de "meteoro", apareceu e desapareceu no "céu" da natação mundial, deixando, no entanto, um rasto e uma marca que não se apaga da história da natação olímpica.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

GIMONDI, Felice (Itália, Ciclismo)

Felice Gimondi, nascido a 29 de Setembro de 1942, em Sedina, na Itália, foi um dos maiores ciclistas italianos de todos os tempos, tendo-se tornado no 1º e único italiano até hoje a vencer as 3 mais importantes corridas do ciclismo mundial (Tour, Giro e Vuelta).
Com efeito, Gimondi venceu a Volta à França em 1965, venceu 3 vezes a Volta à Itália, em 1967, 1969 e 1976, e venceu a Volta à Espanha em 1968.
Além destas conquistas, Gimondi sagrou-se ainda Campeão do Mundo de Estrada, em 1973, em Montjuich (Barcelona), prova na qual conseguiu obter mais duas presenças no pódio, sendo 2º em 1971 e 3º em 1970.
Felice Gimondi, digno sucessor de Fausto Coppi de entre os grandes ciclistas italianos de sempre, era um ciclista completo, bom em todos os tipos de terreno, tendo sido um adversário de respeito do ciclista belga Eddy Merckx, durante as décadas de 60 e 70.
O ano de estreia de Gimondi como profissional, em 1965, foi, de facto, fantástico, pois o ciclista italiano venceu logo o Tour, com apenas 22 anos. Nos anos seguintes, Gimondi confirmou todas as suas capacidades e qualidades de grande ciclista, continuando a obter importantes triunfos, destacando-se, para além dos atrás referidos, as vitórias na Volta à Lombardia e nas clássicas Paris-Roubaix, Milão-São Remo e Paris-Bruxelas.
Felice Gimondi retirou-se do ciclismo em 1978, ao fim de 14 anos de carreira, durante a qual, conquistou todas as principais competições velocipédicas mundiais, fazendo parte do grupo restrito de 5 ciclistas a vencerem as 3 grandes voltas (ele próprio; o espanhol Alberto Contador; o francês Jacques Anquetil; o belga Eddy Merckx; o francês Bernard Hinault).
Com este palmarés tão rico, Gimondi entrou, com toda a justiça, na galeria dos melhores ciclistas mundiais do século XX.

sábado, 29 de agosto de 2009

40º aniversário do jornal "A Bola" (1945-1985)

Em 1985, a "Fosforeira Portuguesa" de Espinho lançou uma colecção de carteiras de fósforos comemorativa do 40º aniversário do jornal "A Bola" (1945-1985), sob o lema "40 anos ao serviço do Desporto".
Esta colecção era constituída apenas por 6 carteiras que reproduziam as capas de 6 edições anteriores de "A Bola", o jornal de referência da imprensa desportiva portuguesa e considerado "a Bíblia do Desporto Português".
A seguir apresentamos as fotos das 6 carteiras de fósforos com a respectiva descrição das capas:

- 2 exemplares de 1979: exemplar nº5000 ; exemplar homenageando a equipa do F.C. Porto campeã nacional - 1978/79 (treinador: José Maria Pedroto), através da caricatura de 11 jogadores portistas (autoria de Francisco Zambujal).
- 2 exemplares de 1982: exemplar homenageando a equipa do Sporting campeã nacional - 1981/82 (treinador: Malcolm Allison), através da caricatura de 11 jogadores leoninos (autoria de Francisco Zambujal) ; Cadernos de "A Bola" (nº8) de Agosto de 1982 (anuário de balanço da época que passou e de apresentação da nova época 1982/83).

- 2 exemplares de 1984: exemplar homenageando a equipa do Benfica campeã nacional - 1983/84 (treinador: Sven Goran Eriksson), através da caricatura de 14 jogadores benfiquistas (autoria de Francisco Zambujal) ; Cadernos de "A Bola" (nº11) de Junho de 1984 (balanço e resumo histórico das edições anteriores do Campeonato da Europa de futebol e apresentação das selecções, incluindo Portugal, presentes no Campeonato da Europa, a realizar nesse ano de 1984, em França).

