Robert James Fischer, nascido a 9 de Março de 1943, em Chicago (EUA), foi o melhor xadrezista norte-americano de todos os tempos e pentacampeão mundial (1972, 1973, 1974, 1975 e 1992), sendo considerado, por muitos especialistas da modalidade, o melhor jogador de xadrez do século XX.
Filho de um físico alemão, que nunca chegou a conhecer, e de uma professora suíça, Bobby Fischer teve uma infância difícil, tendo o xadrez funcionado, para ele, como uma espécie de escape ou "refúgio" perfeito. Fischer aprendeu a jogar xadrez aos 6 anos, com a sua irmã, e em 1956, com 13 anos, foi campeão de juniores dos Estados Unidos. Em 1957, Fischer foi campeão absoluto dos Estados Unidos, título que voltaria a conquistar por mais 7 vezes, em 1958, 1959, 1960, 1962, 1963, 1965 e 1966.
Com efeito, Fischer foi aquilo a que se pode chamar um menino-prodígio do xadrez, como o demonstra o facto de, com apenas 16 anos, ter conseguido atingir o título de grande-mestre internacional de xadrez, o mais jovem jogador da história do xadrez a consegui-lo, tornando-se no único jogador do Ocidente a ganhar a vida como profissional do xadrez.
Depois de uma carreira fulgurante, durante a qual venceu os melhores jogadores da então União Soviética, Fischer sagrou-se Campeão do Mundo de Xadrez em 1972, num célebre match frente ao soviético Boris Spassky, jogado em Reiquejavique, na Islândia, que viria a ser denominada como a "partida do século". O norte-americano perdeu o 1º jogo, faltou ao 2º, mas depois embalou para um triunfo esmagador, por 12,5-8,5.
Até atingir a final do "Mundial" de Xadrez, Fischer teve um percurso notável, ganhando 19 partidas magistrais consecutivas, um registo nunca antes igualado. Essas 19 vitórias consecutivas foram obtidas nos seguintes jogos: as últimas seis do Torneio Interzonal de Palma de Maiorca, seis no match com o dinamarquês Bent Larsen (6-0), outras seis no match com o soviético Mark Taimanov (6-0) e a 1ª do match da final do Torneio de Candidatos, frente ao ex-Campeão do Mundo, Tigra Petrosian, no qual se impôs por 6,5-2,5.
As partidas do fenomenal Bobby Fischer eram caracterizadas por terem, quase sempre, algo de surpreendente e até de mágico. Fisher procurava tomar sempre a iniciativa das partidas, revelando uma excepcional habilidade ao jogo e capacidade de antecipação das jogadas, vendo sempre mais longe que os seus adversários.
Depois de se ter sagrado Campeão do Mundo em 1972, Fischer revalidaria o título em 1973, 1974 e 1975. Em 1975, Fischer recusou-se a defender o seu título diante do xadrezista soviético Anatoly Karpov, tendo este, sem jogar, tornado-se no 1º Campeão do Mundo de Xadrez, por falta de comparência do adversário em título.
A partir daí, Bobby Fischer perdeu o contacto com o xadrez, desligando-se, por completo, da modalidade. A sua vida mudou completamente, passando a ser um verdadeiro enigma, desconhecendo-se aquilo que fazia, apenas se sabendo que, a partir de certa altura, passou a integrar uma igreja evangelista, que abandonaria mais tarde.
Em 1992, quase a completar 50 anos, Fischer regressou ao xadrez, provavelmente por razões de ordem económica. Patrocinado por um milionário jugoslavo, Fischer voltou a efectuar um match com Boris Spassky, tendo vencido o seu adversário com facilidade. Este match decorreu em Steffi Stefan, no Montenegro (antiga República da ex-Jugoslávia) e, como na altura, a Jugoslávia estava sob embargo económico internacional, Fischer foi acusado, pelo Senado dos Estados Unidos, de actividade económica ilegal. Como consequência deste facto, foi, então, emitido um mandado de captura internacional ao genial jogador norte-americano, o qual se refugiou, sucessivamente, na Jugoslávia, na Hungria, nas Filipinas e no Japão, onde chegou a estar preso durante alguns meses, acusado de tentar usar um passaporte revogado pelos Estados Unidos. Até que, em 2005, conseguiu obter a nacionalidade islandesa, fixando-se definitivamente em Reiquejavique, onde ficaria exilado até ao fim dos seus dias, e onde viria a falecer em 2008, com 65 anos de idade.
Aquele que foi, até há pouco tempo, o único Campeão Mundial de xadrez não Russo, depois da 2ª Guerra Mundial, e que chegou a ser considerado um herói nacional para o povo americano, durante os anos da chamada Guerra Fria com a União Soviética, sobretudo, no período de tempo compreendido entre meados da década de 60 e meados da década de 70, acabaria, afinal, por morrer, longe da sua pátria, esquecido pelo seu povo e ignorado pela América.
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