sábado, 14 de fevereiro de 2009

CRUYFF, Johan (Holanda, Futebol)

Johan Cruyff, nascido a 25 de Abril de 1947, em Amesterdão, na Holanda, foi o maior futebolista holandês de sempre e um dos melhores jogadores mundiais de todos os tempos. Detentor de um palmarés fabuloso e de uma carreira fantástica, assinalada por grandes exibições e pela conquista de inúmeros títulos (individuais e colectivos), sobretudo, ao serviço do Ajax, Johan Cruyff é um nome lendário e uma das figuras mais marcantes e de maior sucesso do futebol mundial do século XX.
Oriundo de um bairro de Amesterdão, muito próximo do Estádio do Ajax, desde cedo, Cruyff começou a revelar grande vocação e talento para o futebol, quando jogava à bola nas ruas do seu bairro. Não espanta, pois, que aos 10 anos Cruyff ingressasse nas camadas jovens do Ajax. Contudo, a sua vida não teve um começo fácil, antes pelo contrário. Com a morte do seu pai, quando contava apenas 12 anos, Cruyff foi obrigado a contribuir para o sustento da família tendo, durante algum tempo, ajudado a mãe a vender frutas e legumes nas ruas de Amesterdão.
A 15 de Novembro de 1964, então com 17 anos, Cruyff faz a estreia na equipa principal do Ajax, frente ao Groningen. Apesar do clube de Amesterdão ter sido derrotado por 3-1, o golo solitário do Ajax foi da sua autoria, estreando-se assim também a marcar. Era o prenúncio de uma carreira auspiciosa que viria a ser recheada dos maiores êxitos e proezas.
Ao serviço do clube de Amesterdão, Cruyff destacou-se pela técnica, habilidade, rapidez, inteligência, intuição e visão de jogo dentro do campo, qualidades estas que rapidamente o tornaram no melhor jogador de sempre a envergar a camisola do Ajax. Durante os 11 anos (9 consecutivos: entre 1965 e 1973; 1982 e 1983) em que jogou no Ajax, Cruyff ganhou tudo o que havia para ganhar, senão vejamos: uma Taça Intercontinental (1972), uma Supertaça Europeia (1972), 3 Taças dos Campeões Europeus (1971, 1972 e 1973; uma vez finalista vencido, em 1969), 8 títulos de Campeão Nacional (1966, 1967, 1968, 1970, 1972, 1973, 1982 e 1983) e 5 taças da Holanda (1967, 1970, 1971, 1972 e 1983). Estes feitos são ainda mais impressionantes se nos lembrarmos que antes do aparecimento da dupla Cruyff - Rinus Michels (o treinador que o projectou a ele, ao Ajax e à Holanda para a fama), o futebol holandês passava despercebido na Europa e desempenhava um papel muito discreto e secundário no panorama internacional.
Os êxitos alcançados por Cruyff ao serviço do Ajax "carimbaram o seu passaporte" para o Barcelona, em 1973, numa transferência milionária para a época, que envolveu cerca de seis milhões de dólares. Logo na época de estreia no futebol espanhol, em 1974, Cruyff sagra-se campeão pelo Barcelona, vindo a conquistar ainda uma taça de Espanha ("Taça do Rei") em 1978, ano em que abandona o clube catalão, saturado e massacrado pela agressividade do futebol espanhol da altura.
Entretanto, em 1966, com 19 anos, Cruyff estreara-se pela selecção da Holanda, ao serviço da qual, durante 12 anos (entre 1966 e 1978), envergando a famosa camisola 14, disputou 48 jogos e marcou 33 golos. Ao serviço da selecção "laranja", Cruyff atingiu o momento mais alto no Campeonato do Mundo de Futebol de 1974, realizado na Alemanha, competição na qual a Holanda foi uma das selecções de referência, atingindo a respectiva final, tendo Cruyff sido a figura de maior destaque da Holanda, sendo inclusivamente considerado o melhor jogador do "Mundial".
Com efeito, a Holanda, cuja equipa viria a ser apelidada e eternizada de "laranja mecânica", foi a grande revelação do "Mundial" da Alemanha, deslumbrando o mundo com o seu "futebol total", no qual todos os jogadores defendiam e atacavam, sem terem posições rígidas em campo. Porém, no jogo da final, que colocou frente a frente a selecção holandesa e a selecção da casa, a Alemanha, personificadas respectivamente pelos 2 "monstros" do futebol mundial da altura, Cruyff e Beckenbauer (após a retirada de Pelé), a selecção "laranja" seria derrotada por 2-1.
