terça-feira, 24 de junho de 2008

"A Paixão do Povo" - História do Futebol em Portugal

TÍTULO: A Paixão do Povo - História do Futebol em Portugal.

AUTORES: João Nuno Coelho e Francisco Pinheiro.

EDITORA: Edições Afrontamento; Porto, Novembro de 2002.

NÚMERO DE PÁGINAS: 712 páginas.

DIMENSÕES (em cm): 23,8 x 34.

GÉNERO: Histórico.

Obra única no género em Portugal, resultante de uma investigação exaustiva e sistemática que conseguiu reunir, num só volume, toda a história do futebol em Portugal, entre 1888 e o início do século XXI (até 2002). Com efeito, esta obra retrata, de forma detalhada e rigorosa, a História do Futebol em Portugal, dando a conhecer, com grande pormenor, a evolução do futebol, desde a sua origem e introdução no nosso país até à actualidade, num longo trajecto de mais de 100 anos que atravessou todo o século XX, "o século do futebol".
Com cerca de 700 páginas e profusamente ilustrada (mais de 1500 imagens), é uma obra de grande dimensão, ambição e "fôlego", assumindo as características de uma autêntica enciclopédia do futebol português, descrevendo e ilustrando, com extrema minúcia, a história desta modalidade no nosso país, através de um notável e aturado trabalho de pesquisa levado a cabo por um sociólogo (estudioso do futebol enquanto fenómeno social) e por um jornalista (especialista em história da imprensa desportiva), os quais têm em comum a paixão pelo futebol, sem dúvida, a mais popular das modalidades desportivas praticadas em Portugal e aquela que reúne à sua volta mais adeptos e entusiastas.
Ao longo de mais de 700 páginas, esta obra, de leitura simples e linguagem simultaneamente cuidada e atractiva, analisa, década por década, e ano a ano, as principais incidências e acontecimentos, factos e protagonistas, que marcaram a história desta modalidade no nosso país, englobando biografias de jogadores, histórias de clubes e de instituições, análises temáticas que abrangem, entre outros aspectos, a Selecção Nacional, as principais provas e competições, a imprensa desportiva, a arbitragem e a evolução das tácticas.
Resta acrescentar que os autores consultaram uma vasta e rica bibliografia, dividida em obras genéricas, obras específicas e inúmeras publicações periódicas da especialidade, nas quais foram escritas, pela pena de grandes jornalistas, milhares de páginas que ajudaram a fazer a história do futebol português.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

"Vítor Baptista o Maior"

TÍTULO: Vitor Baptista o Maior.

AUTOR: Frederico Duarte Carvalho.

EDITORA: Contemporânea Editora, Lda; Matosinhos, 20 de Março de 1999.

NÚMERO DE PÁGINAS: 63 páginas.
DIMENSÕES (em cm): 17,7 x 24,9.

GÉNERO: Biográfico.