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

GEREVICH, Aladar (Hungria, Esgrima)

Aladar Gerevich, nascido a 16 de Março de 1910, em Jaszbereny, na Hungria, foi um dos maiores esgrimistas húngaros de todos os tempos e, de entre os grandes mestres de sabre húngaros, foi, provavelmente, o melhor de todos e um dos melhores do mundo de sempre.
Gerevich esteve presente em 6 edições dos Jogos Olímpicos, entre 1932 e 1960, sendo um dos atletas com maior longevidade na História dos Jogos, tendo feito a estreia com 22 anos e a despedida com 50 anos!
No total das 6 participações nos Jogos, Gerevich conquistou 10 medalhas olímpicas, das quais 7 de ouro (6 colectivas e uma individual), como a seguir se indica:
- Jogos Olímpicos de los Angeles (1932): medalha de ouro em sabre (por equipas);
- Jogos Olímpicos de Berlim (1936): medalha de bronze em sabre (individual) e medalha de ouro em sabre (por equipas);
- Jogos Olímpicos de Londres (1948): medalha de ouro em sabre (individual e por equipas);
- Jogos Olímpicos de Helsínquia (1952): medalha de prata em sabre (individual) e medalha de ouro em sabre (por equipas);
- Jogos Olímpicos de Melbourne (1956): medalha de ouro em sabre (por equipas) e medalha de bronze em florete (por equipas);
- Jogos Olímpicos de Roma (1960): medalha de ouro em sabre (por equipas).
Para além das 3 medalhas olímpicas (ouro, prata e bronze) que conquistou individualmente, Gerevich foi ainda tricampeão do mundo de sabre, em 1935, 1951 e 1955.
Na verdade, a equipa de sabre da Hungria foi protagonista de um dos reinados mais longos da História Olímpica, vencendo 46 duelos consecutivos, durante 40 anos, mais concretamente, entre 1924 e 1964. Nesta disciplina da esgrima, a selecção "magiar" conquistou, na prova colectiva, 7 títulos olímpicos seguidos, o primeiro dos quais conquistado em 1928 e o último em 1960.
O domínio da Hungria na disciplina de sabre também se estendeu à prova individual, tendo os "magiares" vencido aquela especialidade entre 1908 e 1964, com Gerevich a vencer em 1948, nos Jogos Olímpicos de Londres. Esta série de vitórias verdadeiramente fantástica foi interrompida apenas em 1920, quando no rescaldo da 1ª Guerra Mundial, a Hungria foi afastada dessa edição dos Jogos Olímpicos.
Depois de abandonar a prática da esgrima, Aladar Gerevich abraçou a carreira de treinador no Vasas de Budapeste, vindo a falecer a 14 de Maio de 1991, com 81 anos.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

GENTO, Paco (Espanha, Futebol)

Francisco "Paco" Gento López, nascido em Espanha, a 21 de Outubro de 1933, foi um dos maiores futebolistas espanhóis de sempre e um dos grandes extremos-esquerdos europeus das décadas de 50 e 60.
Gento iniciou a carreira de futebolista no Racing Santander, tendo as suas boas exibições despertado. desde logo, a atenção do Real Madrid, que acabaria por contratar, em 1953, o então jovem avançado de 20 anos, o qual, entre outras qualidades, possuia uma velocidade estonteante com a bola.
Na verdade, Gento era um extremo-esquerdo de raíz, muito rápido, característica esta que lhe valeu a alcunha de El Supersonico. Aliás, já na adolescência, quando começou a dar os primeiros pontapés na bola, Gento alternava o futebol com a prática do atletismo, chegando, inclusivamente, a fazer com a bola nos pés, 10,9 segundos nos 100 metros.
Ao serviço do Real Madrid, Gento tornou-se num dos melhores jogadores espanhóis de todos os tempos e, em particular, num dos maiores avançados da História dos merengues. Gento representou o Real Madrid durante 18 (!) épocas, ao longo das quais, ganhou tudo o que havia para ganhar, tornando-se num dos jogadores que mais troféus (nacionais e internacionais) conquistou, quer na História do clube de Madrid, quer do próprio futebol espanhol e até europeu.
Senão, vejamos os 23 títulos conquistados por Gento ao serviço do Real Madrid, entre 1953 e 1971:
- 12 Campeonatos de Espanha (é o recordista espanhol), em 1954, 1955, 1957, 1958, 1961, 1962, 1963, 1964, 1965, 1967, 1968 e 1969;
- 2 Taças de Espanha, em 1962 e 1970;
- 6 Taças dos Campeões Europeus (é o recordista europeu), em 1956, 1957, 1958, 1959, 1960 e 1966; foi, ainda, finalista vencido desta competição por duas vezes, em 1962 (derrota por 5-3, diante do Benfica) e em 1964 (derrota por 3-1, diante do Inter de Milão);
- 2 Taças Latinas, em 1955 e 1957;
- 1 Taça Intercontinental, em 1960.
Com a camisola do Real Madrid, Gento efectuou um total de 761 jogos, tendo apontado 256 golos. Gento fez parte das grandes equipas do Real Madrid da 2ª metade da década de 50 e 1ª metade da década de 60, as quais constituíram, indiscutivelmente, o período de "ouro" do clube madrileno. Formou com Di Stefano e Puskas um dos maiores trios atacantes da História do futebol europeu e mundial, tendo contribuído com os seus passes e cruzamentos para os muitos golos marcados por aqueles 2 fantásticos avançados.
Entre 1955 e 1969, Gento envergou por 43 vezes a camisola da Selecção de Espanha, tendo marcado 5 golos. Foi Campeão da Europa pela Espanha, em 1964, cuja competição se realizou no seu país. Esteve ainda presente em duas edições do Campeonato do Mundo, em 1962, no Chile (3 jogos realizados) e em 1966, em Inglaterra (2 jogos realizados), nunca tendo marcado qualquer golo em fases finais desta competição.
Gento retirou-se do futebol em 1971, com 37 anos, ao fim de 18 épocas nos merengues recheadas dos maiores êxitos e conquistas.
Após o abandono dos relvados, Gento permaneceu, com toda a naturalidade, ligado ao Real Madrid, tendo sido nomeado embaixador do clube na Europa, pois é, muito justamente, uma das lendas dos merengues e do próprio futebol espanhol.

