quarta-feira, 24 de junho de 2009

FOREMAN, George (EUA, Boxe)

George Foreman, nascido a 10 de Janeiro de 1949, em Marshall, no Texas (EUA), foi um dos maiores pugilistas norte-americanos de todos os tempos e um dos melhores de sempre da história do boxe mundial.
Quando em 1968, nos Jogos Olímpicos realizados na Cidade do México, Foreman conquistou a medalha de ouro na categoria de peso pesado (+ 81 kg), este era, ainda, aos 19 anos, um pugilista inexperiente. Contudo, este triunfo iria constituir a sua última vitória como amador, já que, no final desse ano de 1968, após a obtenção de 22 vitórias em 26 combates, Foreman abraçou o profissionalismo.
Cinco anos mais tarde, em 1973, Foreman, então já um pugilista maduro, conquista o título mundial profissional de pesados, ao derrotar o compatriota Joe Frazier, precisamente o homem a quem sucedera como campeão olímpico, em 1968. A seguir, Foreman defendeu com sucesso o seu título, perante pugilistas como Cassius Clay e Ken Norton.
Até que, em 30 de Outubro de 1974, em Kinshasa, capital do ex-Zaire, realiza-se um dos mais célebres combates da história do pugilismo mundial, no qual George Foreman é derrotado por Cassius Clay, então já com o nome de Mohamed Ali.
Passados alguns anos, em 1978, Foreman abandona o boxe, tornando-se num pastor evangélico, empenhado em melhorar a vida de muitos jovens pobres dos Estados Unidos. Porém, como a sua confissão religiosa padecia de falta de fundos, Foreman viu-se obrigado a voltar aos combates em 1987, já com 38 anos, tendo em vista a angariação de dinheiro para obras de beneficência.
Apesar de ter sido desaconselhado, por médicos e amigos, a fazê-lo, Foreman foi, de facto, protagonista de um regresso espectacular ao boxe, ultrapassando as expectativas mais optimistas e tudo aquilo que se poderia prever à partida.
Na verdade, Foreman voltou a ser campeão mundial de peso pesado em 1994, 20 anos depois do seu último título, entretanto perdido para Cassius Clay, em 1974. Para tal, derrotou o também norte-americano Michael Moorer, ganhando fama e dinheiro como nunca tinha conseguido antes e passando, inclusivamente, a partilhar o estatuto de desportista mais simpático e popular dos Estados Unidos, juntamente com o basquetebolista "Magic" Johnson.
George Foreman defendeu o seu título até 22 de Novembro de 1997, data em que foi derrotado pelo compatriota Shannon Briggs. Só então, já com 48 anos, Foreman abandonou definitivamente o boxe, ficando na história da modalidade como protagonista de um dos mais espectaculares comebacks do desporto mundial.
Com efeito, após ter sido "Rei" da categoria de pesados no início dos anos 70, Foreman logrou recuperar esse estatuto em meados dos anos 90, quando era, então, um pacato pastor evangélico a caminho dos 45 anos!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

FONTAINE, Just (França, Futebol)

