Ruud Gullit, nascido a 1 de Setembro de 1962, em Amesterdão, foi um dos maiores futebolistas holandeses de todos os tempos e um dos melhores jogadores do Mundo da 2ª metade da década de 80 e início da década de 90 do século XX.
Apesar de ter nascido em Amesterdão, não foi nas escolas de formação do Ajax que Gullit se fez jogador, ao contrário do que sucedeu com muitos dos grandes jogadores holandeses das décadas de 60, 70 e 80.
Com efeito, antes de se transferir para o estrangeiro e, concretamente, para Itália, Gullit alinhou, na Holanda, pelos rivais de Roterdão e de Eindhoven, respectivamente, Feyenoord e PSV, ao serviço dos quais se sagrou campeão holandês, atingindo aí o estrelato que lhe permitiu, entre outras coisas, conquistar uma posição de destaque e um estatuto de liderança na selecção "laranja".
Ao serviço da Selecção da Holanda, Ruud Gullit esteve presente em duas edições do Campeonato da Europa (em 1988, na Alemanha e em 1992, na Suécia) e numa edição do Campeonato do Mundo (em 1990, na Itália), tendo atingido a consagração máxima, com a camisola "laranja", ao erguer, como capitão, o troféu correspondente ao título europeu de futebol de 1988, conquistado na Alemanha, após vitória, por 2-0, no jogo decisivo diante da URSS, tendo Gullit sido o autor do 1º golo dessa final.
Gullit e a geração da 2ª metade da década de 80 (Rijkaard, os irmãos Koeman, Ronald e Erwin, Van Basten, Vanenburg, Wouters, etc.) contribuiram para o "ressuscitar" da "laranja mecânica" da década de 70 (Cruyff, Neeskens, Krol, Rep, Resenbrink, etc.) ou não fosse Rinus Michels o "pai" comum, o mentor, o "arquitecto" e o treinador-seleccionador destas duas extraordinárias gerações de jogadores.
Ao fim de 12 anos (1981-1993) em representação da Holanda, ao serviço da qual disputou 66 jogos e marcou 17 golos, Gullit abandona a selecção, incompatibilizado com o seleccionador de então, Dick Advocaat, não chegando a integrar o lote de seleccionados para o Campeonato do Mundo de 1994, realizado nos EUA.
Ruud Gullit começou a carreira de futebolista no modesto Haarlem, em 1979, de onde se transferiu, em 1982, com apenas 19 anos, para o Feyenoord, clube pelo qual conquistou a "dobradinha" (Campeonato e Taça da Holanda), em 1984. No ano seguinte, Gullit saiu para o PSV Eindhoven, ao serviço do qual, actuando em posições mais adiantadas do terreno, adquiriu notoriedade e projecção futebolísticas. Pelo PSV, sagrou-se bicampeão holandês em 2 épocas consecutivas (1985/86 e 1986/87).
Na Holanda, Gullit efectuou um total de 208 jogos na 1ª Divisão, marcando 94 golos, a que devem somar-se, ainda, 36 jogos e 14 golos no escalão secundário, ao serviço do Haarlem. Na Taça, o saldo fica-se por 8 jogos efectuados e 1 golo apontado.
Após duas épocas espectaculares ao serviço do PSV Eindhoven, onde Gullit evidenciou todas as suas enormes qualidades técnicas e físicas, ingressa, em 1987, no calcio, transferindo-se para o "colosso" AC Milan, ao serviço do qual ganhou tudo o que havia para ganhar. A transferência protagonizada por Gullit, em 1987, foi, à data, a mais cara transferência da história do futebol.
Em Itália, Gullit estreia-se na 1ª Divisão, a 13 de Setembro de 1987, no jogo Pisa-Ac Milan, com vitória do clube de Milão, por 3-1. Ao serviço do poderoso clube de Milão, e juntamente com os compatriotas, Frank Rijkaard e Marco Van Basten (o famoso "trio de ouro holandês"), Gullit conquista 3 scudettos (campeonato italiano, em 1988, 1992 e 1993), duas Supertaças de Itália, duas Taças dos Campeões Europeus consecutivas (em 1989, frente ao Steaua de Bucareste, vitória por 4-0, com 2 golos de Gullit; em 1990, frente ao Benfica, vitória por 1-0), duas Taças Intercontinentais e duas Supertaças Europeias (ambas em 1989 e 1990).
A segunda metade da década de 80 foi, de facto, a época áurea de Ruud Gullit, período de tempo no qual o jogador holandês conquistou os maiores êxitos da sua carreira e onde atingiu o apogeu das suas capacidades futebolísticas, demonstrando, em campo, uma combinação perfeita entre técnica e força ao serviço do colectivo. Em 1987, Gullit conquista a "Bola de Ouro" (Futre fica em 2º lugar), troféu destinado ao melhor jogador europeu, tendo sido, ainda, eleito pela FIFA, nesse mesmo ano, o melhor jogador do Mundo, cuja vitória iria repetir em 1989.
Nos primeiros anos da década de 90, Gullit debate-se com algumas lesões que lhe provocam sucessivos problemas físicos e abaixamentos de forma. Após 6 épocas (1987-1993) ao serviço do AC Milan, Gullit transfere-se, em 1993, para a Sampdoria, onde permanece durante duas temporadas, vencendo a Taça de Itália, em 1994.
Em Itália, Gullit realizou um total de 178 jogos no campeonato (125 pelo AC Milan e 53 pela Sampdoria) e marcou 59 golos (35 pelo AC Milan e 24 pela Sampdoria); na Taça efectuou 33 partidas (23 pelo AC Milan e 10 pela Sampdoria) e apontou 8 golos (6 pelo AC Milan e 2 pela Sampdoria).
Em 1995, Gullit ingressa no futebol inglês, transferindo-se para o Chelsea e sendo eleito, logo na 1ª época, o 2º melhor jogador do campeonato. Na época seguinte (1996/97) acumula as funções de jogador e técnico do clube londrino. Foi já na dupla condição de jogador-treinador que Gullit conquistou a Taça de Inglaterra, em 1997, tornando-se no 1º treinador estrangeiro (não britânico) a conquistar tal proeza.
Embora já não fosse o seu treinador (despedido pouco tempo antes da final) quando o Chelsea conquistou a Taça das Taças, em 1998, Gullit foi o principal responsável pela chegada do clube de Londres à final da competição. Após deixar o Chelsea, em 1988, Gullit passou a orientar o Newcastle, mas o mau início de época acrescido aos problemas de relacionamento, nomeadamente com a estrela da equipa, o carismático avançado Alan Shearer, precipitaram a sua saída do clube em 1999. Gullit abandonou então a Inglaterra, regressando à Holanda e "exilando-se" em Amesterdão, junto da família. Pouco tempo depois, ainda chegou a orientar a selecção holandesa de sub-21.
Para além de tudo aquilo que Ruud Gullit foi como futebolista, daquilo que ele representou para o futebol e das vitórias, títulos e êxitos que alcançou, outra imagem de marca perdurará para sempre entre os amantes do "desporto-rei": as longas tranças no seu cabelo fazendo lembrar um cantor de música reaggae, "O Bob Marley do futebol"!
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