segunda-feira, 16 de junho de 2008

"Vítor Baptista o Maior"

TÍTULO: Vitor Baptista o Maior.

AUTOR: Frederico Duarte Carvalho.

EDITORA: Contemporânea Editora, Lda; Matosinhos, 20 de Março de 1999.

NÚMERO DE PÁGINAS: 63 páginas.
DIMENSÕES (em cm): 17,7 x 24,9.

GÉNERO: Biográfico.

Registo fiel e rigoroso de um percurso de vida atribulado, simultaneamente fascinante e dramático, rico e acidentado. Com efeito, este livro retrata e descreve a vida e a carreira desportiva de um homem e extraordinário jogador de futebol, cuja trajectória e percurso futebolísticos foi feito de altos e baixos, de glórias e tristezas, acabando por culminar de forma dramática, para não dizer trágica, na morte, aos 50 anos, de um dos maiores avançados portugueses de sempre e, em particular, do Benfica: Vítor Baptista de seu nome, que se auto-intitulava "O Maior".
O livro começa precisamente com uma introdução na qual se regista a vida e a carreira de Vítor Baptista, tendo o autor e jornalista (do semanário "Tal&Qual") consultado jornais desportivos da época. A seguir, é apresentada uma longa entrevista (5 horas de duração), feita pelo autor ao próprio Vítor Baptista, por sinal a última entrevista dada por este em vida, a qual se realizou na Páscoa de 1998, poucos meses antes da sua morte, que ocorreria a 1 de Janeiro de 1999. A terminar, é apresentada uma fotobiografia de Vítor Baptista, com fotos de arquivo de jornais desportivos ("Record" e "O Benfica"), do "24 Horas" e do semanário "Tal&Qual".
A vida atribulada e acidentada que Vítor Baptista levou e que o conduziu a uma morte prematura mas, acima de tudo, a um final de vida degradante e humilhante, fica a constituir um alerta e um sério aviso para muitos jovens jogadores que enveredam pelo futebol profissional, no sentido de não incorrerem nos mesmos erros e tentações daquele grande jogador dos anos 70.
De facto, Vítor Baptista chegou a atingir o estrelato e a fama como avançado de eleição e de grande categoria, quer ao serviço do Vitória de Setúbal (final da década de 60 e princípio da década de 70), quer, sobretudo, ao serviço do Benfica e da Selecção Nacional (década de 70). Contudo, os excessos por ele cometidos, nos quais se incluem as drogas, o álcool, as noitadas e as mulheres, levaram Vítor Baptista à perdição, primeiro como jogador e, mais tarde, como cidadão. Foi preso várias vezes por roubos, assaltos, posse de droga e venda ilegal. A Câmara Municipal de Setúbal tentou reabilitar por diversas vezes o homem e inseri-lo na sociedade com um mínimo de dignidade e condições, oferecendo-lhe emprego, primeiro como jardineiro e, depois, já nos últimios anos de vida, como coveiro no cemitério de Nossa Senhora da Piedade, em Setúbal.
Como curiosidade, indicamos a seguir, de uma forma breve e resumida, alguns dados biográficos, assim como o palmarés, apesar de tudo notável e rico, e o longo percurso futebolístico, de 20 (!) anos, de Vítor Baptista:
NOME: Vítor Manuel Ferreira Baptista.
NATURALIDADE: Setúbal.
DATA DE NASCIMENTO: 18 de Outubro de 1948. Faleceu a 1 de Janeiro de 1999.
CURRÍCULO/PALMARÉS:
- 5 vezes campeão nacional da 1ª Divisão ao serviço do Benfica: 1971/72, 1972/73, 1974/75, 1975/76 e 1976/77;
- 2 vezes vencedor da Taça de Portugal: 1966/67 ao serviço do Vitória Futebol Clube e 1971/72 ao serviço do Benfica;
- 11 vezes internacional pela Selecção Nacional A (2 golos marcados).
CARREIRA:
- 6 épocas no Vitória Futebol Clube (de 1966/67 a 1970/71 e em 1978/79);
- 7 épocas no Benfica (de 1971/72 a 1977/78);
- 1 época no Boavista F.C. (1979/80);
- 1 época no Amora F.C. (1980/81);
- 1 época no Clube Desportivo Montijo (1981/82);
- 1 época no União de Tomar (1982/83);
- 1 época no Monte Caparica A.C. (1983/84);
- 2 épocas no Estrelas do Faralhão (1984/85 e 1985/86: 2ª Divisão Distrital da Associação de Futebol de Setúbal).
A terminar, e em jeito de homenagem, não resisto a referir um episódio, certamente sobejamente conhecido da maior parte dos amantes e adeptos do futebol, pelo menos, daqueles que hoje em dia têm 40 ou mais anos de idade, episódio este que define e resume na perfeição o tipo de jogador que Vítor Baptista era: genial e louco, brilhante e extravagante. Para este efeito, transcrevo na íntegra, com a devida vénia e respeito, a descrição da exibição de Vítor Baptista e do próprio lance do qual foi protagonista, feita pelo grande jornalista Alfredo Farinha no jornal A Bola de 13 de Fevereiro de 1978, a propósito do "derby" Benfica - 1 / Sporting - 0, realizado na véspera, no Estádio da Luz:
"Ocupou, ontem, uma posição muito recuada. Mais, até, do que o habitual quando não joga à frente, pois, em especial durante a primeira parte, chegou a demorar-se atrás da linha dos médios. Nessa fase da sua actuação, foi um jogador pouco visto e pouco influente no trabalho da equipa. Após o intervalo, porém, Vítor Baptista adiantou-se um pouco mais no terreno, tornou-se mais expedito e desenvolto e desatou a tomar iniciativas sobre iniciativas. De cada vez que as tomava e executava, a defesa "leonina" estremecia, abria brechas, ameaçava desmoronar-se. Até que veio aquele passe magistral de Bastos Lopes. Vítor Baptista, no seu jeito bamboleante de correr, fugiu a quantos adversários o vigiavam, de perto ou de longe, entrou na área, aparou a bola no peito e, antes de a deixar volver ao terreno, aplicou-lhe um remate portentoso, à meia volta, que obrigou setenta mil pessoas, como que impelidas por mola eléctrica, a levantarem-se dos seus assentos. Bastaria esse lance, esse golo, para fazer (ou confirmar, neste caso) a fama de um futebolista."
Resta acrescentar que, na sequência desse golo monumental, Vítor Baptista perde o seu brinco de estimação, e nem sequer festeja o golo, preocupando-se apenas em procurar o brinco, que aliás não viria a encontrar. Mais palavras para quê?

Um comentário:

PAPP disse...

onde posso comprar este livro. daria tudo para obter um exemplar