sábado, 7 de junho de 2008

Jordão - "A gazela negra" (1952)

NOME: Rui Manuel Trindade Jordão.

NATURALIDADE: Benguela (Angola).

DATA DE NASCIMENTO: 9 de Agosto de 1952.

LUGAR: Avançado/Ponta de lança.

CLUBES REPRESENTADOS: Benfica, Saragoça (Espanha), Sporting e Vitória Futebol Clube (Setúbal).

CURRÍCULO/PALMARÉS:

- 6 vezes Campeão Nacional da 1ª Divisão: ao seviço do Benfica (1971/72, 1972/73, 1974/75 e 1975/76); ao serviço do Sporting (1979/80 e 1981/82).

- 3 vezes vencedor da Taça de Portugal: ao serviço do Benfica (1971/72); ao serviço do Sporting (1977/78 e 1981/82).

- 1 vez vencedor da Supertaça "Cândido de Oliveira": ao serviço do Sporting (1981/82).

- 2º lugar na Mini-Copa do Brasil, em 1972.

- 3º lugar no Campeonato da Europa (França), em 1984.


CARREIRA E CURIOSIDADES:


Jordão foi um dos maiores jogadores de sempre do futebol português, com qualidades únicas que fizeram dele um avançado de eleição: ágil, "felino", elegante, tecnicista, veloz, possuía além de tudo isso, um grande poder de drible e um forte sentido colectivo e de entreajuda, para além, claro está, de um remate forte com ambos os pés e de um excelente jogo de cabeça, características estas que lhe permitiram ser, de facto, um avançado completo que construía jogadas e finalizava-as com grande sentido de oportunidade e instinto goleador.

Ao longo de 17 épocas, a contar para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão, Jordão disputou um total de 357 jogos, tendo marcado 215 golos. Ao serviço do Benfica, jogou durante 5 épocas, entre 1971/72 e 1975/76, tendo efectuado 90 jogos no Campeonato e apontado 62 golos. Ao serviço do Sporting, esteve 9 épocas, entre 1977/78 e 1985/86, tendo realizado 207 jogos no Campeonato e marcado 141 golos. Jordão jogou ainda 3 temporadas (entre 1986/87 e 1988/89, a primeira das quais na 2ª Divisão) no Vitória Futebol Clube, tendo disputado 60 jogos e apontado 12 golos.

Jordão sagrou-se, por duas vezes, o melhor marcador do Campeonato Nacional, conquistando o prestigiado troféu "A Bola de Prata", em 1975/76 (ao serviço do Benfica) e em 1979/80 (ao serviço do Sporting), respectivamente com 30 e 31 golos marcados.

Com 215 golos marcados no Campeonato Nacional, Jordão é o 9º maior goleador português de todos os tempos, atrás de Peyroteo, Eusébio, Gomes, José Águas, Nené, Arsénio, Torres e Manuel Fernandes, sendo o 4º melhor marcador de sempre do Sporting, com 141 golos apontados, apenas atrás de Peyroteo, Manuel Fernandes e Vasques. Jordão formou com Manuel Fernandes uma das melhores e mais famosas duplas de avançados do futebol português e do Sporting.

Nos vários e inesquecíveis derbies e clássicos em que Jordão participou, ficam para a história do campeonato português, sobretudo, dois desses jogos, nos quais Jordão marcou 3 golos. No primeiro, na época de 1981/82, frente ao eterno rival, Jordão marcou os 3 golos da vitória (3-1) do Sporting sobre o Benfica, em Alvalade. No segundo, na época de 1982/83, Jordão assinou novamente um "hat-trick", desta vez, frente ao F.C. Porto, também em Alvalade, tendo o jogo terminado empatado (3-3).