domingo, 9 de agosto de 2009

GEESINK, Antonius (Holanda, Judo)

Antonius Geesink, nascido a 6 de Abril de 1934, em Utrecht, na Holanda, foi um dos maiores judocas de todos os tempos e um dos melhores atletas mundiais de sempre da história da modalidade.
Antonius Geesink entrou para a história do desporto e, em particular, do judo, ao tornar-se, em 1961, no 1º judoca não-japonês a conquistar um título mundial da modalidade, e em 1964, no 1º Campeão Olímpico da categoria Open, nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Em 1956, Geesink, então com 22 anos, esteve presente na 1ª edição do Campeonato do Mundo de Judo, cuja prova decorreu no Japão (o berço da modalidade). O judoca holandês teve um excelente desempenho, obtendo um 3º lugar e sendo o único europeu a conseguir incomodar os judocas nipónicos.
Geesink era um atleta robusto e dotado de uma enorme envergadura física, medindo 1,99 metros e pesando 122 quilos. Pouco tempo antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964, o judoca holandês revalidou o título de campeão mundial conquistado, pela 1ª vez, 3 anos antes.
Nos Jogos de Tóquio, o judo adquire o estatuto de modalidade olímpica, sendo os judocas japoneses, naturalmente, os grandes favoritos à conquista da medalha de ouro nas várias categorias. Com efeito, Geesink, apesar de ser bicampeão mundial, não era considerado o principal favorito ao triunfo na categoria Open, uma vez que tinha adversários japoneses fortíssimos, ainda para mais a competirem em "casa".
Após ter derrotado adversários claramente mais fracos, necessitando, por exemplo, de apenas 12 segundos para ultrapassar, nas meias finais, o australiano Theodore Boronovskis, Geesink encontrou na final o japonês Akio Kaminaga, o grande favorito à vitória nesta categoria. Aliás, os judocas nipónicos haviam conquistado 3 das 4 medalhas de ouro em disputa no torneio olímpico e, como tal, não admitiam sequer a hipótese de perder a medalha de ouro na categoria principal.
Contudo, ao fim de 9 minutos e 22 segundos de combate, Geesink vence Kaminaga e conquista o título olímpico, contra todas as expectativas, deixando os japoneses em "estado de choque".
Um ano mais tarde, antes de se retirar definitivamente da competição, o judoca holandês, que ao longo da carreira exerceu um domínio claríssimo no Campeonato da Europa (com 13 títulos europeus conquistados), conquista ainda, pela 3º vez, a medalha de ouro no Campeonato do Mundo.
Depois de colocar um ponto final na gloriosa carreira como judoca, Geesink manteve a actividade de instrutor de judo, escreveu livros e criou uma fundação para promover a prática desportiva e o ideal olímpico. Graças à popularidade e prestígio que atingiu como atleta de craveira excepcional, Geesink tornou-se, ainda, membro do Comité Olímpico Internacional (COI).