Just Fontaine, nascido a 18 de Agosto de 1933, em Marraquexe (Marrocos), foi um dos melhores jogadores franceses de todos os tempos e um dos grandes avançados europeus da década de 50.
Juntamente com Raymond Kopa, Michel Platini e Zinedine Zidane, Fontaine é um dos mais conceituados futebolistas franceses de sempre, sendo detentor, até hoje, do recorde de golos marcados numa só edição de um Campeonato do Mundo de Futebol.
Com efeito, Fontaine marcou 13 (!) golos no "Mundial" de 1958, realizado na Suécia, recorde este que já perdura há mais de 50 anos, não se perspectivando grandes hipóteses de vir a ser batido nos tempos mais próximos.
Foi no Norte de África, em Marrocos, que Fontaine deu os primeiros passos no futebol, ao serviço do AC Marraquexe e, depois, no USM Casablanca.
Na década de 50, Raymond Kopa era a grande figura do futebol francês, o que levou o Real Madrid a contratá-lo em 1956. Foi precisamente para colmatar a vaga deixada em aberto por Kopa que o Stade de Reims decidiu recrutar o avançado Just Fontaine ao Nice.
Ao serviço do Nice, Fontaine tinha vencido a Taça de França, em 1954 e tinha sido Campeão de França, em 1956.
Logo no seu ano de estreia no Stade de Reims, em 1958, Fontaine alcançou a "dobradinha" (campeonato e taça), à qual se juntou a conquista do troféu de melhor marcador do campeonato francês e da "Bota de Ouro", troféu destinado a premiar o melhor marcador dos campeonatos europeus (34 golos). Na verdade, 1958 foi o "ano de ouro" da carreira de Fontaine, vencendo praticamente todos os títulos, quer a nível colectivo, quer a nível individual.
Ainda em 1958, Fontaine foi um dos jogadores convocados da Selecção de França que iria estar presente no Campeonato do Mundo da Suécia. À partida, estava-lhe reservado o lugar de suplente do seu colega de equipa René Bliard, mas como este se lesionou antes do início da prova, Fontaine ganhou um lugar entre os onze eleitos, tendo sido titular nos 6 jogos que a França disputou.
No jogo da meia-final, frente à poderosa Selecção do Brasil, a França perdeu por 5-2, tendo Fontaine marcado um golo, o 9º da competição.
No jogo para atribuição dos 3º e 4º lugares, a França derrotou a RFA (República Federal Alemã) por 6-3, tendo Fontaine apontado 4 golos. A França alcançava, assim, um honroso 3º lugar e Fontaine chegava à fantástica marca dos 13 golos.
Dois anos depois, as expectativas eram as maiores, pois Kopa regressava ao Stade de Reims e o clube passava a contar com as duas grandes figuras do futebol francês.
Fontaine voltou a sagrar-se Campeão de França pelo Stade Reims por mais duas vezes, nas épocas de 1959/60 e 1961/62. Em 1960, voltou a ser o melhor marcador do campeonato francês, com 28 golos.
Porém, já no decorrer daquela última época, ainda em 1961, Fontaine, então com apenas 28 anos, sofre, pela 2ª vez, uma dupla fractura na mesma perna, terminando logo aí, de forma brusca, inesperada e cruel, uma carreira que estava a ser bastante promissora.
Por força deste abandono prematuro do futebol, Fontaine apenas realizou 21 jogos pela França, tendo, no entanto, marcado 27 golos, o que dá uma excelente média de 1,3 golos por jogo.
Durante a sua curta mas rica carreira, na qual foi 4 vezes Campeão de França, venceu duas Taças de França, foi duas vezes o melhor marcador do campeonato francês e "Bota de Ouro" europeu, Fontaine realizou um total de 213 jogos, tendo marcado 200 golos. Muitos mais golos poderia ter marcado, não fosse o tremendo azar que lhe bateu à porta e que o fez terminar mais cedo uma carreira que poderia ter sido ainda mais brilhante.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

FISCHER, Bobby (EUA, Xadrez)