A contar para as Competições Europeias de clubes, Jordão efectuou 53 jogos, tendo apontado 17 golos. Ao serviço da Selecção Nacional A, Jordão totalizou 43 internacionalizações, tendo marcado 15 golos. A sua estreia na Selecção ocorreu a 29 de Março de 1972, no Estádio da Luz, em Lisboa, frente a Chipre (vitória por 4-0). A despedida aconteceu a 25 de Janeiro de 1989, em Atenas, na Grécia, frente à Grécia (vitória por 2-1). Como curiosidade, refira-se que entre a primeira e última internacionalização de Jordão decorreram quase 17 anos, sendo a seguir a Damas, o jogador com maior longevidade ao serviço da Selecção Nacional.

Jordão foi considerado um dos melhores avançados do Campeonato da Europa disputado em França, em 1984, tendo apontado 2 golos na célebre meia-final contra a França, na qual Portugal perdeu inglóriamente por 2-3, após prolongamento, naquele que terá sido o melhor jogo da competição e um dos mais emotivos de sempre da história dos Europeus.

Já tinha sido também Jordão a marcar o golo decisivo (de "penalty") contra a URSS (vitória por 1-0), no Estádio da Luz, que daria, pela primeira vez, o histórico apuramento de Portugal para a fase final de um Campeonato da Europa.

Estranhamente e de forma algo injusta, o Seleccionador Nacional de então, José Torres, deixaria Jordão de fora da lista definitiva de convocados para o Campeonato do Mundo do México, em 1986, o mesmo sucedendo, aliás, com o seu companheiro de equipa do Sporting, Manuel Fernandes.

Apesar do brilhantismo que atingiu como jogador, Jordão também passou por momentos dolorosos e de grande sofrimento. Com efeito, em matéria de lesões, Jordão foi um "mártir", tendo-se lesionado gravemente em três ocasiões. Em 1974, sofreu uma fractura do menisco e rotura dos ligamentos cruzados. Em 1978, o ano mais negro da carreira de Jordão, sofre primeiro uma fractura da tíbia da perna direita e, mais tarde, uma fractura do perónio da perna esquerda e rotura dos ligamentos do tornozelo. Apesar da gravidade destas duas últimas lesões no mesmo ano, Jordão conseguiu, graças a uma enorme força de vontade e espírito de sofrimento, regressar em grande plano aos relvados e mostrar toda a sua categoria futebolística.

Na época de 1976/77, Jordão vive uma experiência infeliz no futebol espanhol, ao serviço do Saragoça, muito por culpa do mau ambiente criado por um seu colega de equipa, o avançado argentino Arrua, que sentindo o lugar de titular ameaçado, tudo fez para fragilizar Jordão, através de um comportamento intimidatório e hostil. Apesar de tudo, Jordão realizou uma temporada razoável, tendo efectuado 33 jogos no campeonato e apontado 14 golos. No final dessa época, marcado pela desagradável experiência vivida ao serviço do clube espanhol e nunca se tendo adaptado verdadeiramente ao país vizinho, Jordão decide regressar definitivamente a Portugal, ingressando no Sporting.

No final da época de 1985/86, Jordão sai do Sporting, sentindo-se algo desencantado e saturado do futebol, ao qual tinha dedicado 15 anos ao mais alto nível, durante os quais sofreu bastante com várias lesões e sentindo-se incompreendido e injustiçado com o afastamento do Mundial de 1986.

No entanto, o Vitória Futebol Clube consegue ainda convencer Jordão a jogar mais uns anos, tendo este ingressado no clube sadino na época de 1986/87, ajudando-o a subir novamente à 1ª Divisão. Jordão jogaria ainda mais duas temporadas no Vitória de Setúbal ao serviço do qual rubricou excelentes exibições, provando, a quem duvidava das suas capacidades, que não estava ainda acabado para o futebol quando deixou o Sporting. No final da época de 1988/89, Jordão, então com 36 anos, decide colocar um ponto final numa longa e brilhante carreira de 18 anos, ficando na história do futebol português e, em particular do Sporting, como um dos maiores goleadores e avançados de todos os tempos.

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