Registo fiel e rigoroso de um percurso de vida atribulado, simultaneamente fascinante e dramático, rico e acidentado. Com efeito, este livro retrata e descreve a vida e a carreira desportiva de um homem e extraordinário jogador de futebol, cuja trajectória e percurso futebolísticos foi feito de altos e baixos, de glórias e tristezas, acabando por culminar de forma dramática, para não dizer trágica, na morte, aos 50 anos, de um dos maiores avançados portugueses de sempre e, em particular, do Benfica: Vítor Baptista de seu nome, que se auto-intitulava "O Maior".
O livro começa precisamente com uma introdução na qual se regista a vida e a carreira de Vítor Baptista, tendo o autor e jornalista (do semanário "Tal&Qual") consultado jornais desportivos da época. A seguir, é apresentada uma longa entrevista (5 horas de duração), feita pelo autor ao próprio Vítor Baptista, por sinal a última entrevista dada por este em vida, a qual se realizou na Páscoa de 1998, poucos meses antes da sua morte, que ocorreria a 1 de Janeiro de 1999. A terminar, é apresentada uma fotobiografia de Vítor Baptista, com fotos de arquivo de jornais desportivos ("Record" e "O Benfica"), do "24 Horas" e do semanário "Tal&Qual".
A vida atribulada e acidentada que Vítor Baptista levou e que o conduziu a uma morte prematura mas, acima de tudo, a um final de vida degradante e humilhante, fica a constituir um alerta e um sério aviso para muitos jovens jogadores que enveredam pelo futebol profissional, no sentido de não incorrerem nos mesmos erros e tentações daquele grande jogador dos anos 70.
De facto, Vítor Baptista chegou a atingir o estrelato e a fama como avançado de eleição e de grande categoria, quer ao serviço do Vitória de Setúbal (final da década de 60 e princípio da década de 70), quer, sobretudo, ao serviço do Benfica e da Selecção Nacional (década de 70). Contudo, os excessos por ele cometidos, nos quais se incluem as drogas, o álcool, as noitadas e as mulheres, levaram Vítor Baptista à perdição, primeiro como jogador e, mais tarde, como cidadão. Foi preso várias vezes por roubos, assaltos, posse de droga e venda ilegal. A Câmara Municipal de Setúbal tentou reabilitar por diversas vezes o homem e inseri-lo na sociedade com um mínimo de dignidade e condições, oferecendo-lhe emprego, primeiro como jardineiro e, depois, já nos últimios anos de vida, como coveiro no cemitério de Nossa Senhora da Piedade, em Setúbal.
Como curiosidade, indicamos a seguir, de uma forma breve e resumida, alguns dados biográficos, assim como o palmarés, apesar de tudo notável e rico, e o longo percurso futebolístico, de 20 (!) anos, de Vítor Baptista:
NOME: Vítor Manuel Ferreira Baptista.
NATURALIDADE: Setúbal.
DATA DE NASCIMENTO: 18 de Outubro de 1948. Faleceu a 1 de Janeiro de 1999.
CURRÍCULO/PALMARÉS:
- 5 vezes campeão nacional da 1ª Divisão ao serviço do Benfica: 1971/72, 1972/73, 1974/75, 1975/76 e 1976/77;
- 2 vezes vencedor da Taça de Portugal: 1966/67 ao serviço do Vitória Futebol Clube e 1971/72 ao serviço do Benfica;
- 11 vezes internacional pela Selecção Nacional A (2 golos marcados).
CARREIRA:
- 6 épocas no Vitória Futebol Clube (de 1966/67 a 1970/71 e em 1978/79);
- 7 épocas no Benfica (de 1971/72 a 1977/78);
- 1 época no Boavista F.C. (1979/80);
- 1 época no Amora F.C. (1980/81);
- 1 época no Clube Desportivo Montijo (1981/82);
- 1 época no União de Tomar (1982/83);
- 1 época no Monte Caparica A.C. (1983/84);
- 2 épocas no Estrelas do Faralhão (1984/85 e 1985/86: 2ª Divisão Distrital da Associação de Futebol de Setúbal).
A terminar, e em jeito de homenagem, não resisto a referir um episódio, certamente sobejamente conhecido da maior parte dos amantes e adeptos do futebol, pelo menos, daqueles que hoje em dia têm 40 ou mais anos de idade, episódio este que define e resume na perfeição o tipo de jogador que Vítor Baptista era: genial e louco, brilhante e extravagante. Para este efeito, transcrevo na íntegra, com a devida vénia e respeito, a descrição da exibição de Vítor Baptista e do próprio lance do qual foi protagonista, feita pelo grande jornalista Alfredo Farinha no jornal A Bola de 13 de Fevereiro de 1978, a propósito do "derby" Benfica - 1 / Sporting - 0, realizado na véspera, no Estádio da Luz:
"Ocupou, ontem, uma posição muito recuada. Mais, até, do que o habitual quando não joga à frente, pois, em especial durante a primeira parte, chegou a demorar-se atrás da linha dos médios. Nessa fase da sua actuação, foi um jogador pouco visto e pouco influente no trabalho da equipa. Após o intervalo, porém, Vítor Baptista adiantou-se um pouco mais no terreno, tornou-se mais expedito e desenvolto e desatou a tomar iniciativas sobre iniciativas. De cada vez que as tomava e executava, a defesa "leonina" estremecia, abria brechas, ameaçava desmoronar-se. Até que veio aquele passe magistral de Bastos Lopes. Vítor Baptista, no seu jeito bamboleante de correr, fugiu a quantos adversários o vigiavam, de perto ou de longe, entrou na área, aparou a bola no peito e, antes de a deixar volver ao terreno, aplicou-lhe um remate portentoso, à meia volta, que obrigou setenta mil pessoas, como que impelidas por mola eléctrica, a levantarem-se dos seus assentos. Bastaria esse lance, esse golo, para fazer (ou confirmar, neste caso) a fama de um futebolista."
Resta acrescentar que, na sequência desse golo monumental, Vítor Baptista perde o seu brinco de estimação, e nem sequer festeja o golo, preocupando-se apenas em procurar o brinco, que aliás não viria a encontrar. Mais palavras para quê?

quinta-feira, 12 de junho de 2008

"O que é o Olimpismo?"

TÍTULO: O que é o Olimpismo?

AUTORES: A. Melo de Carvalho e José Manuel Constantino.

EDITORA: Livros Horizonte, Lisboa, Setembro de 1986; colecção Básica do Desporto (nº1).