quarta-feira, 29 de julho de 2009

GARRINCHA, Mané (Brasil, Futebol)

Manuel Francisco dos Santos, imortalizado como (Mané) Garrincha (alcunha de pássaro), nasceu em Pau Grande, no Estado do Rio de Janeiro (Brasil), a 28 de Outubro de 1933. Garrincha foi um dos mais geniais futebolistas brasileiros de todos os tempos, sendo mesmo considerado o 2º melhor jogador brasileiro de sempre, somente atrás do "Rei" Pelé.
Com efeito, Garrincha foi um dos grandes extremos da História do Futebol, o maior driblador de que há memória, tendo conquistado, justamente, o estatuto de lenda do futebol mundial, apenas reservado aos predestinados e "magos" da bola.
A vida de Garrincha, a quem, um dia, apelidaram de "A alegria do povo", devido à fantasia, improviso e divertimento que transportava para os relvados, dava um filme, tal a quantidade de "estórias", episódios, aventuras e peripécias vividas pelo jogador brasileiro, sendo impossível precisar onde termina a realidade e começa a lenda.
Mané Garrincha começou a jogar futebol num clube modesto do seu bairro, o Pau Grande. Em 1953, durante um treino onde Garrincha tinha ido prestar provas, os dirigentes do Botafogo repararam no seu enorme talento, ficando, desde logo, rendidos ao seu valor e potencial futebolísticos.
Na verdade, Garrincha fazia as delícias dos adeptos e levava-os ao delírio, com os seus dribles repetitivos, a gingar para a esquerda e a sair pela direita, com as suas fintas "impossíveis" e com os "malabarismos" que fazia com a bola, apesar do seu estilo ser pouco ortodoxo, a que não era alheio o facto de ter as pernas deformadas e arqueadas desde criança. Por tal facto, Mané Garrincha viria a ser "baptizado" por "O anjo das pernas tortas".
Em 1955, Garrincha foi, pela 1ª vez, internacional pelo Brasil, num jogo frente ao Chile. Seria a primeira de 50 internacionalizações pela selecção "canarinha", ao serviço da qual iria sagrar-se bicampeão do Mundo de futebol, em 1958 e 1962, respectivamente, nos "Mundiais" da Suécia e do Chile.
No Campeonato do Mundo da Suécia, em 1958, Garrincha, então com 24 anos, destacou-se como uma das principais figuras da fortíssima selecção brasileira, na qual despontava um jovem de 17 anos de nome Pelé. No jogo da final, frente à Suécia, Garrincha esteve na origem dos lances que proporcionaram as assistências para os 2 primeiros golos da autoria de Vavá, na vitória do Brasil por 5-2.
Quatro anos mais tarde, no Campeonato do Mundo de 1962, no Chile, Garrincha foi, não apenas, a principal figura do Brasil, como da própria competição, tendo efectuado exibições brilhantes que culminaram com uma exibição fantástica no jogo da final, frente à Checoslováquia, com vitória por 3-1.
Com Pelé lesionado e fora dos relvados, logo após o 2º jogo da competição, Mané Garrincha assumiu a liderança do "escrete" e foi o grande desequilibrador da selecção "canarinha", levando-a ao "colo" até à vitória final, tendo sido, ex-aequo com Vavá, o melhor marcador do Brasil, com 4 golos apontados.
Mas os seus tempos de glória e de fulgor estavam a chegar ao fim, pois a partir de 1962, Garrincha começa a ter uma vida desregrada e descontrolada, deixando-se influenciar e enganar pelas várias mulheres que foi conhecendo e tornando-se um alcoólico crónico aos 30 anos. Das relações que manteve com 5 mulheres, teve 13 filhos e, de facto, as mulheres e o álcool apressaram o seu fim, conduzindo-o à degradação completa, quer como jogador, quer como homem.
Até à sua morte, a 20 de Janeiro de 1983, com apenas 49 anos, Mané Garrincha foi uma pobre e infeliz vítima do alcoolismo, vício que não mais o largou até ao fim dos seus dias e que foi responsável por vários acidentes de automóvel, por duas tentativas de suicídio e por diversos internamentos.
Em 1963, foi-lhe detectada uma artrose num dos joelhos, que contribuiu também para diminuir as suas capacidades físicas e técnicas, afectando, daí para a frente, o seu rendimento como jogador. Mesmo assim, Garrincha, então com 32 anos, ainda voltaria a ser chamado à selecção "canarinha", em 1966, para disputar o seu 3º "Mundial" consecutivo, a realizar em Inglaterra.
No Campeonato do Mundo de Inglaterra, Garrincha alinhou apenas nos 2 primeiros jogos, diante da Bulgária e da Hungria, tendo marcado, frente à Bulgária, o seu último golo (o 13º) pelo Brasil. Já não jogou o 3º jogo, diante de Portugal, despedindo-se, assim, do "escrete" no 50º jogo, contra a Hungria.
Como curiosidade, refira-se que, desses 50 jogos realizados com a camisola "canarinha", Garrincha apenas perdeu um jogo, precisamente o último, frente à Hungria (derrota por 3-1), tendo ganho 42 jogos e empatado 7. Aliás, sempre que Pelé e Garrincha jogaram juntos, o Brasil nunca foi derrotado.
Mané Garrincha teve a sua época áurea entre 1953 e 1962, tendo feito a maior parte da sua carreira no Botafogo, aí jogando durante 12 anos, entre 1953 e 1965. A seguir, jogou no Corinthians (1966 e 1967), no Junior Barranquilla (1968), no Flamengo (1969), no Red Star (França), no Bangu (1970), na Portuguesa Santista (1971) e no Olaria (1972). Ao serviço do Botafogo, conquistou 3 campeonatos estaduais do Rio de Janeiro (1957, 1961 e 1962) e 2 torneios Rio/São Paulo (1962 e 1964). Nos 11 anos em que representou "o escrete", entre 1955 e 1966, Garrincha foi 50 vezes internacional, tendo apontado 13 golos.
Até hoje, não voltou a aparecer um jogador como Garrincha, "A alegria do povo" ou "O anjo das pernas tortas", o maior driblador da História do Futebol Mundial.

