sábado, 24 de outubro de 2009

HAGI, Gheorghe (Roménia, Futebol)

Gheorghe Hagi, nascido a 5 de Fevereiro de 1965, em Sacele, povoação da província da Valáquia (Roménia), é considerado o maior futebolista romeno de todos os tempos, tendo ficado para sempre imortalizado como o "Maradona dos Cárpatos".
Com efeito, Hagi foi um médio ofensivo de grande talento que ficou na História do futebol mundial pelas suas enormes qualidades técnicas, das quais se destacavam um fabuloso e "mágico" pé esquerdo, os passes milimétricos a rasgar as defesas contrárias e a desmarcar os seus colegas, a arte de marcar na conversão de livres directos e a extraordinária visão de jogo. Estas qualidades e atributos granjearam-lhe o estatuto de melhor futebolista romeno do século XX, o mais genial, virtuoso e talentoso jogador que a Roménia produziu até hoje.
Hagi iniciou a sua carreira de futebolista, em 1982/83, no modesto Farul Constanza, seguindo-se o Sportul Studentescu, onde jogou durante 3 épocas, em 1983/84, 1984/85 e 1985/86, e ao serviço do qual começou a dar nas vistas e a mostrar todas as suas potencialidades. No Sportul, Hagi sagrou-se melhor marcador do campeonato romeno em duas épocas consecutivas, em 1984/85, com 20 golos, e em 1985/86, com 31 golos. No final da 3ª temporada, Hagi, então com apenas 21 anos, transferiu-se para o poderoso Steaua de Bucareste, o maior clube da Roménia, apoiado pelo exército e pelo governo romenos.
Ao serviço do Steaua, onde esteve durante 4 épocas, entre 1986/87 e 1989/90, Hagi conquistou 4 campeonatos romenos consecutivos e igual número de Taças da Roménia. Logo na sua 1ª época ao serviço do Steaua, Hagi conquistou, em 1986, a Supertaça Europeia. Hagi foi, ainda, finalista vencido da Taça dos Campeões Europeus, em 1989, tendo a equipa romena sido derrotada inapelavelmente pelo fortíssimo AC Milan, por um concludente 4-0.
Com toda a naturalidade, fruto das suas excelentes exibições ao serviço do Steaua, Hagi começou a ser assediado pelos grandes clubes da Europa, nomeadamente, de Espanha, através do Real Madrid e do Barcelona, clubes onde, aliás, viria a jogar, após abandonar o futebol romeno, no final da época de 1989/90.
Assim, não espantou que Hagi ingressasse no Real Madrid na época seguinte, tendo aí permanecido durante duas épocas (1990/91 e 1991/92). Pela 1ª vez na sua carreira, Hagi não teve sucesso num clube e, de facto, os 2 anos passados em Madrid foram para esquecer, pois o jogador romeno nunca conseguiu adaptar-se nem ao clube nem à cidade, realizando exibições irregulares, não conseguindo, colocar em campo, todas as suas qualidades futebolísticas.
A seguir a esta experiência falhada, Hagi transferiu-se para Itália, indo jogar duas temporadas no Brescia (1992/93 e 1993/94). Na sequência da excelente campanha realizada pela Roménia e por Hagi no Campeonato do Mundo de Futebol dos EUA, em 1994, o jogador romeno voltou a ser assediado por outro clube espanhol e, desta vez, Hagi rumou ao rival do Real Madrid, o Barcelona, ao serviço do qual jogou também durante duas épocas (1994/95 e 1995/96). Também em Barcelona, à semelhança do que se tinha passado em Madrid, Hagi voltou a não ser feliz, pelo que, no final da 2ª época, decidiu abandonar definitivamente o futebol espanhol.
Em representação da Roménia, Hagi esteve presente em 3 edições do Campeonato da Europa de Futebol, em França (1984), em Inglaterra (1996) e na Bélgica/Holanda (2000) e noutras tantas edições do Campeonato do Mundo de Futebol, em Itália (1990), nos EUA (1994) e em França (1998). Foi, porém, no "Mundial" de 1994 que Hagi teve a sua melhor prestação ao serviço da selecção romena, com 5 jogos efectuados e 3 golos marcados, assumindo-se como o líder, "patrão" e maestro (nº10) da equipa, realizando exibições de grande nível e conduzindo a Roménia aos quartos-de-final da prova, onde viria a ser eliminada pela Suécia, após um jogo espectacular, emocionate e disputadíssimo (empate 2-2 e derrota 5-4, após desempate por grandes penalidades), sem dúvida, uma das melhores partidas do "Mundial" dos EUA.
Desde a sua estreia pela selecção, com apenas 18 anos, em 1983, até à sua despedida, já com 35 anos, em 2000, Hagi foi 125 vezes internacional pela Roménia, tendo marcado 35 golos, sendo o jogador romeno mais internacional de sempre e a estrela mais brilhante da selecção romena de todos os tempos.
Após duas passagens decepcionantes pelo futebol espanhol, Hagi viria a terminar a sua carreira no futebol turco, indo representar, durante 5 temporadas, o Galatasaray, onde, tal como ao serviço do Steaua, conquistou 4 campeonatos consecutivos (1996/97, 1997/98, 1998/99 e 1999/2000) e, ainda, uma Taça da Turquia, em 1996/97, uma Taça UEFA, em 1999/2000 e uma Supertaça Europeia (a 2ª da carreira) em 2000.
No final da época de 2000/2001, a sua última época na Turquia, Hagi, então já com 36 anos, fechava, com "chave de ouro", uma carreira notável de quase duas décadas, marcada por uma grande longevidade e recheada de inúmeras vitórias e êxitos, dos quais se destacam 16 troféus conquistados: 8 títulos de campeão (4 na Roménia e 4 na Turquia), 5 Taças (4 na Roménia e uma na Turquia), uma Taça UEFA e duas Supertaças Europeias.
Após abandonar os relvados, Hagi foi seleccionador da Roménia. O maior embaixador do seu país começava, assim, uma nova carreira na sua vida desportiva, mas agora fora das quatro linhas, onde o perfume do seu futebol virtuoso deixou imensas saudades entre os amantes do "desporto-rei".