NÚMERO DE PÁGINAS: 118 páginas.

DIMENSÕES (cm): 12,1 x 18,4.

GÉNERO: Divulgação inicial.

Pequeno manual de iniciação que pretende divulgar os aspectos essenciais dos Jogos Olímpicos (género de ABC do Olímpismo), através de uma linguagem clara, simples e acessível, não demasiado tecnicista ou complexa. Pretende igualmente fornecer a informação indispensável para a compreensão generalizada do fenómeno olímpico, fazendo simultaneamente uma breve abordagem histórica e uma síntese sobre a evolução e transformações ocorridas ao nível da organização das várias edições dos jogos.
Este manual começa por descrever o nascimento dos Jogos Olímpicos, na Grécia Antiga, no século VIII a.c, os quais passaram a ser denominados Jogos Olímpicos da Antiguidade. A seguir, debruça-se sobre a origem e história dos Jogos Olímpicos da Era Moderna (de 1896 a 1984), focando, entre outros aspectos: a figura do fundador dos jogos, o barão Pierre de Coubertin; o ideal e o movimento olímpicos; as principais figuras e os grandes atletas dos Jogos Olímpicos; as modalidades desportivas do programa olímpico; a presença portuguesa nos Jogos Olímpicos.
A terminar, o manual inclui ainda um pequeno "dicionário olímpico", um género de glossário, com uma breve descrição do significado dos principais termos e palavras relacionadas com a temática dos Jogos Olímpicos, indiscutivelmente, o principal evento e acontecimento desportivo mundial que ocorre, de quatro em quatro anos, numa cidade dos cinco continentes.

sábado, 7 de junho de 2008

Jordão - "A gazela negra" (1952)

NOME: Rui Manuel Trindade Jordão.

NATURALIDADE: Benguela (Angola).

DATA DE NASCIMENTO: 9 de Agosto de 1952.

LUGAR: Avançado/Ponta de lança.

CLUBES REPRESENTADOS: Benfica, Saragoça (Espanha), Sporting e Vitória Futebol Clube (Setúbal).

CURRÍCULO/PALMARÉS:

- 6 vezes Campeão Nacional da 1ª Divisão: ao seviço do Benfica (1971/72, 1972/73, 1974/75 e 1975/76); ao serviço do Sporting (1979/80 e 1981/82).

- 3 vezes vencedor da Taça de Portugal: ao serviço do Benfica (1971/72); ao serviço do Sporting (1977/78 e 1981/82).

- 1 vez vencedor da Supertaça "Cândido de Oliveira": ao serviço do Sporting (1981/82).

- 2º lugar na Mini-Copa do Brasil, em 1972.

- 3º lugar no Campeonato da Europa (França), em 1984.


CARREIRA E CURIOSIDADES:


Jordão foi um dos maiores jogadores de sempre do futebol português, com qualidades únicas que fizeram dele um avançado de eleição: ágil, "felino", elegante, tecnicista, veloz, possuía além de tudo isso, um grande poder de drible e um forte sentido colectivo e de entreajuda, para além, claro está, de um remate forte com ambos os pés e de um excelente jogo de cabeça, características estas que lhe permitiram ser, de facto, um avançado completo que construía jogadas e finalizava-as com grande sentido de oportunidade e instinto goleador.

Ao longo de 17 épocas, a contar para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão, Jordão disputou um total de 357 jogos, tendo marcado 215 golos. Ao serviço do Benfica, jogou durante 5 épocas, entre 1971/72 e 1975/76, tendo efectuado 90 jogos no Campeonato e apontado 62 golos. Ao serviço do Sporting, esteve 9 épocas, entre 1977/78 e 1985/86, tendo realizado 207 jogos no Campeonato e marcado 141 golos. Jordão jogou ainda 3 temporadas (entre 1986/87 e 1988/89, a primeira das quais na 2ª Divisão) no Vitória Futebol Clube, tendo disputado 60 jogos e apontado 12 golos.

Jordão sagrou-se, por duas vezes, o melhor marcador do Campeonato Nacional, conquistando o prestigiado troféu "A Bola de Prata", em 1975/76 (ao serviço do Benfica) e em 1979/80 (ao serviço do Sporting), respectivamente com 30 e 31 golos marcados.

Com 215 golos marcados no Campeonato Nacional, Jordão é o 9º maior goleador português de todos os tempos, atrás de Peyroteo, Eusébio, Gomes, José Águas, Nené, Arsénio, Torres e Manuel Fernandes, sendo o 4º melhor marcador de sempre do Sporting, com 141 golos apontados, apenas atrás de Peyroteo, Manuel Fernandes e Vasques. Jordão formou com Manuel Fernandes uma das melhores e mais famosas duplas de avançados do futebol português e do Sporting.