terça-feira, 14 de julho de 2009

FRAZIER, Joe (EUA, Boxe)

Joseph Frazier, nascido a 12 de Janeiro de 1944, em Beaufort (EUA), foi um dos maiores pugilistas norte-americanos de todos os tempos e um dos melhores "pesos pesados" da história da modalidade.
Joe Frazier formou com Cassius Clay (mais tarde, Muhamed Ali) e George Foreman o grande triunvirato dos maiores "pesos pesados" da História do pugilismo mundial das décadas de 60 e 70. Estas 3 lendas do boxe têm, ainda, em comum o facto de terem sido Campeões Olímpicos na mesma categoria (+ 81 kg) em 3 edições consecutivas dos Jogos (Cassius Clay em Roma-1960, Joe Frazier em Tóquio-1964 e George Foreman na Cidade do México-1968).
Alguns anos mais tarde, já integrados no boxe profissional, as carreiras dos 3 pugilistas norte-americanos cruzaram-se várias vezes através de combates épicos que decidiram a atribuição do respectivo título de Campeão do Mundo, o qual foi passando de uns para os outros.
Para a história da modalidade, ficam os combates travados, no início dos anos 70, entre Joe Frazier e Muhamed Ali, sobretudo aquele que, ainda hoje, é considerado o "combate do século", o qual teve lugar em Nova Iorque, no Madison Square Garden, a 8 de Março de 1971. Neste combate, Joe Frazier levou Muhamed Ali ao tapete (ver foto em cima: Frazier de costas), constituindo a primeira derrota da carreira de Ali por decisão unânime dos árbitros.
Joe Frazier sucedeu a Muhamed Ali no trono do boxe mundial, mantendo o respectivo ceptro entre Março de 1968 e Janeiro de 1972.
Os dois pugilistas voltaram a defrontar-se em 1975, em Manila, naquela que foi a última tentativa de Frazier para recuperar o ceptro mundial que entretanto tinha perdido, em 1973, para George Foreman. Porém, desta vez, Muhamed Ali, a atravessar a fase mais sólida da sua longa carreira, não deu hipóteses a Joe Frazier, conseguindo desforrar-se deste, ao triunfar por KO técnico ao 15º assalto.
Terminava, assim, a carreira deste grande pugilista norte-americano, o qual marcou uma era no panorama do boxe mundial durante as décadas de 60 e 70, ficando, para a história, como uma das lendas da modalidade.