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

GULLIT, Ruud (Holanda, Futebol)

Ruud Gullit, nascido a 1 de Setembro de 1962, em Amesterdão, foi um dos maiores futebolistas holandeses de todos os tempos e um dos melhores jogadores do Mundo da 2ª metade da década de 80 e início da década de 90 do século XX.
Apesar de ter nascido em Amesterdão, não foi nas escolas de formação do Ajax que Gullit se fez jogador, ao contrário do que sucedeu com muitos dos grandes jogadores holandeses das décadas de 60, 70 e 80.
Com efeito, antes de se transferir para o estrangeiro e, concretamente, para Itália, Gullit alinhou, na Holanda, pelos rivais de Roterdão e de Eindhoven, respectivamente, Feyenoord e PSV, ao serviço dos quais se sagrou campeão holandês, atingindo aí o estrelato que lhe permitiu, entre outras coisas, conquistar uma posição de destaque e um estatuto de liderança na selecção "laranja".
Ao serviço da Selecção da Holanda, Ruud Gullit esteve presente em duas edições do Campeonato da Europa (em 1988, na Alemanha e em 1992, na Suécia) e numa edição do Campeonato do Mundo (em 1990, na Itália), tendo atingido a consagração máxima, com a camisola "laranja", ao erguer, como capitão, o troféu correspondente ao título europeu de futebol de 1988, conquistado na Alemanha, após vitória, por 2-0, no jogo decisivo diante da URSS, tendo Gullit sido o autor do 1º golo dessa final.