Nos vários e inesquecíveis derbies e clássicos em que Jordão participou, ficam para a história do campeonato português, sobretudo, dois desses jogos, nos quais Jordão marcou 3 golos. No primeiro, na época de 1981/82, frente ao eterno rival, Jordão marcou os 3 golos da vitória (3-1) do Sporting sobre o Benfica, em Alvalade. No segundo, na época de 1982/83, Jordão assinou novamente um "hat-trick", desta vez, frente ao F.C. Porto, também em Alvalade, tendo o jogo terminado empatado (3-3).

A contar para as Competições Europeias de clubes, Jordão efectuou 53 jogos, tendo apontado 17 golos. Ao serviço da Selecção Nacional A, Jordão totalizou 43 internacionalizações, tendo marcado 15 golos. A sua estreia na Selecção ocorreu a 29 de Março de 1972, no Estádio da Luz, em Lisboa, frente a Chipre (vitória por 4-0). A despedida aconteceu a 25 de Janeiro de 1989, em Atenas, na Grécia, frente à Grécia (vitória por 2-1). Como curiosidade, refira-se que entre a primeira e última internacionalização de Jordão decorreram quase 17 anos, sendo a seguir a Damas, o jogador com maior longevidade ao serviço da Selecção Nacional.

Jordão foi considerado um dos melhores avançados do Campeonato da Europa disputado em França, em 1984, tendo apontado 2 golos na célebre meia-final contra a França, na qual Portugal perdeu inglóriamente por 2-3, após prolongamento, naquele que terá sido o melhor jogo da competição e um dos mais emotivos de sempre da história dos Europeus.

Já tinha sido também Jordão a marcar o golo decisivo (de "penalty") contra a URSS (vitória por 1-0), no Estádio da Luz, que daria, pela primeira vez, o histórico apuramento de Portugal para a fase final de um Campeonato da Europa.

Estranhamente e de forma algo injusta, o Seleccionador Nacional de então, José Torres, deixaria Jordão de fora da lista definitiva de convocados para o Campeonato do Mundo do México, em 1986, o mesmo sucedendo, aliás, com o seu companheiro de equipa do Sporting, Manuel Fernandes.

Apesar do brilhantismo que atingiu como jogador, Jordão também passou por momentos dolorosos e de grande sofrimento. Com efeito, em matéria de lesões, Jordão foi um "mártir", tendo-se lesionado gravemente em três ocasiões. Em 1974, sofreu uma fractura do menisco e rotura dos ligamentos cruzados. Em 1978, o ano mais negro da carreira de Jordão, sofre primeiro uma fractura da tíbia da perna direita e, mais tarde, uma fractura do perónio da perna esquerda e rotura dos ligamentos do tornozelo. Apesar da gravidade destas duas últimas lesões no mesmo ano, Jordão conseguiu, graças a uma enorme força de vontade e espírito de sofrimento, regressar em grande plano aos relvados e mostrar toda a sua categoria futebolística.

Na época de 1976/77, Jordão vive uma experiência infeliz no futebol espanhol, ao serviço do Saragoça, muito por culpa do mau ambiente criado por um seu colega de equipa, o avançado argentino Arrua, que sentindo o lugar de titular ameaçado, tudo fez para fragilizar Jordão, através de um comportamento intimidatório e hostil. Apesar de tudo, Jordão realizou uma temporada razoável, tendo efectuado 33 jogos no campeonato e apontado 14 golos. No final dessa época, marcado pela desagradável experiência vivida ao serviço do clube espanhol e nunca se tendo adaptado verdadeiramente ao país vizinho, Jordão decide regressar definitivamente a Portugal, ingressando no Sporting.

No final da época de 1985/86, Jordão sai do Sporting, sentindo-se algo desencantado e saturado do futebol, ao qual tinha dedicado 15 anos ao mais alto nível, durante os quais sofreu bastante com várias lesões e sentindo-se incompreendido e injustiçado com o afastamento do Mundial de 1986.

No entanto, o Vitória Futebol Clube consegue ainda convencer Jordão a jogar mais uns anos, tendo este ingressado no clube sadino na época de 1986/87, ajudando-o a subir novamente à 1ª Divisão. Jordão jogaria ainda mais duas temporadas no Vitória de Setúbal ao serviço do qual rubricou excelentes exibições, provando, a quem duvidava das suas capacidades, que não estava ainda acabado para o futebol quando deixou o Sporting. No final da época de 1988/89, Jordão, então com 36 anos, decide colocar um ponto final numa longa e brilhante carreira de 18 anos, ficando na história do futebol português e, em particular do Sporting, como um dos maiores goleadores e avançados de todos os tempos.