Foi a partir de 1980, então com 12 anos de idade, que comecei também a interessar-me e a desenvolver o gosto pela leitura de jornais desportivos, sobretudo, do jornal "A Bola", o qual, desde logo, me cativou e fascinou, nascendo aí uma forte ligação afectiva que dura até hoje.
Vai fazer, portanto, 28 anos que sou um leitor fiel deste jornal, recordando com saudade o tempo em que aguardava ansiosamente pela saída de "A Bola", naquela altura, 3 vezes por semana (2ª feira, 5ª feira e sábado), para então "matar a sede de leitura" do jornal, com o seu inconfundível, característico e, porque não dizê-lo, bonito formato "gigante" das suas folhas, as quais se tinham que dobrar para se poderem ler melhor, havendo páginas em continuação, tendo, por isso, que se virá-las frequentemente, para a frente e para trás, durante a leitura.
Posso dizer que foi graças ao jornal "A Bola" que desenvolvi e aperfeiçoei a paixão pela leitura e o gosto pela escrita. Desde então, e até hoje, não mais larguei esta companhia inseparável de todas as ocasiões e momentos. Com efeito, "A Bola" tem sido um autêntico "vício" que me tem acompanhado ao longo da vida. Têm sido inesquecíveis as horas que tenho passado a ler e a "devorar" as crónicas, reportagens, comentários/análises e estudos, sobretudo, daqueles autênticos "gigantes" e "monstros sagrados" do jornalismo desportivo, que fizeram de "A Bola" uma escola de jornalismo verdadeiramente ímpar e inigualável.
Não posso deixar de referir os nomes de Vítor Santos (o carismático chefe de redacção e grande "timoneiro" do jornal), Carlos Pinhão, Carlos Miranda, Aurélio Márcio, Alfredo Farinha, Homero Serpa, Cruz dos Santos, Joaquim Rita, Rui Santos, Santos Neves, Vítor Serpa, etc., os quais me habituei a admirar pela sua competência e cultura jornalística, brio profissional e conhecimentos profundos sobre futebol e não só. Foram tempos de grande brilhantismo e fulgor da prosa jornalística, verdadeiros tratados na arte de bem escrever, enfim, um autêntico "clarão luminoso" na imprensa portuguesa, tendo por lema e porta estandarte, a crítica honesta, verdadeira, isenta e independente.
Na verdade, desde a sua fundação, por Cândido de Oliveira, Ribeiro dos Reis e Vicente de Melo, em Janeiro de 1945, "A Bola" constituiu-se numa referência de prestígio, de rigor e de qualidade na forma de fazer jornalismo e, nomeadamente, de escrever sobre desporto, em geral e sobre futebol, em particular. Desde logo, "A Bola" afirmou-se com grande destaque no panorama da imprensa desportiva, assumindo-se rapidamente como o maior jornal português, desportivo e não só, de longe, o mais prestigiado, conhecido e de maior expansão e vendas, dentro e fora de Portugal.
Não foi por acaso que, a partir de determinada altura, sobretudo, durante as décadas de 60, 70 e 80, "A Bola" passou a ser conhecida pela "Bíblia" do Desporto Português, uma autêntica instituição admirada e respeitada, quer em Portugal, quer no estrangeiro, nomeadamente, nos países (principalmente na França) onde viviam e trabalhavam os emigrantes portugueses, mas também nas antigas províncias ultramarinas de África (Angola, Moçambique, Guiné), onde os portugueses aguardavam ansiosamente pela chegada do jornal, para saberem notícias do desporto do continente e matarem saudades da metrópole.
Hoje em dia, possuo centenas de exemplares antigos deste jornal, os quais fui guardando e coleccionando ao longo do tempo, tendo, inclusivamente, adquirido, nos últimos anos, em leilões na internet e em alfarrabistas, exemplares relativos às décadas de 40, 50, 60, 70 e 80. Possuo igualmente suplementos/separatas, posters, números especiais/pequenas brochuras e colecções em fascículos que foram sendo editadas pelo jornal, já para não falar nos famosos "Cadernos de A Bola" e na revista "A Bola Magazine".
Provavelmente, não será exagero afirmar que sou o maior coleccionador particular de números antigos (em formato gigante) de "A Bola", os quais continuo a ler e a reler, ano após ano. Não admira, pois, que ao longo de todos estes anos, tenha podido ficar a conhecer, com algum pormenor e rigor, tudo aquilo que diz respeito à História do Desporto e do Futebol Português, nomeadamente, sobre: os grandes feitos, glórias, êxitos, conquistas, estórias, curiosidades e episódios do nosso desporto; a vida e a carreira desportiva dos grandes ídolos e atletas de todos os tempos. Neste particular, tem sido precioso, valioso e inestimável o contributo de "A Bola" para a aquisição destes conhecimentos e para o desenvolvimento e enriquecimento da minha cultura desportiva.
Sinto uma enorme saudade e nostalgia das brilhantes e inigualáveis compilações e estudos de Vítor Santos sobre a história e as estatísticas do futebol português (competições, clubes/selecções e jogadores), das brilhantes e rigorosas crónicas de Alfredo Farinha e de Aurélio Márcio a propósito dos grandes "clássicos" e "derbies" do futebol português, das evocações e incursões pelo passado do desporto português de Carlos Pinhão, recordando estórias e episódios de outros tempos, das brilhantes e completas reportagens de Carlos Miranda, nomeadamente, na volta à França em bicicleta, nos Jogos Olímpicos e nos Campeonatos do Mundo de Corta-Mato.
Recorrendo a uma expressão famosa do saudoso Carlos Pinhão, é caso para desabafar: "Ai que saudades, ai, ai...!".
A título de curiosidade, indicam-se, a seguir, as datas mais importantes de 63 anos de vida de "A Bola", sem dúvida, uma das marcas portuguesas mais conhecidas em todo o Mundo e o jornal de maior referência em toda a comunidade lusófona espalhada pelo Mundo:
- 29 de Janeiro de 1945: Fundação de "A Bola" (começou por sair à 2ª feira e 6ª feira, mas pouco depois passou a sair à 2ª feira e 5ª feira);
- 10 de Julho de 1950: Passagem de "A Bola" a trissemanário (2ª feira, 5ª feira e sábado);
- 5 de Março de 1989: Passagem de "A Bola" a quadrissemanário (2ª feira, 5ª feira, sábado e domingo);
- 25 de Julho de 1992: Paginação electrónica de "A Bola" (feita integralmente por computador);
- 26 de Setembro de 1992: Introdução da cor na 1ª e última páginas de "A Bola" (ver capa 2);
- 10 de Fevereiro de 1995: Passagem de "A Bola" a diário e a tablóide (fim do formato "gigante") (ver capas 3 e 4);
- 29 de Janeiro de 2000: Entrada de "A Bola" na Internet (edição electrónica através do site http://www.abola.pt/);
- 5 de Junho de 2000: Introdução de uma nova imagem (novo grafismo e cor) em todas as páginas de "A Bola".
último número a preto e vermelho
25 de Setembro de 1992
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