Gullit e a geração da 2ª metade da década de 80 (Rijkaard, os irmãos Koeman, Ronald e Erwin, Van Basten, Vanenburg, Wouters, etc.) contribuiram para o "ressuscitar" da "laranja mecânica" da década de 70 (Cruyff, Neeskens, Krol, Rep, Resenbrink, etc.) ou não fosse Rinus Michels o "pai" comum, o mentor, o "arquitecto" e o treinador-seleccionador destas duas extraordinárias gerações de jogadores.
Ao fim de 12 anos (1981-1993) em representação da Holanda, ao serviço da qual disputou 66 jogos e marcou 17 golos, Gullit abandona a selecção, incompatibilizado com o seleccionador de então, Dick Advocaat, não chegando a integrar o lote de seleccionados para o Campeonato do Mundo de 1994, realizado nos EUA.
Ruud Gullit começou a carreira de futebolista no modesto Haarlem, em 1979, de onde se transferiu, em 1982, com apenas 19 anos, para o Feyenoord, clube pelo qual conquistou a "dobradinha" (Campeonato e Taça da Holanda), em 1984. No ano seguinte, Gullit saiu para o PSV Eindhoven, ao serviço do qual, actuando em posições mais adiantadas do terreno, adquiriu notoriedade e projecção futebolísticas. Pelo PSV, sagrou-se bicampeão holandês em 2 épocas consecutivas (1985/86 e 1986/87).
Na Holanda, Gullit efectuou um total de 208 jogos na 1ª Divisão, marcando 94 golos, a que devem somar-se, ainda, 36 jogos e 14 golos no escalão secundário, ao serviço do Haarlem. Na Taça, o saldo fica-se por 8 jogos efectuados e 1 golo apontado.
Após duas épocas espectaculares ao serviço do PSV Eindhoven, onde Gullit evidenciou todas as suas enormes qualidades técnicas e físicas, ingressa, em 1987, no calcio, transferindo-se para o "colosso" AC Milan, ao serviço do qual ganhou tudo o que havia para ganhar. A transferência protagonizada por Gullit, em 1987, foi, à data, a mais cara transferência da história do futebol.
Em Itália, Gullit estreia-se na 1ª Divisão, a 13 de Setembro de 1987, no jogo Pisa-Ac Milan, com vitória do clube de Milão, por 3-1. Ao serviço do poderoso clube de Milão, e juntamente com os compatriotas, Frank Rijkaard e Marco Van Basten (o famoso "trio de ouro holandês"), Gullit conquista 3 scudettos (campeonato italiano, em 1988, 1992 e 1993), duas Supertaças de Itália, duas Taças dos Campeões Europeus consecutivas (em 1989, frente ao Steaua de Bucareste, vitória por 4-0, com 2 golos de Gullit; em 1990, frente ao Benfica, vitória por 1-0), duas Taças Intercontinentais e duas Supertaças Europeias (ambas em 1989 e 1990).
A segunda metade da década de 80 foi, de facto, a época áurea de Ruud Gullit, período de tempo no qual o jogador holandês conquistou os maiores êxitos da sua carreira e onde atingiu o apogeu das suas capacidades futebolísticas, demonstrando, em campo, uma combinação perfeita entre técnica e força ao serviço do colectivo. Em 1987, Gullit conquista a "Bola de Ouro" (Futre fica em 2º lugar), troféu destinado ao melhor jogador europeu, tendo sido, ainda, eleito pela FIFA, nesse mesmo ano, o melhor jogador do Mundo, cuja vitória iria repetir em 1989.
Nos primeiros anos da década de 90, Gullit debate-se com algumas lesões que lhe provocam sucessivos problemas físicos e abaixamentos de forma. Após 6 épocas (1987-1993) ao serviço do AC Milan, Gullit transfere-se, em 1993, para a Sampdoria, onde permanece durante duas temporadas, vencendo a Taça de Itália, em 1994.
Em Itália, Gullit realizou um total de 178 jogos no campeonato (125 pelo AC Milan e 53 pela Sampdoria) e marcou 59 golos (35 pelo AC Milan e 24 pela Sampdoria); na Taça efectuou 33 partidas (23 pelo AC Milan e 10 pela Sampdoria) e apontou 8 golos (6 pelo AC Milan e 2 pela Sampdoria).
Em 1995, Gullit ingressa no futebol inglês, transferindo-se para o Chelsea e sendo eleito, logo na 1ª época, o 2º melhor jogador do campeonato. Na época seguinte (1996/97) acumula as funções de jogador e técnico do clube londrino. Foi já na dupla condição de jogador-treinador que Gullit conquistou a Taça de Inglaterra, em 1997, tornando-se no 1º treinador estrangeiro (não britânico) a conquistar tal proeza.
Embora já não fosse o seu treinador (despedido pouco tempo antes da final) quando o Chelsea conquistou a Taça das Taças, em 1998, Gullit foi o principal responsável pela chegada do clube de Londres à final da competição. Após deixar o Chelsea, em 1988, Gullit passou a orientar o Newcastle, mas o mau início de época acrescido aos problemas de relacionamento, nomeadamente com a estrela da equipa, o carismático avançado Alan Shearer, precipitaram a sua saída do clube em 1999. Gullit abandonou então a Inglaterra, regressando à Holanda e "exilando-se" em Amesterdão, junto da família. Pouco tempo depois, ainda chegou a orientar a selecção holandesa de sub-21.
Para além de tudo aquilo que Ruud Gullit foi como futebolista, daquilo que ele representou para o futebol e das vitórias, títulos e êxitos que alcançou, outra imagem de marca perdurará para sempre entre os amantes do "desporto-rei": as longas tranças no seu cabelo fazendo lembrar um cantor de música reaggae, "O Bob Marley do futebol"!