Robert James Fischer, nascido a 9 de Março de 1943, em Chicago (EUA), foi o melhor xadrezista norte-americano de todos os tempos e pentacampeão mundial (1972, 1973, 1974, 1975 e 1992), sendo considerado, por muitos especialistas da modalidade, o melhor jogador de xadrez do século XX.
Filho de um físico alemão, que nunca chegou a conhecer, e de uma professora suíça, Bobby Fischer teve uma infância difícil, tendo o xadrez funcionado, para ele, como uma espécie de escape ou "refúgio" perfeito. Fischer aprendeu a jogar xadrez aos 6 anos, com a sua irmã, e em 1956, com 13 anos, foi campeão de juniores dos Estados Unidos. Em 1957, Fischer foi campeão absoluto dos Estados Unidos, título que voltaria a conquistar por mais 7 vezes, em 1958, 1959, 1960, 1962, 1963, 1965 e 1966.
Com efeito, Fischer foi aquilo a que se pode chamar um menino-prodígio do xadrez, como o demonstra o facto de, com apenas 16 anos, ter conseguido atingir o título de grande-mestre internacional de xadrez, o mais jovem jogador da história do xadrez a consegui-lo, tornando-se no único jogador do Ocidente a ganhar a vida como profissional do xadrez.
Depois de uma carreira fulgurante, durante a qual venceu os melhores jogadores da então União Soviética, Fischer sagrou-se Campeão do Mundo de Xadrez em 1972, num célebre match frente ao soviético Boris Spassky, jogado em Reiquejavique, na Islândia, que viria a ser denominada como a "partida do século". O norte-americano perdeu o 1º jogo, faltou ao 2º, mas depois embalou para um triunfo esmagador, por 12,5-8,5.
Até atingir a final do "Mundial" de Xadrez, Fischer teve um percurso notável, ganhando 19 partidas magistrais consecutivas, um registo nunca antes igualado. Essas 19 vitórias consecutivas foram obtidas nos seguintes jogos: as últimas seis do Torneio Interzonal de Palma de Maiorca, seis no match com o dinamarquês Bent Larsen (6-0), outras seis no match com o soviético Mark Taimanov (6-0) e a 1ª do match da final do Torneio de Candidatos, frente ao ex-Campeão do Mundo, Tigra Petrosian, no qual se impôs por 6,5-2,5.
As partidas do fenomenal Bobby Fischer eram caracterizadas por terem, quase sempre, algo de surpreendente e até de mágico. Fisher procurava tomar sempre a iniciativa das partidas, revelando uma excepcional habilidade ao jogo e capacidade de antecipação das jogadas, vendo sempre mais longe que os seus adversários.
Depois de se ter sagrado Campeão do Mundo em 1972, Fischer revalidaria o título em 1973, 1974 e 1975. Em 1975, Fischer recusou-se a defender o seu título diante do xadrezista soviético Anatoly Karpov, tendo este, sem jogar, tornado-se no 1º Campeão do Mundo de Xadrez, por falta de comparência do adversário em título.
A partir daí, Bobby Fischer perdeu o contacto com o xadrez, desligando-se, por completo, da modalidade. A sua vida mudou completamente, passando a ser um verdadeiro enigma, desconhecendo-se aquilo que fazia, apenas se sabendo que, a partir de certa altura, passou a integrar uma igreja evangelista, que abandonaria mais tarde.
Em 1992, quase a completar 50 anos, Fischer regressou ao xadrez, provavelmente por razões de ordem económica. Patrocinado por um milionário jugoslavo, Fischer voltou a efectuar um match com Boris Spassky, tendo vencido o seu adversário com facilidade. Este match decorreu em Steffi Stefan, no Montenegro (antiga República da ex-Jugoslávia) e, como na altura, a Jugoslávia estava sob embargo económico internacional, Fischer foi acusado, pelo Senado dos Estados Unidos, de actividade económica ilegal. Como consequência deste facto, foi, então, emitido um mandado de captura internacional ao genial jogador norte-americano, o qual se refugiou, sucessivamente, na Jugoslávia, na Hungria, nas Filipinas e no Japão, onde chegou a estar preso durante alguns meses, acusado de tentar usar um passaporte revogado pelos Estados Unidos. Até que, em 2005, conseguiu obter a nacionalidade islandesa, fixando-se definitivamente em Reiquejavique, onde ficaria exilado até ao fim dos seus dias, e onde viria a falecer em 2008, com 65 anos de idade.
Aquele que foi, até há pouco tempo, o único Campeão Mundial de xadrez não Russo, depois da 2ª Guerra Mundial, e que chegou a ser considerado um herói nacional para o povo americano, durante os anos da chamada Guerra Fria com a União Soviética, sobretudo, no período de tempo compreendido entre meados da década de 60 e meados da década de 70, acabaria, afinal, por morrer, longe da sua pátria, esquecido pelo seu povo e ignorado pela América.