No entanto, a Holanda iniciaria melhor o encontro, adiantando-se no marcador logo no 1º minuto de jogo, através de uma grande penalidade apontada por Neeskens, a punir derrube de Vogts a Cruyff. Porém, a Alemanha reagiu prontamente e conseguiu, ainda na 1ª parte, dar a volta ao marcador, primeiro, através de uma grande penalidade convertida por Breitner, e depois, por intermédio de Muller, com um remate colocado já dentro da grande área.
Apesar de, durante a 2ª parte, a Holanda ter atacado mais e ter pressionado a Alemanha em busca do empate, o resultado não se viria a alterar, para o que terá contribuído o "factor casa", o caloroso apoio do público alemão, a forte mentalidade competitiva e o elevado espírito de sacrifício dos jogadores alemães, liderados pelo Kaiser Franz Beckenbauer.
Em 1978, a Holanda voltaria a marcar presença na final do Campeonato do Mundo, disputado na Argentina, no entanto, Cruyff já não estava presente, tendo, pouco tempo antes do início da competição, recusado participar no "Mundial", alegando razões de ordem política, motivadas pelo repúdio, condenação e denúncia do regime que então vigorava na Argentina, mais concretamente, uma ditadura militar chefiada pelo general Videla.
A partir daquele ano, Cruyff não mais voltaria a envergar a camisola do seu país, renunciando em definitivo à selecção "laranja". Para esta tomada radical de posição, não terá sido alheio o seu temperamento difícil e reivindicativo que já o tinha feito, aliás, entrar, por diversas vezes, em divergências e em "rota de colisão" com a Federação Holandesa. Com efeito, o percurso de Cruyff na selecção foi sempre atribulado e marcado por uma relação de amor-ódio, que o impediu de contabilizar um maior número de internacionalizações e de golos.
Após a sua saída de Barcelona, em 1978, Cruyff rumou aos Estados Unidos, ingressando no futebol norte-americano, seduzido por uma nova experiência e pelo forte apelo dos dólares, que constituía uma espécie de "exílio dourado" para muitas "estrelas" do futebol europeu de então, em fim de carreira. Cruyff permaneceu, durante 3 épocas, nos Estados Unidos, tendo, nesse período de tempo, representado o Los Angeles Aztecs (1979) e o Washington Diplomats (1980 e 1981).
Após 3 anos de permanência nos States, Cruyff regressou à Europa e entrou novamente no futebol espanhol, ingressando no Levante, então a militar no campeonato da 2ª divisão de Espanha. A sua passagem pelo Levante foi curta, não chegando a completar um ano, após o que regressou ao seu país e ao seu clube do coração, o Ajax. No clube de Amesterdão, Cruyff esteve duas temporadas (1981-82 e 1982-83), conquistando 2 campeonatos e uma taça.
Porém, o Ajax não seria o seu último clube como jogador, já que, após um desentendimento com os responsáveis do clube, Cruyff, uma vez mais, demonstrando o seu temperamento difícil e o mau génio, "bateu com a porta", indo terminar a carreira no rival Feyenoord, prestes a completar 37 anos, ao serviço do qual se despediu em beleza do futebol, como jogador, conquistando a "dobradinha" (campeonato e taça), em 1984.
Chegava assim ao fim a carreira extraordinária de um jogador que conquistou tudo o que havia para conquistar no mundo do futebol, quer em termos individuais, quer em termos colectivos, apenas lhe faltando o título de campeão do mundo pela selecção, o qual lhe fugiu em 1974. A propósito de troféus individuais que foi acumulando ao longo da carreira e que enriqueceram ainda mais o seu fabuloso palmarés, contam-se os seguintes: 3 "bolas de ouro" (1971, 1973 e 1974) a premiar o melhor jogador da Europa; 1 "bola de bronze" (1975); duas vezes melhor jogador do campeonato holandês; duas vezes melhor marcador do campeonato holandês (1966/67 e 1971/72); melhor jogador europeu do século XX, em 1999. A terminar esta lista de prémios e honrarias, Cruyff foi ainda considerado, pela Federação Internacional de História e Estatística do Futebol, o 2º melhor jogador do Mundo de todos os tempos, a seguir a Pelé.
Em 20 anos de carreira (de 1964 a 1984), Cruyff marcou de forma intensa e impressiva o panorama futebolístico mundial do seu tempo, tendo deixado atrás de si um forte rasto de magia, classe e génio que fizeram dele uma lenda da história do futebol do século XX.

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