sábado, 10 de outubro de 2009

GROSS, Michael (Alemanha, Natação)

Michael Gross, nascido a 17 de Junho de 1964, em Frankfurt, na Alemanha, foi um dos maiores nadadores alemães de todos os tempos e um dos melhores especialistas mundiais de sempre do estilo mariposa.
Michael Gross, então com 20 anos, destacou-se nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, ao conquistar 4 medalhas olímpicas, duas de ouro e duas de prata, tendo sido o único nadador europeu a contestar a tradicional supremacia norte-americana nesta modalidade.
Michael Gross ficou conhecido para a posteridade como "O Albatroz", devido ao nariz original e, sobretudo, aos seus enormes braços, os quais faziam lembrar as grandes asas de um Albatroz! Na verdade, Gross era, de certa forma, um "fenómeno da natureza" e um nadador superdotado, pois, para além das características atrás referidas, media 2 metros e pesava 80 kg, fazendo "uma piscina" em apenas 17 braçadas.
Contudo, apesar das suas grandes capacidades físico-atléticas e da qualidade técnica que possuía, Gross não era aquilo a que se pode chamar um "fanático" do trabalho ou um "escravo" do treino, já que treinava apenas uma vez por dia, sempre ao fim da manhã e cerca de metade do tempo dos seus adversários. Aliás, o nadador alemão afirmava, repetidas vezes, que a natação não era a coisa mais importante da sua vida e que nadava, sobretudo, pelo prazer e divertimento que isso lhe dava, tal como, por exemplo, o xadrez, que era para ele igualmente um hobby.
Com efeito, Gross foi sempre um atleta original e diferente dos demais em vários aspectos, pois, para além de se dedicar pouco aos treinos e de não gostar de frequentar ginásios de musculação, também nunca recebeu bolsas, nunca representou marcas, nunca quis frequentar universidades norte-americanas e sempre detestou os actos sociais, primando pela ausência em cerimónias organizadas em sua honra ou para as quais era convidado.
Nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, Michael Gross conquistou 2 títulos olímpicos e bateu outros tantos recordes do mundo: na prova de 100 metros mariposa, com o tempo de 53,08 segundos e na de 200 metros livres, com a marca de 1.47,44 minutos. O nadador alemão alcançou, ainda, mais duas medalhas, ambas de prata, a 1ª na prova de 200 metros mariposa, de facto, a sua grande especialidade, e a 2ª na estafeta de 4x200 metros livres.
A conquista da medalha de prata nos 200 metros mariposa acabou por ser uma pequena consolação para o nadador alemão, já que Gross era o favorito à vitória nesta prova, até porque era o recordista do mundo desta disciplina.
No entanto, na edição seguinte dos Jogos Olímpicos de 1988, realizados em Seul, foi feita justiça e "O Albatroz" conseguiu alcançar a medalha de ouro que lhe tinha escapado 4 anos antes, nos Jogos de Los Angeles. Com efeito, nos Jogos de Seul, Gross conquistou a tão desejada medalha de ouro na prova de 200 metros mariposa, com o tempo de 1.56,94 minutos, tendo alcançado, ainda, a medalha de bronze na estafeta de 4x200 metros livres.
Nas suas duas participações em Jogos Olímpicos, Michael Gross conquistou, assim, um total de 6 medalhas olímpicas, das quais 3 de ouro, ficando, justamente, na História da natação olímpica, como um dos seus melhores nadadores de sempre.

sábado, 3 de outubro de 2009

GRIFFITH-JOYNER, Florence (EUA, Atletismo)

Florence Griffith-Joyner nascida a 21 de Dezembro de 1959, em Los Angeles (EUA), foi a maior velocista norte-americana de todos os tempos e uma das melhores atletas de sempre da História do Atletismo Mundial, sendo, ainda hoje, a recordista mundial dos 100 metros, cuja marca de 10,49 segundos parece quase impossível de bater, pelo menos, nos tempos mais próximos.
Florence teve aquilo a que se pode chamar uma carreira simultaneamente fulgurante e meteórica, a qual durou pouco mais de 4 anos, embora o tempo suficiente para ficar na História dos Jogos Olímpicos e do Atletismo Mundial, ao conquistar, nomeadamente, 4 medalhas nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988.
Com efeito, a atleta norte-americana alcançou vitórias e marcas incríveis apenas numa única temporada, a de 1988, na qual se sagrou tricampeã olímpica, triunfando nas provas de 100 metros, 200 metros e na estafeta de 4 x 100 metros, às quais acrescentou, ainda, a conquista da medalha de prata na estafeta de 4 x 400 metros.
Antes de 1988, muito embora já fosse uma das melhores sprinters dos Estados Unidos, o palmarés de Florence apresentava apenas duas medalhas de prata, ambas conquistadas na prova de 200 metros, uma nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, e a outra nos "Mundiais" de Atletismo de Roma, em 1987; nesta última competição alcançou também a medalha de ouro na estafeta de 4 x 100 metros.
Na verdade, até então, muita da notoriedade alcançada por Florence advinha do facto de ser orientada pelo conceituado técnico Bob Kersee (marido de Jackie Joyner), de usar as unhas muito compridas e pintadas e, ainda, de envergar equipamentos extravagantes. Após alguns altos e baixos na sua carreira, que a fizeram, inclusivamente, abandonar temporariamente o atletismo, Florence regressou às pistas incentivada por Bob Kersee e motivada, entretanto, pelo seu casamento, em 1987, com o então campeão olímpico do triplo salto, Al Joyner (irmão de Jackie Joyner).
Quando se iniciou a fase de preparação da época olímpica para os Jogos de 1988, Flo-Jo, como era carinhosamente conhecida, surgiu melhor do que nunca, com a alma transfigurada e o corpo transformado, mais forte, musculada e poderosa, passando até a correr de forma diferente da habitual. De facto, durante os meses que antecederam os Jogos de Seul, Florence treinou intensivamente, privilegiando a preparação física com halteres e as corridas de resistência, daí não espantando o corpo musculado qua a atleta exibiu na pista de Seul.
Nas provas norte-americanas de apuramento para os Jogos Olímpicos, disputadas em Indianápolis, Florence mostrou, logo naquele momento, encontrar-se numa forma físico-atlética e técnica fabulosa. Basta dizer que na prova de 100 metros, em 4 corridas, Flo-Jo bateu outras tantas vezes o anterior recorde mundial, melhorando-o em 27 centésimos de segundo!
Em Seul, Florence Griffith-Joyner confirmou os resultados alcançados anteriormente no hectómetro, conquistando a medalha de ouro com a marca de 10,54 segundos. No duplo hectómetro, fez o tempo de 21,34 segundos, retirando 30 centésimos de segundo ao máximo mundial! Mesmo na estafeta de 4 x 400 metros, Florence efectuou o último percurso da volta à pista no fantástico tempo de 48,07 segundos, cuja distância não era propriamente a sua especialidade.
Os tempos fabulosos alcançados pela velocista norte-americana e a forma aparentemente fácil como conquistou as 4 medalhas olímpicas em 1988 provocaram dois tipos de reacção em torno da fantástica performance de Florence: espanto e admiração, por um lado, dúvidas e suspeitas, por outro. Com efeito, um pouco por todo o mundo, os especialistas da modalidade (dirigentes, técnicos e jornalistas) começaram a desconfiar do rendimento extraordinário atingido pela atleta norte-americana em tão curto espaço de tempo.
Só para se ter uma ideia exacta do que representa o recorde de Florence nos 100 metros, basta afirmar, por exemplo, que em 1998 (ano da sua morte), a seguir à sua marca de 10,49 segundos, a 2ª mulher mais rápida, Marion Jones, possuía 10,65 segundos.
No início de 1989, de forma brusca e repentina e sem dar uma explicação plausível e convincente, Florence anunciou a retirada das pistas, facto este que levantou muitas interrogações acerca da verdade desportiva dos seus feitos e adensou ainda mais as suspeitas de doping em torno da atleta.
Florence Griffith-Joyner viria a falecer a 21 de Setembro de 1998, a 2 meses de completar 39 anos, vítima de morte súbita atribuída a uma paragem cardíaca. Até ao fim dos seus dias, nunca chegaram a ser provadas as suspeitas de doping que recaíam sobre Flo-Jo, continuando-se, até hoje, a especular sobre a verdadeira dimensão dos seus feitos e o seu real valor enquanto atleta.
Uma coisa é certa. Nunca uma atleta e, neste caso, uma campeã olímpica, terá suscitado tanta polémica, especulação, dúvidas e suspeitas em seu torno como Florence Griffith-Joyner suscitou ao longo da sua curta mas fabulosa carreira. Morreu a atleta, ficou o mito e a lenda!